
Existia um lugar em Belo Horizonte onde o glamour imperava. As mulheres colocavam seus melhores vestidos e chap�us, enquanto os homens iam de terno. Passar no arremate para conhecer os cavalos mais cotados era obriga��o. O Hip�dromo Serra Verde marcou �poca em Belo Horizonte recebendo as corridas, o turfe, como a modalidade � pomposamente chamada. Mas esse tempo j� vai longe e hoje n�o passa de uma lembran�a guardada na cabe�a dos apaixonados pelo esporte.
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A hist�ria das competi��es na capital mineira come�a em 1906, quando foi criado o Jockey Club de Belo Horizonte em uma �rea no Bairro Prado destinada �s provas. O local, onde hoje est� a Divis�o de Infantaria da Pol�cia Militar (DI), ficaria conhecido como Prado Mineiro. Num curto espa�o de tempo, abrigaria tamb�m o Campo de Avia��o, que precederia o aeroporto da Pampulha (do in�cio da d�cada de 1930).
O Prado Mineiro se dividia, assim, entre os cavalos e os avi�es. Era comum, aos domingos, as pessoas se deslocarem at� l� para ver as disputas e fazer suas apostas e piqueniques, tendo como pano de fundo algumas aeronaves. Como a divis�o do terreno era um problema para os animais, em 1909 as atividades foram oficialmente paralisadas, passando a haver apenas eventos de forma espor�dica at� 1939.
A perda de espa�o voltou a ocorrer em 1942. Com a II Guerra Mundial, a prioridade era o campo de pouso. Assim, o turfe estaria fora do programa esportivo da capital por tr�s anos, sendo retomado em 1944 por iniciativa de Menotti Mucelli, que em 16 de setembro daquele ano assumiu a presid�ncia da entidade, j� com o nome de Jockey Club de Belo Horizonte. Isso durou at� 1951, quando o espa�o passou a ser exclusivo da Pol�cia Militar. Por 14 anos o morador de BH estaria privado das corridas, que s� voltariam a ocorrer 14 anos depois, com a cria��o do Hip�dromo Serra Verde.
A inaugura��o oficial se deu em 4 de abril de 1965. Como estava come�ando do zero, isso s� foi poss�vel gra�as � cidade de Curvelo, a 160 quil�metros de BH, que tinha corridas regulares com cavalos mesti�os. Toda a infraestrutura turf�stica daquele munic�pio foi importada: cavalos, j�queis, treinadores, propriet�rios e aficionados.
Em 13 de junho foram iniciadas as disputas com os cavalos da ra�a puro-sangue ingl�s, a mais tradicional para a pr�tica deste esporte em todo o mundo. Mas os problemas n�o haviam terminado. Em 1967, paralisa��o para a reforma total do hip�dromo. Foram tr�s anos inativos. A reabertura viria em 17 de maio de 1970, com o Serra Verde mostrando instala��es que o colocavam entre os melhores do pa�s. A pista era de areia, em formato oval, e tinha cerca de 1.700 metros. As arquibancadas eram amplas. As cocheiras tinham capacidade para cerca de 200 animais.
A partir da�, as corridas se tornaram regulares, sempre nas tardes de s�bado, com programas que variavam entre quatro e seis p�reos, dos quais participavam entre cinco e 10 puros-sangues. Na d�cada de 80 o lugar viveu a sua melhor fase. Grande parte dos animais pertencia a propriet�rios cariocas, um reduto cl�ssico. O Serra Verde realizou em toda a sua exist�ncia 20 Grandes Pr�mios Minas Gerais, os mais importantes promovidos em suas pistas, que valiam para as apostas via Loteria Federal.
No in�cio do s�culo 21 (anos 2000), o clube enfrentaria sua mais s�ria crise financeira. Sediou a �ltima corrida em 7 de fevereiro de 2002. Passou a operar como centro de prepara��o para aqueles que corriam no Rio de Janeiro. Em 15 de fevereiro de 2006 o ent�o governador A�cio Neves desapropriou o Hip�dromo Serra Verde para a constru��o do centro administrativo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para ser a nova sede do governo do Estado. Sua funda��o foi em abril de 2010.
CRISE FINANCEIRA
No in�cio dos anos 90, o Jockey Club de Minas Gerais conheceria sua maior crise financeira. Na Justi�a corriam nada menos que 57 a��es trabalhistas. Para 40 delas j� n�o havia mais recurso. Uma das tentativas de salva��o foi a diversifica��o de atividades. Em 1995, parte da �rea foi arrendada para a constru��o de um kart�dromo. Assim, de 1998 a 2000, BH e o Serra Verde sediaram o Mundial dessa modalidade. Dois anos depois, com a persist�ncia dos problemas de caixa, veio o acordo com o governo do Estado para a constru��o da Cidade Administrativa.
DAQUI PARA O FUTURO: Promessa de volta
O presidente do Jockey Club de Minas Gerais � o m�dico Adelmar Cadar. Desde que foi feito o acordo com o Governo do estado e cess�o da �rea do Hip�dromo Serra Verde para a constru��o da Cidade Administrativa, todas as contas de a��es na Justi�a, a grande maioria trabalhistas, foram pagas. O restante do dinheiro foi utilizado para a compra de parte de um pr�dio, hoje arrendado, na Zona Sul de BH. E o dinheiro investido, hoje avaliado em cerca de R$ 20 milh�es, permite � atual diretoria sonhar com a volta das corridas. O pensamento, segundo Cadar, � a compra de um terreno em torno de 200 mil m2 (o anterior � de 800 mil), que permitiriam a constru��o de uma h�pica e a volta das corridas voltariam ainda em 2014.
LINHA DO TEMPO
1906 – Funda��o do Jockey Club de Belo Horizonte, no Bairro Prado, onde � hoje o DI
1942 – Paralisa��o das corridas no Prado Mineiro
1945 – Retomada das provas
1951 – Nova suspens�o e fechamento definitivo da pista
1965 – Funda��o do Jockey Club de Minas Gerais e cria��o da pista do Serra Verde
1968 – Paralisa��o das corridas no Serra Verde, para reforma
1969 – Reinaugura��o da pista, que se torna uma das mais importantes do pa�s
1978 – Inaugura��o da ilumina��o da pista
1996 – Reformas das instala��es, o que permite a moderniza��o
1995 – Inaugura��o do Mot�dromo no Serra Verde
1997 – Inaugura��o do Kart�dromo no Serra Verde
2002 – Em 7 de fevereiro � disputada a �ltima corrida
2010 – Em 4 de mar�o � inaugurada a Cidade Administrativa