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Estado de Minas

Hospitalidade cativante atrai estrangeiros para interc�mbio em BH

Carinho e cuidados dos mineiros tornam mais f�cil a adapta��o de jovens estrangeiros que v�m estudar aqui. Visitantes se sentem � vontade com os costumes da popula��o


postado em 14/03/2013 06:00 / atualizado em 14/03/2013 06:42

Na família que o acolheu em BH, o dinamarquês Magnus Madsen encontrou muito afeto, mas é repreendido quando necessário(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Na fam�lia que o acolheu em BH, o dinamarqu�s Magnus Madsen encontrou muito afeto, mas � repreendido quando necess�rio (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


 

Quando decidiu embarcar para o Brasil em um programa de interc�mbio de ensino m�dio (high school) patrocinado pelo Rotary Club, o dinamarqu�s Magnus Schou Madsen, de 16 anos, pretendia imergir em uma cultura diferente, experimentar novos h�bitos. O jovem n�o quis escolher a cidade para a qual seria enviado, preferiu a surpresa. “Deixei que decidissem o meu destino, pois n�o queria criar expectativas”, diz. Sem nunca ter ouvido falar da capital mineira, o estudante foi enviado a Belo Horizonte em julho de 2012. O processo de adapta��o foi complicado nos primeiros meses, mas o conv�vio com uma fam�lia belo-horizontina facilitou a estada. “Nunca vivi em um lugar t�o grande. Venho de uma cidade com 8 mil habitantes, e a grandeza das coisas por aqui me assustou no in�cio. Mas fui muito bem recebido por todo mundo e isso me deixou mais � vontade”, diz.

Como Magnus, jovens vindos de v�rios cantos do mundo t�m desembarcado em Minas para participar de programas de interc�mbio. O estado n�o tem dados oficiais sobre o n�mero de estrangeiros que frequentam as escolas mineiras anualmente. O �nico dado da Secretaria de Estado de Educa��o (SES) diz respeito � equival�ncia de diplomas de estudantes estrangeiros no ensino m�dio. Segundo o �rg�o, 130 alunos estrangeiros tiveram os diplomas validados em 2012. Longe dos pais e de seus costumes, e sem intimidade com a l�ngua portuguesa, grande parte desses jovens � acolhida em casas belo-horizontinas e experimenta a t�o famosa hospitalidade mineira. Bem diferente dos grandes cart�es-postais brasileiros, que atraem pela beleza das praias de cidades como o Rio de Janeiro ou pela vida extremamente agitada de S�o Paulo, os estudantes estrangeiros afirmam que BH cativa pela forma como s�o recebidos.

Depois de permanecer durante os primeiros quatro meses com uma fam�lia e dar os passos iniciais no processo de adapta��o � vida na capital, Magnus se mudou em dezembro do ano passado para a casa de Rita Luzia Martins, que vive com dois filhos, de 12 e 14 anos, no Bairro Fern�o Dias, Regi�o Nordeste da cidade. No lar da funcion�ria p�blica, o dinamarqu�s foi acolhido como um integrante da fam�lia, recebendo tanto o carinho quanto as broncas necess�rias a um adolescente de 16 anos. “Num primeiro momento foi complicado, porque estava acostumada com a rotina dos meus filhos, que est�o saindo da fase infantil e ainda n�o me pedem para sair. De repente me vi cuidando de um rapaz de 16 anos querendo passear � noite com os amigos, e eu n�o sabia muito bem como lidar com isso”, conta Rita. Para ela, impor limites est� entre as obriga��es de quem acolhe um estudante estrangeiro. “A gente recebe um intercambista como filho, ent�o tem de pensar em tudo para fazer com que ele se sinta em casa, inclusive chamar a aten��o quando preciso”, considera.

Nova rotina

Para o intercambista belga Pierre Hennen, de 18, que frequenta o curso de arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ser bem recebido em Belo Horizonte n�o foi surpresa. A irm� do estudante j� havia participado, h� sete anos, de um programa de estudos na cidade de Curvelo, Regi�o Central do estado, e falou a Pierre sobre as caracter�sticas do povo mineiro. Nascido em Theux, cidade com pouco mais de 11 mil habitantes, o intercambista conta que, no in�cio, teve dificuldade de se adaptar � rotina de uma grande capital. “Na minha cidade todo mundo se conhece e a gente cumprimenta a todos na rua. Aqui n�o d� para agir assim”, compara. No entanto, aos poucos, o jovem se sentiu mais � vontade. “Quando voc� conhece as pessoas daqui, percebe que elas s�o muito calorosas. Se descobrem que voc� � estrangeiro, convidam voc� para entrar na casa delas,  oferecem comida e querem saber tudo sobre voc�”, observa Pierre, que diz n�o perceber tanta hospitalidade em seu pa�s de origem.

