
Os relat�rios s�o feitos a partir de visitas a abrigos e conversas com assistentes sociais e outros respons�veis por esses locais. Nessas ocasi�es, eles tentam identificar os pontos n�o esclarecidos na ficha de cada crian�a – principalmente no que diz respeito �s informa��es familiares –, procurar respostas, aparar arestas e escrever, de forma jur�dica, um documento mais completo, facilitando o entendimento dos ju�zes respons�veis pelos casos. A partir da�, o que se busca � definir se a fam�lia tem condi��o e interesse em ficar com a crian�a ou se ela deve ser encaminhada para ado��o.
“Trazemos um olhar mais espec�fico para o Judici�rio, multidisciplinar, objetivando diminuir o tempo de abrigamento dessas crian�as”, afirma a presidente do Benquerer, Renata Machado Nogueira Soares, secret�ria-executiva da Comiss�o de Prote��o � Inf�ncia e Adolesc�ncia da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG). “Se se esperar muito, a crian�a perde o prazo para ser adotada. A realidade nunca chega � mesa do juiz. S�o, muitas vezes, documentos incompletos, porque os profissionais que lidam direto com eles n�o t�m coragem de dizer o que ocorre com esse menino”, afirma.
Prefer�ncia
A ideia do grupo � visitar todas as comarcas do estado, olhando abrigo por abrigo e fazendo o levantamento da situa��o. A vice-presidente da Comiss�o de Prote��o � Inf�ncia e Adolesc�ncia, Lu�za Helena Simonetti Xavier, explica que os meninos s� v�o para esses lares com ordem judicial, quando est�o em situa��o de risco e nenhum familiar se prontifica a cuidar. “Queremos humanizar o processo, trazendo a voz e a carinha da crian�a para dentro dele”, diz Lu�za Helena. Ela acrescenta que o processo de ado��o demora no m�nimo um ano, com um agravante: “A prefer�ncia ainda � por menina, branca, de at� dois anos de idade”, conta.
Por causa disso, o Benquerer se prop�e ainda a quebrar estigmas. “Divulgamos ideias e tentamos acabar com essas prefer�ncias, mostrando aos casais a realidade. Temos de querer o que � poss�vel, e quando isso ocorre, passa-se a poder realizar os sonhos”, ressalta Renata Soares. Dados do cadastro Nacional de Ado��o, do Conselho Nacional de Justi�a, mostram que, apenas em BH, h� 88 crian�as na fila da ado��o, n�mero considerado bem abaixo da realidade.
Minas Gerais � o estado brasileiro com o maior n�mero de crian�as abrigadas. Segundo a advogada, isso n�o se deve propriamente � pol�tica social, mas por causa do n�mero de munic�pios e o fato de nem todos eles terem varas de fam�lia. “As crian�as v�o ficando. A maioria daqueles que v�o para uma nova fam�lia s�o beb�s, que chegam diretamente aos programas de ado��o, quando s�o encontrados em via p�blica ou entregues de maneira volunt�ria”, conta.
Tira-d�vidas
O Benquerer far� reuni�o aberta ao p�blico em 6 de agosto, na Rua S�o Paulo, 2.198, no Bairro de Lourdes, a partir das 19h. No encontro, ser�o tiradas d�vidas de casais interessados em adotar ou que j� conclu�ram o processo, acad�micos e todos os interessados em discutir o assunto. Informa��es: [email protected]. Em novembro, Santa Luzia, na regi�o metropolitana, recebe o 3º Encontro Estadual da Ado��o em Minas Gerais, organizado pelo Grupo de Apoio Doce Ado��o (Gada). S�o esperadas cerca de 400 pessoas. Informa��es: www.grupogada.org.br.