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Estado de Minas

Templo da tradi��o mineira ganha moderniza��o na capital

S�mbolo de nobreza e eleg�ncia da sociedade nos �ltimos 88 anos, Autom�vel Clube de Minas Gerais se moderniza com amplia��o de espa�os, eventos e atra��es para os s�cios


postado em 15/06/2013 06:00 / atualizado em 15/06/2013 06:56

De arquitetura neoclássica, prédio da Avenida Afonso Pena foi inaugurado em 1929(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
De arquitetura neocl�ssica, pr�dio da Avenida Afonso Pena foi inaugurado em 1929 (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Instalado em um suntuoso pr�dio no Centro de Belo Horizonte, de arquitetura neocl�ssica e elegante nos diversos ambientes, constru�do no fim da d�cada de 1920,  o Autom�vel Clube de Minas Gerais completa em agosto 88 anos. Fundado em 1925 por amigos – conhecidos como o Grupo dos Nove –, a princ�pio com o nome de Clube Central (modelo dos tradicionais clubes de cavalheiros, os gentlemen's clubs, que imperavam na Europa), teve a primeira sede instalada no Palacete Dantas, na Pra�a da Liberdade, em 14 de junho de 1926. Um ano depois, passou a se chamar Autom�vel Clube de Minas Gerais e em 1929 transferiu-se para o pr�dio atual, num dos quarteir�es mais nobres da Avenida Afonso Pena, no Centro da capital. A hist�ria registra que no dia da inaugura��o um baile de gala exigiu at� o uso de casaca pelos homens.


A princ�pio destinado ao desenvolvimento do automobilismo no estado, se estabeleceu mesmo como um clube social, sede de encontro das tradicionais fam�lias mineiras e sin�nimo de status social. Projetado pelo arquiteto Lu�s Signorelli e constru�do pela Carneiro de Rezende & Co., o pr�dio representa um marco na hist�ria da cidade. No estilo dos pal�cios europeus, apresenta linhas s�brias e um conjunto majestoso. Na fachada principal, tr�s portas em arco perfeito, com folhas de ferro fundido.

O Sal�o Dourado foi inspirado no Sal�o de Espelhos do Pal�cio de Versalhes, em Paris, e decorado por tr�s lustres de cristal da Bo�mia, regi�o europeia que pertencia � extinta Tchecoslov�quia. Outro ambiente carrega do de impon�ncia, o Sal�o Pr�ncipe de Gales passou a se chamar assim ap�s a visita de membros da realeza brit�nica em 1931: Edward VII, o pr�ncipe de Gales, e o seu irm�o, George VI, que se tornou rei da Inglaterra.

Atra��es

O mobili�rio e a pintura de todo o pr�dio foram feitos pela Casa Laubisch & Hirth e a decora��o mistura itens cl�ssicos, inspirados nas culturas inglesa e francesa, com muito espelho, m�rmore e pisos art�sticos. O Autom�vel Clube � patrim�nio cultural tombado pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG) e pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio de Belo Horizonte. Com cerca de 4 mil metros quadrados, ele � exaltado pela sociedade belo-horizontina como o local mais nobre para encontros, jantares, recep��es e eventos que primam pela excel�ncia.

O Autom�vel Clube se transformou em algo bem maior do que previam os  seus fundadores. � a sede das reuni�es mais luxuosas e concorridas da capital e imortalizou uma �poca de ouro de Belo Horizonte. Para realizar um evento no pr�dio, � preciso ser s�cio ou ter indica��o de um deles. E para ter uma cota � necess�rio passar pela aprova��o da diretoria.

Ali�s, nos tempos de gl�ria, o clube s� reunia os chamados bem-nascidos da capital. Para fazer parte, a pessoa precisava carregar o sobrenome de uma tradicional fam�lia mineira e passar por uma esp�cie de j�ri. Apesar de menos rigoroso, � assim at� hoje: � preciso ser aprovado para se tornar s�cio. Atualmente, o clube tem mais de 700, mas chegou a ter 1,5 mil.

Presidente do Autom�vel Clube, o engenheiro Paulo Henrique Vasconcelos enfatiza que a entidade se transformou em uma esp�cie de sala de visitas de Minas, pela import�ncia hist�rica na capital, tendo sido palco de grandes momentos e passagens sociais e pol�ticas. Ele se diz honrado em presidi-lo, com a diretoria e colaboradores, e pretende fazer obras para criar novas atra��es para os s�cios, como amplia��o das �reas de eventos, trazendo o clube para os tempos modernos; cria��o de espa�os destinados � mem�ria e hist�ria, em �rea vizinha ao edif�cio, cedida pelo governador Ant�nio Anast�sia, presidente de honra da entidade. Tamb�m est� prevista a constru��o de um lounge, um spa com sauna, al�m da restaura��o do pr�dio.”

Lembran�as

A s�cia Let�cia Nelson Senna tem a vida ligada ao Autom�vel Clube. Conheceu o marido, Paulo Em�lio Nelson de Senna, na hora dan�ante do clube, se casou no Sal�o Dourado, onde fez a festa de 15 anos e o casamento da filha. E a neta h� pouco tempo tamb�m fez seu d�but por l�. “O Autom�vel Clube � um �cone de Belo Horizonte, assim como o Pal�cio das Artes, Parque Municipal e o conjunto da Pampulha. Mesmo para quem nunca frequentou, � um pr�dio de valor hist�rico para todos os mineiros, um clube de tradi��o que conserva valores ainda que eles mudem ou se perdem no dia a dia.”

