
�rvores da conhecida cidade jardim, que conta com cerca de 350 mil exemplares, podem estar sob a amea�a da mesma praga que levou � mutila��o dos 43 f�cus – a maioria delas centen�rias e com 15 metros de envergadura – da Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. Representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil v�o se reunir hoje por causa da suspeita de que outros exemplares tenham sido infestados pela mosca-branca-dos-f�cus (Singhiella sp.). Enquanto isso, defensores dos “gigantes verdes” da tradicional via se mobilizam nas redes sociais e marcam encontro hoje na tentativa de evitar que o problema seja resolvido na base do serrote, como ocorreu na Avenida Afonso Pena, em 1963.
Antigo corredor verde de copas frondosas, a paisagem da avenida est� completamente transformada. Na quinta-feira passada, a Regional Centro-Sul concluiu a poda radical dos f�cus (Ficus microcarpa L.), tomados pela mosca-branca-dos-f�cus e pelo um fungo Lasiodiplodia theobromae, que se dissemina normalmente nas fezes do inseto. A desconfian�a de que outras plantas possam estar infectadas pelo mesmo mal foi levantada pelo fato de o inseto se disseminar facilmente. E, apesar de levar f�cus no nome, ela pode atingir v�rias esp�cies. “� um inseto bem generalista e de dif�cil controle”, alerta o doutorando em entomologia da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) Renan Batista Queiroz.
O especialista explica que a praga pode ser levada pelo vento e migrar de outras plantas. “A mosca pode voar, a ninfa (larva) ser levada pelo ar ou ent�o a propaga��o pode ocorrer pelo pr�prio material vegetal”, afirma Queiroz. Outro complicador � a rapidez da reprodu��o do inseto. “O ciclo de vida dura 21 dias e cada f�mea pode p�r de 150 a 200 ovos, ou seja, o poder de aumentar a popula��o � muito grande”, ressalta o especialista. Por ser um inseto sugador, a a��o da mosca seca o tronco da �rvore e faz com que as folhas caiam. Tamb�m pode injetar v�rus e outras toxinas na planta, acelerando o processo de morte do esp�cime. Em 2011, houve o registro de centenas de f�cus mortos em S�o Paulo por causa da mesma praga.
H� 20 anos ocorre na Bernardo Monteiro a Feira de Plantas e Flores Naturais, com a venda de esp�cies ornamentais, flores, arbustos, e uma das suposi��es � de que a praga tenha vindo de algum exemplar da mostra. “� muito comum a propaga��o dessa forma”, afirma Queiroz. A SMMA estuda alternativas de tratamento com o Minist�rio da Agricultura, mas n�o descarta a necessidade de corte. Esta semana, o fabricante de um inseticida vem a BH. De acordo com o laudo t�cnico da prefeitura, uma das dificuldades � a aplica��o de qu�micos em �rea urbana e hospitalar. Outro obst�culo apontado � de encontrar fungicida eficiente para matar o Lasiodiplodia theobromae. Mas para Queiroz, entretanto, a poda radical pode ajudar.
Mobiliza��o
Diante da indefini��o, moradores da capital se articulam para preservar os exemplares e marcam encontro, hoje, �s, 18h, na Bernardo Monteiro. At� o fim do dia, havia mais de 1 mil pessoas confirmadas no evento na rede social Facebook. � inevit�vel a lembran�a com a derrubada de 350 f�cus na Avenida Afonso Pena, h� 50 anos, por causa da prolifera��o dos insetos tripes, conhecidos como “amintinhas”, numa refer�ncia ao ex-prefeito de BH Amintas de Barros (1959–1963). “Convocamos bi�logos e agr�nomos. N�o queremos que nenhuma �rvore caia sobre n�s, mas n�o podemos deixar repetir a hist�ria da Afonso Pena”, afirma um dos organizadores, o m�dico Fernando Siqueira, de 34 anos. A PBH prev� concluir em dezembro invent�rio com a situa��o das cerca de 350 mil �rvores da cidade.
Liminar veta licita��o
A Justi�a concedeu liminar que suspende a licita��o das tradicionais feiras da Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. O desembargador Oliveira Firmo, do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais, contesta requisitos do edital. A decis�o atende pedido dos feirantes, que foram pegos de surpresa com a abertura do processo pela prefeitura em 27 de dezembro. No dia 15, terminou o prazo para interessados se candidatarem a uma vaga nas feiras de Flores e Plantas Naturais, �s sextas-feiras, Antiguidades e Tom Jobim (alimentos), aos s�bados.
De acordo com o desembargador, o edital vai na contram�o do princ�pio da ampla concorr�ncia, ao restringir o local de moradia do candidato � regi�o metropolitana da capital. Contesta tamb�m que o documento ignore a reserva de vagas a pessoas portadoras de necessidades especiais. O edital fica suspenso at� a vota��o do m�rito da a��o. Procurada, a prefeitura n�o informou se vai recorrer da decis�o e tentar derrubar a liminar.
A a��o foi articulada por integrantes da Feira das Flores, h� 20 anos na Bernardo Monteiro e com quase quatro d�cadas de hist�ria. Os feirantes s�o contr�rios principalmente � sele��o pelo crit�rio do maior pre�o. “N�o h� qualquer prefer�ncia para quem j� � expositor trabalha com o ramo e domina a t�cnica. Quem tem dinheiro � que ter� o direito de participar”, afirma a representante jur�dica de 32 dos 48 feirantes, Adriana Guimar�es. O lance inicial previsto � de R$ 157,08 por metro quadrado.
Na feira desde o in�cio, V�nia Amaral Lopes, de 55, teria que pagar R$ 1.884 por ano pelos 12 metros quadrados que ocupa na feira, o dobro dos cerca de R$ 900 desembolsados hoje pela licen�a. “Sentimo-nos sem ch�o com esse edital. Nem me candidatei a uma vaga porque n�o tenho condi��es de dar esse lance. N�o consigo tirar esse valor para pagar somente a licen�a”, afirma.