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Estado de Minas

Disputa por poder entre grupos interestaduais de neonazistas pode terminar em mortes

Julgamento de acusados da morte de estudante mineiro e namorada deve ser no segundo semestre


postado em 10/06/2013 06:00 / atualizado em 10/06/2013 07:26

A morte do estudante mineiro de direito Bernardo Dayrell Pedroso, de 24 anos, e de sua namorada, Renata Waechter Ferreira, de 21, motivada por disputas de grupos neonazistas brasileiros, deve ser julgada no segundo semestre, de acordo com o Minist�rio P�blico do Paran�. O crime ocorreu em 21 de abril de 2009, em Campina Grande do Sul (PR), depois que o casal foi emboscado ao sair de uma festa para comemorar os 120 anos do nascimento de Adolf Hitler. De acordo com as investiga��es da promotoria de Quatro Barras (PR), Dayrell era uma das lideran�as nacionais e estava criando uma dissid�ncia entre os carecas mineiros e paulistas. A morte dos dois jovens mostra o qu�o violentos esses grupos de supremacia branca podem ser quando ganham vulto. Um alerta, principalmente pelas liga��es desse crime com a capital mineira, uma vez que o skinhead preso por apologia ao nazismo e forma��o de quadrilha em BH, Ant�nio Donato Baudson Peret, o Tim, de 25, era do mesmo grupo de Dayrell, de quem era vizinho no Bairro Santo Ant�nio. Donato est� preso na Penitenci�ria Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, desde abril. Ontem, o Estado de Minas publicou reportagem sobre como as gangues travam guerra para dominar territ�rios, principalmente na Zona Sul de Belo Horizonte.

Segundo o promotor do Tribunal do J�ri paranaense, Octac�lio Sacerdote, seis r�us foram pronunciados pelo duplo homic�dio. O l�der, conforme a acusa��o, � o paulista Ricardo Barollo, mas foram acusados tamb�m o industri�rio Jairo Maciel Fischer, de Teut�nia (RS), Rodrigo Mota, Gustavo Wendler, Rosana Almeida – os tr�s de Curitiba – e Jo�o Guilherme Correa, de Pato Branco (SC). “Barollo e Dayrell eram do mesmo grupo, que se chamava Neuland (Nova Terra, em alem�o). Queriam separar o Brasil e para isso planejavam infiltrar gente sua entre pol�ticos de alguns partidos”, conta o promotor. De acordo com Sacerdote, chegaram a fazer viagens para firmar acordos pol�ticos e importar armas do Uruguai e da Argentina, mas os planos de Dayrell de separar o grupo atrapalharam os planos de Barollo e, por isso, teria sido assassinado.

Um dos ex-membros do grupo de Ant�nio Donato, o Rock Against Comunism (RAC), de 21, conta que quando o neonazista soube da morte de Dayrell ficou muito incomodado. “Os dois eram amigos e vizinhos. Colocaram a culpa no Barollo e estavam at� acertando uma forma de vingar o Dayrell, dizendo que tinham de pegar o Barollo”, conta. A reportagem procurou a fam�lia de Bernardo Dayrell, que vive em Corinto, na Regi�o Central, mas a m�e dele, Maria Alice Dayrell Pedroso, n�o foi encontrada para comentar sobre o crime. Uma prima do rapaz, Gl�ria Dayrell, disse que a fam�lia est� acompanhando o processo na Justi�a e espera que os assassinos sejam condenados. Ela n�o comentou sobre as orienta��es nazistas do primo.

Donato, que está preso, era do grupo de Dayrell(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Donato, que est� preso, era do grupo de Dayrell (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Investiga��es ficam s� em Minas

Apesar das liga��es entre integrantes de grupos neonazistas, a delegada Paloma Boson, da Delegacia de Crimes Cibern�ticos da Pol�cia Civil de Minas Gerais, que foi a respons�vel por deter Ant�nio Donato em abril por apologia ao nazismo e forma��o de quadrilha, informou que n�o foram feitas outras investiga��es sobre as liga��es dos grupos interestaduais de neonazistas. “Tivemos not�cia dos fatos relatados (envolvimento de Donato com os movimentos paulistas e do Sul), mas, como n�o aconteceram aqui em BH, nossa delegacia de pol�cia n�o est� apurando (as agress�es em S�o Paulo e o assassinato no Sul).”

A delegada informou que n�o tem um mapeamento similar ao feito pela Pol�cia Militar de BH, que monitora as gangues que agem sobretudo na Savassi, como mostrou ontem a reportagem do Estado de Minas. “Por enquanto, essas tribos de skinheads, punks, g�ticos e emos n�o s�o muito organizadas e n�o representam um grande problema de seguran�a p�blica como os roubos a transeuntes na Savassi, principalmente atr�s de telefones celulares”, disse o comandante da 4ª Companhia do 1º Batalh�o da PM, major Carlos Alves, respons�vel pelo levantamento.

“Estamos atentos e monitorando os movimentos dessas gangues, principalmente quando temos den�ncias de confrontos sendo planejados. A maioria deles, no entanto, s�o jovens da Zona Sul. Pessoas esclarecidas que est�o passando por uma fase”, disse o militar, que acredita que o n�mero desses grupos tende a diminuir, uma vez que n�o exercem tanto fasc�nio e por isso t�m poucas ades�es. “Quem vai ficando mais velho vai se desligando. � parecido com os metaleiros que antes ocupavam a Savassi e que depois de alguns anos praticamente sumiram”, compara.

Quem foi v�tima dos ataques das gangues cobra a��es mais en�rgicas. “Estava atravessando a rua e essas pessoas me atacaram de surpresa com chutes e golpes de soco-ingl�s. N�o troquei meia palavra com eles e n�o os conhecia. Foi uma agress�o gratuita, j� que n�o perten�o a grupos rivais”, lembra um estudante de 21 anos que foi agredido por skinheads em 2011, entre eles Ant�nio Donato, segundo a ocorr�ncia policial. O rapaz conta que frequenta a Savassi e que j� viu in�meras dessas brigas de gangues. “Ocorrem muito na Rua Tom� de Souza. Os punks olham para os carecas e come�am a voar cadeiras e garrafas. Tenho pena de gente que manifesta uma animosidade dessas contra pessoas s� porque s�o diferentes”, disse.


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