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Estado de Minas

Conhe�a um para�so chamado Biribiri, a Shangri-l� das Minas Gerais

Em meio a paisagens pl�sticas, com rios de leitos de pedras, que formam belas cachoeiras e atravessando campos, fica a vila considerada a Shangri-l� do Jequitinhonha


postado em 02/03/2013 06:00 / atualizado em 02/03/2013 06:41

Hoje, três adultos, uma criança e o vira-lata Mequetrefe moram no pacato lugarejo, a 300 quilômetros de Belo Horizonte e a 14 do Centro Histórico de Diamantina(foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D.A Press)
Hoje, tr�s adultos, uma crian�a e o vira-lata Mequetrefe moram no pacato lugarejo, a 300 quil�metros de Belo Horizonte e a 14 do Centro Hist�rico de Diamantina (foto: Paulo Henrique Lobato/EM/D.A Press)


Diamantina – H� quem chegue � buc�lica Vila de Biribiri e a compare a Shangri-l� – o id�lico lugar criado em algum ponto do Himalaia pelo ingl�s James Hilton (1900–1954) em sua obra mais famosa, Horizonte perdido. Constru�do em 1877 para abrigar uma f�brica de fia��o e tecidos do Biribiri e, ao mesmo tempo, empregar mulheres pobres do Vale do Jequitinhonha, o povoado chegou a ter 1,2 mil habitantes, na d�cada de 1950. Hoje, tr�s adultos, uma crian�a e um vira-lata, o Mequetrefe, moram no pacato lugarejo, a 300 quil�metros de Belo Horizonte e a 14 do Centro Hist�rico de Diamantina.

O nome da vila, em tupi-guarani, significa buraco fundo, numa alus�o � sua localiza��o, entre o sop� de uma montanha e o leito de um curso d’�gua. Biribiri foi idealizada pelo ent�o bispo de Diamantina, Jo�o Ant�nio Fel�cio dos Santos, e seus familiares. O projeto foi viabilizado pelo terreno acidentado, que permitiu aos empreendedores usarem a energia produzida por uma pequena usina cujas turbinas eram acionadas pela for�a das quedas-d’�gua da regi�o. Nos bons tempos da produ��o fabril, Biribiri chegou a ter escola para os filhos dos empregados, pensionatos, armaz�m e consult�rio odontol�gico.

Veja mais imagens de Biribiri

 

Havia at� apresenta��es de coral e grupo teatral. Ali�s, a pr�pria Biribiri foi levada para a tev� e o cinema como cen�rio dos filmes Dan�a dos bonecos, de Helv�cio Raton; Xica da Silva, de Cac� Diegues; e A hora e a vez de Augusto Matraga, de Vin�cius Coimbra. Na telinha, despertou a aten��o dos roteiristas da novela Irm�os coragem e do seriado Rosa dos rumos. A vila chegou a ser colocada � venda na d�cada de 1970. A fam�lia Mascarenhas, propriet�ria do lugarejo, pediu lance m�nimo de US$ 2 milh�es. A not�cia ganhou destaque na imprensa nacional (revista Manchete) e internacional, mas n�o houve interessados em desembolsar a fortuna. "N�o est� mais � venda", assegura Kika Mascarenhas, de 45 anos, uma das herdeiras do local.

A literatura tamb�m se rendeu aos encantos da vila. Em maio de 1893, a adolescente Alice Caldeira Brant escreveu em seu di�rio que “n�o teria pressa de ir para o c�u se morasse em Biribiri”. Quase 50 anos depois, as lembran�as da jovem foram publicadas no best-seller Minha vida de menina, que Alice publicou sob o pseud�nimo de Helena Morley. A import�ncia de Biribiri foi reconhecida pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) ao tombar, em 1998, o conjunto arquitet�nico.

A prote��o, claro, inclui a �nica igreja de l�, a do Sagrado Cora��o de Jesus. O templo, cercado por palmeiras-imperiais, foi erguido na entrada do lugarejo, tamb�m em 1876, com recursos conseguidos pelos pr�prios moradores. Nas horas vagas, eles garimpavam pedras preciosas na regi�o. Desde o fim do ano passado, a Sagrado Cora��o de Jesus passa por reforma. A igreja, quando restaurada, voltar� a ser aberta � visita��o. A fama de Biribiri foi tamanha que a fam�lia real doou um rel�gio para ser fixado abaixo da pequena torre da igreja. Quase em frente � entrada principal dela, h� o �nico t�mulo do povoado, o do senador Joaquim Fel�cio dos Santos (1822–1895). O pol�tico foi um dos autores do C�digo Civil que vigorou at� 2003.

