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Estado de Minas

Arrudas atravessa a capital sufocado por esgoto industrial e dom�stico

H� 100 anos ribeir�o ganhou a primeira lei que coibia polui��o com multa


postado em 14/09/2013 06:00 / atualizado em 14/09/2013 07:12

Último trecho canalizado do arrudas, na região leste, virou bota-fora e esgoto(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
�ltimo trecho canalizado do arrudas, na regi�o leste, virou bota-fora e esgoto (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
H� exatamente 100 anos, o principal curso d’�gua que corta Belo Horizonte come�ava a sofrer as consequ�ncias do crescimento da cidade e j� despertava a aten��o das autoridades para a polui��o. Era um alerta para o despejo de esgoto dom�stico e um pren�ncio, muito antes da industrializa��o, do que se transformaria o Ribeir�o Arrudas um s�culo depois. A �gua limpa da principal nascente, que desce da Serra do Rola Mo�a, limite com Brumadinho, foi contaminada ao longo das d�cadas no trajeto de cerca de 40 quil�metros at� chegar completamente polu�da ao Rio das Velhas, em Sabar�, na Grande BH.

Em 1913, o ent�o prefeito Olyntho Deodato dos Reis Meirelles sancionou a Lei 67, que proibia a polui��o do Arrudas e dos afluentes e multava os infratores. A boa inten��o n�o saiu do papel e o descaso crescente levou � degrada��o e morte inevit�vel do ribeir�o. Em 1993, a lei, considerada caduca, foi revogada pela C�mara Municipal, diante de legisla��o mais espec�fica. O crescimento acelerado na primeira metade do s�culo passado e a chegada de ind�strias nos anos 1950 come�aram a sufocar o Arrudas. J� nos anos 1970 os peixes come�aram a desaparecer e nos 1990 a contamina��o chegou ao auge.

Hoje, os n�veis de polui��o assustam. Est�o acima dos ideais para cursos d’�gua de classe 3, na qual o ribeir�o se encaixa. Nessa categoria, est�o as �guas onde � permitida a navega��o, mas proibido o mergulho. A �gua tamb�m deveria estar prop�cia para consumo humano, ap�s tratamento convencional ou avan�ado, e � pesca amadora, mas os atuais �ndices de monitoramento reprovam a atividade.

Dados do Relat�rio das �guas Superficiais em Minas Gerais, referentes ao primeiro trimestre, mostram que os n�veis de coliformes (bact�rias do intestino humano), f�sforo, mangan�s e detergentes est�o acima do limite permitido.

“O Arrudas est� fora da classe 3 e j� se aproxima da classe 4, que inclui �guas destinadas apenas � navega��o e para compor a harmonia paisag�stica, como em lagos e lagoas”, alerta o gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Weber Coutinho. O ribeir�o recebe esgoto dom�stico de Belo Horizonte, Contagem e Sabar� e efluentes industriais de metal�rgicas, sider�rgicas e de empresas do setor qu�mico e t�xtil.

Coutinho afirma que a degrada��o � resultado da ocupa��o desordenada da cidade – tanto em �reas de invas�o como na cidade formal – que n�o foi acompanhada por obras de infraestrutura. “Ainda existem muitas liga��es clandestinas de esgoto nas redes fluviais”, diz.

Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), existem mais de 25 mil im�veis (cerca de 80 mil pessoas) que n�o est�o conectados �s redes coletoras dispon�veis, dificultando a coleta e tratamento de todo o esgoto da bacia do Arrudas. “Esses im�veis t�m rede na porta, mas lan�am esgotos na sarjeta, galerias pluviais ou �reas onde o esgoto acaba dentro dos c�rregos”, informou a empresa, por meio de nota.

Idealizador do projeto Manuelz�o, que busca a preserva��o do Rio das Velhas e afluentes, o m�dico Apolo Henriger, critica a apropria��o do leito do ribeir�o. Segundo ele, a constru��o de avenidas ao longo do c�rrego n�o s� poluiu o Arrudas, como mudou toda a morfologia do curso d’�gua. “Al�m de acabado com as fossas no per�odo de constru��o da cidade e criar o conceito de que jogar esgoto no rio era s�mbolo de modernidade, ainda canalizaram a maior parte”, diz. Segundo ele, a constru��o do Bulevar Arrudas � a maior mostra da falta de preserva��o do ribeir�o. “O rio passou a ser nada diante de uma avenida”, diz.

POLUI��O SEM FIM

Outro problema que amea�a o Arrudas � a polui��o difusa, formada por dep�sito de dejetos diretamente na rede fluvial. Segundo a Copasa, 1,6 milh�o de pessoas vive na bacia do Arrudas e toda a �gua de limpeza de carros e cal�adas, lixo, �leos e graxas de autom�veis que caem no solo s�o levados ao ribeir�o pela chuva. Por todos esses fatores, o ribeir�o apresenta uma s�rie hist�rica de n�veis ruins ou muito ruins no monitoramento de qualidade da �gua feitos pelo Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam). “No caso do Arrudas, ainda � poss�vel ter um n�vel de qualidade pr�ximo da classe 3, mas jamais pr�ximo de um curso d’�gua em seu leito natural”, explica Coutinho, referindo-se � impermeabiliza��o do canal.

A Copasa informou que desenvolve a��es para evitar lan�amento no rio, como o programa Ca�a-Esgoto, com investimento de R$ 157,9 milh�es para implanta��o de redes coletoras, interceptores e novas liga��es. A Esta��o de Tratamento de Esgoto (ETE) Arrudas, est� em expans�o e teve capacidade aumentada em 10 vezes desde 2012, de acordo com a empresa. De 280 litros de esgoto por segundo, trata atualmente tr�s mil litros por segundo. A empresa diz que faz trabalhos de conscientiza��o ambiental com crian�as e adultos para destina��o correta de esgotos e para recupera��o dos rios.


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