Let�cia n�o � saudosista, mas guarda boas lembran�as. “Sou do tempo em que os filhos dos s�cios ganhavam presentes de Natal. E o s�bado de carnaval, a rigor ou com fantasias ricas, era minha festa preferida. Pode se comparar com o atual festa do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Quem embalava a folia era a orquestra com 30 ou 40 m�sicos, nada de conjunto, banda e DJ.”

Marcos Henrique Caldeira Brant, juiz auxiliar da Corregedoria Geral de Justi�a, s�cio-propriet�rio do clube h� 23 anos, lamenta que a mem�ria do clube encontre-se fragmentada por falta de consci�ncia do valor do patrim�nio cultural. Para ele, muito se perdeu ao longo dos anos, principalmente documentos e objetos. “Mas, desde 2011, depois de sugest�o apresentada � diretoria, tentamos levantar precisamente toda a historia do clube. O trabalho n�o � f�cil, j� que demanda tempo e paci�ncia.”

Novo tempo

Octagen�rio, o Autom�vel Clube vive outros tempos. N�o sustenta mais o glamour do s�culo 20. N�o h� exig�ncia do black-tie para os homens ou os bailes anuais das meninas rec�m-formadas na Socila (escola de etiqueta para as debutantes). Ainda assim, o espa�o carrega a �ura de um grupo seleto e privilegiado que frequenta seus sal�es. Mant�m-se imponente e inspirador.

Hoje, funciona exclusivamente para encontros, jantares, recep��es e eventos organizados pelos s�cios. E abriga um restaurante, o Bon Appetit, aberto ao p�blico, reinaugurado pelo renomado chef italiano Francesco Carli. O clube disponibiliza seus espa�os refinados para de festas, eventos, jantares para s�cios e n�o s�cios. E com o modelo de gest�o de Paulo Henrique Vasconcelos, o que se espera � que o Autom�vel Clube adote as exig�ncias modernas, sem jamais perder seu ar de realeza.


PERSONAGEM DA NOT�CIA: JOS� LUIZ COSTA, MA�TRE, FUNCION�RIO MAIS ANTIGO

Ao lado das celebridades
S�o 44 anos de dedica��o e a vida constru�da dentro e a partir dos sal�es do Autom�vel Clube. Foi contratado aos 16 e come�ou como comin, primeiro e �nico emprego. Muitos degraus depois, h� 20 � o maitre-geral, respons�vel pelo restaurante, eventos, gar�ons, enfim, � o comandante-geral do sal�o. Conviveu com autoridades pol�ticas, judiciais e religiosas, personalidades estrangeiras e celebridades nacionais. “Sinto-me emocionado por fazer parte da hist�ria. Meu momento mais marcante foi na festa dos 50 anos, quando o presidente Juscelino Kubitschek fez quest�o de cumprimentar todos os funcion�rios e foi at� a cozinha. Uma honra inesquec�vel.” O maitre sente-se orgulhoso de sua trajet�ria, aposentou-se e continua trabalhando. E tem in�meros agradecimentos: “Al�m do presidente atual, que � um vision�rio, valoriza o funcion�rio e vai revolucionar o Autom�vel Clube, sou extremamente grato a Milton Gomes por ajudar os funcion�rios, reformando casas e pagando d�vidas. Ele me ajudou a comprar meu primeiro carro, um Fusca 1961 azul, e H�lcio Levindo Coelho, muito humano, encarava o funcion�rio como companheiro do dia a dia”. E acrescenta: “Fico feliz por ter presenciado v�rias vezes a hist�ria, j� que assisti a posses de governadores e encontros pol�ticos decisivos."


CURIOSIDADES
» Em setembro de 1957, uma festa come�ou �s 22h e terminou ao meio-dia.
» Em apenas um m�s, julho de 1958, foram 31 festas para jovens e 12 para casais.
» No sagu�o do pr�dio, foi instalado o segundo elevador de BH.
» Certa vez, um casal um casal entrou no pr�dio, fez o sinal da cruz e saiu logo depois, confundindo o clube com uma igreja.
» Brit�nico � outro nome dado ao Autom�vei Clube.

LINHA DO TEMPO
– 1925: Em 17 de dezembro � fundado o Autom�vel Clube de Minas Gerais
– 1926: Ap�s cis�o entre s�cios, a primeira sede � instalada no Palacete Dantas, na Pra�a da Liberdade, em 14 de junho
– 1928: Doa��o de terreno pelo presidente do Estado Mello Viana e prefeito Fl�vio dos Santos
– 1929: Inaugura��o da sede, projetada por Lu�s Signorelli, na Afonso Pena, em frente ao Parque Municipal
– 1931: Visita da realeza brit�nica: Edward VII, o pr�ncipe de Gales, e o irm�o George VI, depois rei da Inglaterra
– 1975: Festa do cinquenten�rio, a �ltima a contar com a presen�a do casal Juscelino e Sarah Kubitschek
– 1988: Edif�cio � tombado pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG)
– 2005: Ao comemorar seus 80 anos, clube retoma parceria com os Di�rios Associados para a Jornada Solid�ria, que marcou �poca na sociedade
– 2012: Estado cede ao clube em comodato pr�dio da Sociedade Mineira dos Engenheiros para centro cultural


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