Conserva��o

Mequetrefe, o cachorro, costuma descansar no gramado em frente � igreja, cujas cores acompanham as das demais edifica��es – todas com paredes externas brancas e portas e janelas azuis. Ao contr�rio do templo, os im�veis que serviram como moradias dos funcion�rios est�o em bom estado de conserva��o. As casas, de diferentes tamanhos, est�o � disposi��o de quem deseja alug�-las para uma temporada. A di�ria � de R$ 30 por pessoa. Muitos turistas, por�m, preferem passar o dia na vila, como fez Ranah Mannezenco, moradora de Vi�osa, e seus amigos. “Aqui � mesmo como Shangri-l�. S� descobrimos tudo chegando, como mineiro, de mansinho, observando”, disse ela.

Ranah e seus amigos almo�aram no �nico restaurante de Biribiri, batizado de Raimundo sem Bra�o. O propriet�rio, seu Raimundo, precisou amputar o bra�o direito, depois de uma infec��o causada por um tratamento malfeito. “Trabalhar em Biribiri � um privil�gio. Veja a natureza, ou�a o canto dos p�ssaros…”, diz o comerciante enquanto serve a um turista uma dose das cerca de 200 garrafas de aguardente que vende no seu estabelecimento. Raimundo mora em Diamantina. J� Adilson Costa, de 35 anos, � um dos quatro residentes na vila. “Descobri que aqui � o meu lugar”, diz o rapaz, enquanto faz a limpeza de um dos galp�es onde funcionou a antiga f�brica. Ele divide uma casa com a mulher, Simone, e a filha, Maria Luiza, de 4. O quarto morador de Biribiri � o tamb�m zelador Geraldo da Concei��o Reis, de 44: “Sabe o que � morar num lugar pacato? � aqui”.


LINHA DO TEMPO

1870: O bispo dom Jo�o Ant�nio Fel�cio dos Santos resolve fundar f�brica de tecidos para empregar as mo�as pobres do Vale do Jequitinhonha
1877: A f�brica � conclu�da, com o maquin�rio de Massachusetts (EUA). Do Rio de Janeiro at� l�, foi transportado no lombo de mulas e carros de bois
1893: A jovem Alice Brant trata de Biribiri em seu di�rio, futuro best-seller Minha vida de menina
1921: A f�brica e a vila s�o vendidas a particulares
1950: Cerca de 1,2 mil pessoas trabalham em Biribiri
1973: A f�brica de tecidos � desativada
1998: Conjunto � tombado pelo Instituto Estadual do patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha)
2012: Come�a a reforma da Igreja Sagrado Cora��o de Jesus

 

 

SAIBA MAIS: BELEZA C�NICA
O Parque Estadual do Biribiri, com �rea de 16,9 mil hectares, est� inserido no complexo da Serra do Espinha�o. A Vila de Biribiri est� abrigada na �rea do parque. Quem a visita se encanta n�o somente por seu casario, mas principalmente pelas paisagens de beleza c�nica, com seus rios de leitos de pedras, formando cachoeiras e atravessando campos. A �rea abriga v�rias nascentes e cursos d'�gua: o Rio Biribiri, que moveu as turbinas da hidrel�trica geradora da for�a motriz da f�brica de tecidos; o Rio Pinheiros e diversos c�rregos, sendo os mais famosos o Sentinela e o Cristais. Os descendentes dos propriet�rios da f�brica contam hist�rias sobre os suntuosos degraus da Cachoeira dos Cristais, cujas rochas teriam sido cortadas com talhadeiras pelos propriet�rios da �poca, � procura de diamantes. A cobertura vegetal nativa � composta por cerrado, campos rupestres e matas de galeria. Podem ser encontrados diversas esp�cies da fauna, muitas delas amea�adas de extin��o, como o lobo-guar� e a on�a-parda ou su�uarana.


Como chegar
A vila, embora privada, fica dentro do Parque Estadual do Biribiri. Criado em 1998, no mesmo ano em que o pacato lugarejo foi tombado pelo Iepha, ele conta com cerca de 18 mil hectares. Al�m da vila, outra atra��o do parque � o conjunto de cachoeiras, como a Sentinela, com cascatas e praia. A rica flora e a exuberante fauna tamb�m encantam turistas. O acesso de Diamantina a Biribiri, passando pelas cachoeiras e �reas para acampamentos, � feito em estrada de terra. O caminho permite fazer um percurso, de carro, em cerca de 30 minutos. Por�m, em �poca de chuva, � melhor o viajante se informar com os seguran�as que ficam na guarita do parque, pois dependendo do trecho a lama pode dificultar o passeio.
 


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