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Estado de Minas

Linha chilena usada em papagaios � pior que cerol

Com p� de quartzo e �xido de alum�nio, produto mais cortante j� � usado por jovens para soltar papagaio, mesmo proibido no estado. S� neste ano, 39 pessoas ficaram feridas


postado em 24/07/2013 06:00 / atualizado em 24/07/2013 06:45

Linhas cortantes como a que matou o motociclista Leandro Augusto são usadas até por crianças em BH(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Linhas cortantes como a que matou o motociclista Leandro Augusto s�o usadas at� por crian�as em BH (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


A venda e uso da linha chilena, uma esp�cie de cerol industrializado e com poder muito mais cortante que a mistura de vidro mo�do e cola, s�o proibidos em Minas Gerais, segundo a Lei Estadual 14.349/02. Mas os materiais usados para cortar papagaios continuam fazendo v�timas, como Leandro Augusto Caetano, de 34 anos, que teve 80% do pesco�o cortado anteontem quando andava de moto na Avenida dos Andradas, no Bairro Santa Efig�nia, Regi�o Centro-Sul da capital. De janeiro at� ontem, 39 motociclistas feridos por linhas de papagaio na capital deram entrada no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, n�mero que ultrapassou o registrado no ano passado, que teve 38 v�timas.

Das 25 v�timas de cerol e outras linhas cortantes atendidas pelo Corpo de Bombeiros em 2012, 19 foram somente em junho e julho. Em BH, a linha chilena, tamb�m conhecida como linha de combate, � facilmente adquirida pela internet mas a legisla��o estabelece multa de R$ 100 a R$ 1.500 para quem usar e, no caso de les�o corporal ou morte, a pessoa pode responder criminalmente. Ela � feita em escala industrial com algod�o e produtos cortantes, como uma mistura de p� de quartzo com �xido de alum�nio. Foi esse material usado para cortar pipas que atingiu o motociclista Leandro Augusto. Ontem, em seu sepultamento, no Cemit�rio da Paz, o clima era de revolta. A Pol�cia Civil instaurou inqu�rito para apurar a morte, mas o culpado ainda n�o foi identificado.

Mesmo com a lei, ela � comercializada livremente. Um homem que vende a linha chilena pela internet na capital disse, em contato feito via telefone, que adquire o produto de um primo que mora no Esp�rito Santo, que, por sua vez, tem um fornecedor no Rio de Janeiro. “Comprei uma remessa boa, mas j� acabou tudo”, disse o rapaz, que oferece tamb�m linha da Indon�sia, outra usada em papagaios. “Hoje, ningu�m tem mais trabalho de fazer cerol. Todo mundo ‘brinca’ com linha chilena”, disse sem preocupa��o com o risco.

Em contrapartida, o presidente do Sindicato dos Motociclistas, Ciclistas e Afins de Belo Horizonte, Rog�rio Santos Lara, est� preocupado com o uso ilegal. Segundo ele, “a pol�cia n�o fiscaliza ou prende infratores por acreditar que n�o � seu papel correr atr�s de crian�as que soltam papagaio com cerol”. Rog�rio disse que vai pedir provid�ncia ao comandante do Batalh�o de Tr�nsito (BPTran), coronel Roberto Lemos, e � comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Cl�udia Romualdo, para que haja uma fiscaliza��o mais eficaz. “Eles n�o podem ficar parados. Mais mortes v�o acontecer”, alertou.

No m�s passado, outro motociclista, Rog�rio Alves Adriano, de 49, morreu ao ser atingido no pesco�o por uma linha de cerol na BR-381, Bairro Jardim Vit�ria, Regi�o Nordeste da capital. Cinco dias antes, o soldado do 34º Batalh�o da PM Ronaldo Luiz Pereira Brito, de 29, quase foi degolado no Anel Rodovi�rio, no Bairro Universit�rio, Regi�o da Pampulha, e sobreviveu por sorte. O corte foi t�o profundo que atingiu a traqueia do militar, que foi levado para o Hospital Jo�o XXIII. Apesar dos riscos que os motociclistas enfrentam nas ruas, muitos deles n�o se protegem instalando as antenas corta-linhas em suas motos. A pol�cia recomenda tamb�m outros itens de seguran�a, como capacete, luvas, jaquetas e m�scara de prote��o com silicone para o pesco�o.


Consumidores sem energia

Usar linhas cortantes em papagaios pode causar tamb�m outros tipos de preju�zo. Este ano, segundo dados da Cemig, pelo menos 500 mil consumidores j� ficaram sem energia el�trica por causa do cerol. Ele rompe os cabos da rede e ainda podem provocar curtos-circuitos quando as pessoas tentam retirar o papagaio. A Cemig atendeu este ano 1.739 ocorr�ncias de interrup��o de fornecimento de energia.

Para o engenheiro de tecnologia e normaliza��o Dem�trio Ven�cio Aguiar, a linha chilena surgiu para agravar ainda mais a situa��o. Ela � feita, segundo ele, em escala industrial usando materiais mais abrasivos que o cerol. “Esse tipo de linha � muito mais cortante que o cerol comum e, infelizmente, � poss�vel adquirir no mercado paralelo e at� pela internet”, afirmou. A Cemig tem registro de uma morte causada por pipas na rede el�trica no ano passado no estado. Em 2011, duas pessoas ficaram feridas.


ALERTA NO PARQUE ECOL�GICO

No �ltimo dia 14, o Corpo de Bombeiros, Funda��o Zoo-Bot�nica, Guarda Municipal, Tribunal de Justi�a de Minas Gerais e Juizado da Inf�ncia e da Juventude participaram de uma campanha no Parque Ecol�gico da Pampulha para conscientizar pais e crian�as dos riscos do cerol e da linha chilena. Em menos de quatro horas, 40 latas com linhas cortantes foram apreendidas. Na regi�o do zool�gico, segundo os bombeiros, tem sido comum encontrar p�ssaros feridos por cerol. O coronel da PM Ant�nio Carvalho, que responde interinamente pelo CPC, disse que as abordagens de crian�as, adolescentes e adultos soltando papagaio t�m sido frequentes. “A gente manda baixar a linha para ver se tem cerol”, afirmou. Quando tem, segundo ele, as latas s�o apreendidas, os menores encaminhados aos pais e os adultos � delegacia, ressaltando que eles colocam a vida dos outros em risco e cometem um crime.


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