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Estado de Minas

Pouca demanda de passageiros leva taxistas de carros adaptados a circular com liminar

Motoristas tentam evitar exclusividade de cadeirantes, que temem ver um servi�o essencial prejudicado depois da decis�o judicial em Belo Horizonte


postado em 11/09/2013 06:00 / atualizado em 11/09/2013 06:40

Jefferson de Castro e silva sempre atende a aposentada Laurides Antunes, mas reclama da falta de passageiros e do tempo ocioso(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Jefferson de Castro e silva sempre atende a aposentada Laurides Antunes, mas reclama da falta de passageiros e do tempo ocioso (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Taxistas com ve�culos adaptados para cadeirantes est�o circulando com liminar para evitar a exclusividade exigida pela lei e transportar tamb�m outros passageiros. Depois da �ltima licita��o, Belo Horizonte passou a contar com 60 t�xis adaptados, que t�m de cumprir jornada das 7h �s 17h, de segunda-feira a s�bado, para atender s� quem tem dificuldade de locomo��o. Das seis empresas licenciadas, cada uma com 10 ve�culos, uma recorreu � Justi�a para transportar qualquer passageiro nesse hor�rio. A BHTrans informou que foi notificada e est� cumprindo a decis�o da Justi�a. Segundo a empresa, com base no Censo 2010 do IBGE, a capital tem 165 mil pessoas com dificuldades para locomo��o.


A quebra da exclusividade preocupa quem precisa do servi�o, como Marisa Consola��o Paes, de 58 anos, que leva ao hospital a m�e, Laurides Antunes Paes, de 82: “A gente sempre telefona uma hora antes do compromisso para pedir o t�xi, justamente para chegar no hor�rio da consulta, pois muitas vezes n�o n�o h� ve�culo adaptado dispon�vel na empresa. Se todo mundo come�ar a usar o t�xi adaptado, pode ficar mais complicado”.

Com a cria��o do servi�o de t�xi adaptado, Laurides passou a sair mais de casa. “Usamos t�xi o tempo todo para ir ao m�dico, shopping, igreja e visitar parentes”, afirma Marisa, que antes levava a aposentada no seu Gol, mas ela reclamava de muitas dores durante o trajeto. “Hoje ela anda tranquila, sem dor na coluna. Eu n�o aguentava colocar minha m�e no carro, mesmo com a ajuda da cuidadora de idosos. Agora, � tudo autom�tico e o taxista ajuda”, disse.

Taxista h� 28 anos, L�cio Pimenta, de 54, trabalha com liminar e pega qualquer passageiro. Ele faz propaganda do servi�o especial pelas redes sociais e deixa cart�es em cl�nicas e hospitais. “A demanda ainda n�o � t�o grande para pagar o investimento. Tenho tr�s clientes fidelizados e n�o d� para ficar o dia todo s� esperando passageiros com necessidades especiais. Pela manh�, ganho a minha di�ria, porque alugo o carro, e � tarde tento atender s� eles.”

L�cio trabalha para uma empresa licenciada e fica num ponto no Bairro Carlos Prates. Em parceria, empresas e cooperativas recorreram � BHTrans pedindo adequa��o da terminologia usada para o servi�o: de atendimento exclusivo para atendimento preferencial.

Segundo Bruno Sim�es, presidente do Sindicato das Locadoras de T�xi e propriet�rio da LOCBH, a m�dia � de cinco atendimentos por dia. Ele diz que cada carro custou R$ 90 mil, 35% a mais do que o previsto na licita��o, e que o movimento � fraco, quase quatro meses depois. “Queremos que a BHTrans mude o termo, para evitar essa corrida � Justi�a. Investimos quase R$ 1 milh�o e ainda estamos sem retorno porque a demanda � muito pequena. N�o d� para considerar que todos os cadeirantes andem de t�xi, um servi�o muito seletivo. Em dia bom, fazemos entre 10 e 15 atendimentos. “Os taxistas precisam completar a jornada � noite”, conta.

L�cio n�o trabalha mais � noite, depois de ter sido assaltado duas vezes. Embora considere baixa a procura, ele recebeu elogios pelo carro confort�vel, espa�oso e adaptado e diz que o servi�o � bastante �til para portadores de necessidades especiais e idosos. “No ve�culo convencional, eu tinha que p�r a cadeira de rodas no porta-malas, era desconfort�vel para o passageiro. As mulheres ficavam constrangidas, porque eu tinha que ajud�-las a entrar no carro.”

Lúcio tem autorização da justiça para transportar qualquer passageiro(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
L�cio tem autoriza��o da justi�a para transportar qualquer passageiro (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Para usar o carro da locadora, L�cio paga di�ria de R$ 140. “O que ganho al�m disso � meu e ainda pago o combust�vel. Seu  ficar s� por conta, vou pagar para trabalhar”, diz o taxista, lembrando que o cadeirante � cliente preferencial e tem prioridade no atendimento.

HOSPITAIS

Jefferson de Castro e Silva, de 47, tamb�m trabalha para uma empresa de t�xis adaptados. Quando n�o est� com passageiro, aguarda em frente a hospitais ortop�dicos, onde h� grande movimento de pessoas com cadeira de rodas. Ele n�o tem liminar para pegar outros passageiros: “N�o posso nem parar para quem n�o � cadeirante. O fiscal da BHTrans retirar o passageiro e reboca o carro”. A tarifa n�o � diferenciada. “Fa�o cerca de 10 corridas por dia e tenho muito tempo ocioso, parado”.

O Dobl� dele � novo, tem piso rebaixado e sistema autom�tico de trava de cadeira de rodas. “O primeiro est�gio da trava da cadeira fica atr�s do banco da frente e puxa a cadeira de rodas para dentro do ve�culo, subindo pela rampa instalada na porta traseira. O segundo m�dulo de travas prende a cadeira e o passageiro fica seguro, sem balan�ar”, explica. Al�m do cadeirante, o ve�culo tem lugar para mais duas pessoas, uma na frente, ao lado do motorista, e outra atr�s, junto � cadeira de rodas. O carro ainda tem as laterais refor�adas, para proteger o passageiro em caso de colis�o, e air-bag duplo. Tamb�m tem dispositivo que impede o funcionamento do carro com as portas destravadas.

REAVALIA��O

Bruno Sim�es conta que antes havia apenas um t�xi adaptado. “Sou a favor de transportar outros passageiros em qualquer hor�rio, desde que o portador de necessidades especiais seja o cliente preferencial. S�o 60 carros adaptados e a demanda � muito pequena”, disse Sim�es, que protocolou pedido para reavalia��o do servi�o na BHTrans. “Se houver um cadeirante no ponto de t�xi, mesmo para uma corrida pequena, somos obrigados a atend�-lo”, afirma Bruno, que tem empresa com 10 carros adaptados.

“A estimativa da BHTrans � que carro faria em m�dia 13 corridas por dia. Hoje temos duas centrais de t�xis adaptados e as empresas recebem apenas cinco ou seis chamadas di�rias. Os carros ficam parados o dia todo”, afirmou.


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