Diante do avan�o t�o r�pido no n�mero de casos da dengue em Belo Horizonte, moradores t�m montado um arsenal em casa para tentar combater o mosquito transmissor da doen�a. Segundo o �ltimo balan�o divulgado pela Secretaria Municipal de Sa�de, at� quarta-feira a cidade j� contabilizava duas mortes, 5.760 casos confirmados, al�m de aguardar resultado de 15.400 exames laboratoriais. Assustadas com a epidemia, as pessoas est�o usando, al�m da �gua sanit�ria, recomendada pelo governo do estado como op��o de larvicida, receitas caseiras divulgadas na internet, repelentes de todas as formas, inseticidas e citronela. Mas especialistas alertam: � preciso cuidado. Se usados de forma inadequada, alguns produtos podem provocar intoxica��o ou mesmo tornar o mosquito resistente.
Desde que a filha de 18 anos foi diagnosticada com dengue hemorr�gica, no in�cio do m�s, a empres�ria Ana Teresa Borges se tornou uma “neur�tica assumida”, como ela mesma se define. Moradora do Bairro Sion, na Regi�o Centro-Sul da capital, a mulher diz que entrou em p�nico durante o per�odo em que a jovem Lu�sa Borges ficou doente. “Minha filha teve de ficar internada por quatro dias e ficou muito debilitada por causa dos sintomas.” Depois que Lu�sa saiu do hospital, a m�e come�ou a investigar maneiras de impedir que o mosquito entrasse em sua casa. Na sala, um pequeno prato com lim�o e cravos-da-�ndia divide espa�o com a decora��o. “Vi a receita em uma rede social e decidi fazer. Dizem que o cheiro espanta o mosquito da dengue. Nem sei se funciona, mas acho que vale tudo para que ningu�m da minha fam�lia fique doente de novo”, acredita. Al�m da receita caseira, Ana Teresa tamb�m comprou inseticida em aerosol e repelentes em creme, spray e pastilhas. “Fico correndo atr�s da minha filha para passar repelente, mas ela se irrita comigo. Fiquei paranoica.”
Card�aca e diab�tica, a aposentada Gessy Ayrola Soares, de 71, tamb�m tem medo de voltar a ser v�tima do Aedes aegypti. Sem saber se realmente funciona, colocou alguns cravos-da-�ndia em um vidro de �lcool e passa a mistura na pele. Elatamb�m usa uma raquete el�trica para matar o inseto transmissor. “� tarde, passo a raquete perto da janela e caem v�rios mosquitos.”
Preven��o
O pesquisador da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e especialista em entomologia Ricardo Louren�o, esclarece que esse tipo de medida � v�lida como preven��o, mas n�o tem a capacidade de controlar uma epidemia. “S�o a��es paliativas, que, em alguns casos, podem diminuir por instantes a chance de um indiv�duo ou um grupo de pessoas ser picado. Mas o uso de receitas caseiras ou repelentes n�o � capaz de eliminar o mosquito”, explica. Ele alerta ainda que o uso exagerado de repelente pode causar alergias ou intoxica��o e que a utiliza��o de inseticida n�o � recomendada, j� que pode tornar o mosquito resistente ao produto.
Para o infectologista da Faculdade de Medicina da UFMG Jos� Carlos Serufo, a preven��o contra a picada do mosquito � importante, mas a popula��o deve dar mais aten��o � elimina��o dos focos de prolifera��o do transmissor. “A gente s� tem pensado em combater o mosquito que j� est� voando, mas � preciso atuar na elimina��o dos criadouros para que o Aedes aegypti n�o se reproduza”, ressalta.
O que usar?
Especialista da Fiocruz Ricardo Louren�o explica o que vale e o
que � mito para evitar a doen�a
Funciona:
>> Repelente - eficaz para evitar, temporariamente, a picada do mosquito. Indicado para pessoas que v�o viajar para locais com alta incid�ncia do transmissor. Deve ser usado com modera��o
e pode causar alergia.
>> Citronela - Planta que � usada em sua forma natural ou em �leos, cremes e velas e tem fun��o repelente. Pode diminuir, por alguns instantes, as chances de picada em ambientes onde esteja sendo usado.
N�o funciona:
>> Misturas com cravo-da-�ndia - N�o h� comprova��o de que o aroma da especiaria espante o mosquito.
>> Raquete el�trica - N�o reduz o risco de contamina��o pelo v�rus. O equipamento � capaz de matar o mosquito, mas atinge um n�mero muito pequeno de transmissores.
Evite:
>> Inseticida aerosol: N�o � aconselh�vel. Pode tornar o mosquito resistente � subst�ncia e em excesso pode provocar intoxica��o.
Secretaria descarta morte
A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte descartou ontem a possibilidade de que a paciente L.M.B., de 26 anos, que estava gr�vida, tenha morrido em decorr�ncia da dengue. Segundo o �rg�o, depois de realizados exames laboratoriais, a causa do �bito foi apontada como choque s�ptico devido a infec��o bacteriana uterina. No entanto, a assessoria de comunica��o da Santa Casa informou que ainda n�o � poss�vel definir qual doen�a causou a morte de L. “A paciente apresentou quadro pr�-existente de infec��o uterina aliado ao diagn�stico de dengue, ambos confirmados por exames feitos no hospital. N�o � poss�vel afirmar que o �bito foi causado apenas por um desses fatores”, informou o hospital.