Depois de receber tr�s estudantes estrangeiros em menos de um ano em sua casa, no Bairro Conc�rdia, o engenheiro eletricista Val�rio Oscar de Albuquerque j� se considera um pai adotivo dos intercambistas. O primeiro jovem a ser acolhido por Val�rio foi um japon�s, em 2012, a pedido de uma de suas filhas. Como o estudante e a fam�lia se adaptaram bem, o engenheiro decidiu repetir a experi�ncia. Pouco tempo depois ele recepcionou um rapaz franc�s e atualmente hospeda a estudante Tereza Flegrov�, da Rep�blica Tcheca. Na avalia��o de Val�rio, a melhor forma de recepcionar um jovem estrangeiro � fazendo com que ele se sinta parte da fam�lia. “Eles t�m de entender que precisam se adaptar aos nossos costumes, e n�o o contr�rio. Os adotamos como filhos, com os mesmos direitos e deveres. Mas, acima de tudo, dedicamos tempo a eles, dando muito carinho e conversando bastante”, afirma.

Improviso diante do portugu�s

Mesmo acolhidos pelas fam�lias, a disparidade de costumes pesa no processo de adapta��o desses jovens. O primeiro grande desafio, na maioria dos casos, � conseguir se comunicar. Sem saber uma �nica palavra em portugu�s, o jeito encontrado por Magnus foi improvisar. “Assim que cheguei a Belo Horizonte, j� fui � escola e tive de conversar com os colegas e professores em ingl�s, para que eles pudessem me entender. O problema � que nem todo mundo falava aquela l�ngua e tive de me esfor�ar para aprender o portugu�s”, conta o jovem.

Demorou cerca de tr�s meses para que Magnus vencesse o obst�culo do idioma, mas falar portugu�s era apenas uma das etapas em um processo de adapta��o bem mais complexo para o dinamarqu�s. “Todo mundo olhava para mim por causa das minhas roupas. No meu pa�s usamos short acima do joelho, e n�o bermudas como os homens daqui, o que chamava muito a aten��o das pessoas nas ruas”, lembra o intercambista, que relutou durante os primeiros meses antes de aderir ao vestu�rio brasileiro.

O calor tamb�m ainda � um fator que o incomoda. “Em um dia muito quente, vi que o Magnus n�o estava na cama e fui encontr�-lo dormindo no ch�o da varanda, tentando diminuir a sensa��o de calor”, conta Rita, que diz prestar aten��o aos h�bitos do jovem, numa tentativa de facilitar a estada dele na cidade. “Observo os h�bitos alimentares e sei o que ele gosta de comer. Sei, por exemplo, que ele adora feij�o e fica superfeliz quando fa�o p�o de queijo.”

Adaptar-se aos m�todos de ensino brasileiro � um obst�culo para alguns intercambistas. “Na B�lgica, os professores n�o escrevem tanto no quadro, porque as aulas s�o mais interativas”, compara Pierre. “Estou acostumado com aulas que nos convidam a ser mais criativos, elaborar projetos. No Brasil, � tudo baseado em decorar o conte�do”, estranha o dinamarqu�s Magnus, que revela ainda ter dificuldade em entender a gram�tica do portugu�s, embora j� domine a pron�ncia do idioma.


Interesse cada vez maior

O Brasil atrai cada vez mais o interesse de estudantes estrangeiros. De acordo com o Minist�rio das Rela��es Exteriores, que emite os vistos para quem quer passar uma temporada estudando no pa�s, colombianos, portugueses, franceses e angolanos s�o os que mais buscam o interc�mbio. Em 2012, segundo balan�o do minist�rio, foram emitidos vistos para 1.333 estudantes colombianos, 944 portugueses, 934 franceses e 745 angolanos. As representa��es brasileiras em 156 pa�ses est�o aptas a orientar os estrangeiros que querem estudar aqui. A curiosidade sobre aspectos da cultura brasileira e as oportunidades de emprego e estudo de melhor qualidade s�o os principais atrativos para os jovens estrangeiros.
 


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