O tempo fechou e basta olhar para o calend�rio para saber por qu�: a temporada chuvosa chegou a Minas, mas, mesmo com os mapas climatol�gicos prevendo temporais com volumes 40% acima da m�dia hist�rica, n�o s�o poucas as cidades mineiras que parecem desinteressadas de a��es de preven��o a desastres. Basta dizer que, dos 853 munic�pios notificados para que enviassem seus planos de conting�ncia � Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), apenas 10 – o que representa 1,17% do total de prefeituras – remeteram os documentos que preveem medidas preventivas e emergenciais frente a trag�dias causadas pela chuva. Uma falta de sintonia relacionada tamb�m � desorganiza��o ou completa aus�ncia de �rg�os municipais de Defesa Civil. Em 140 cidades, ou 16% do estado, essas estruturas nem sequer existem. Em parte daquelas que t�m suas coordenadorias implantadas, s�o recorrentes as defici�ncias de infraestrutura e de pessoal qualificado. Como se n�o bastasse, outro indicativo da falta de interesse com a preven��o est� retratado no cadastro para recebimento de informa��es do radar meteorol�gico do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam). O sistema que envia alertas por e-mail e mensagens de celular advertindo sobre a chegada de tempestades ainda n�o tem a inscri��o de 27% das cidades que poderiam ser beneficiadas.
“Apesar de orientarmos os governantes e de tentar sensibiliz�-los para a cria��o do plano, a grande maioria n�o o faz”, constata o chefe do Gabinete Militar do governo do estado e coordenador da Cedec, coronel Luis Carlos Dias Martins. Segundo ele, as prefeituras t�m a cultura de se preocupar com o per�odo chuvoso somente quando j� est� chovendo, mas isso precisa ser feito durante todo o ano. “Nos preocupa muito o fato de a maioria n�o ter se planejado e � certo de que teremos problemas, porque a previs�o � de muita chuva em um cen�rio de muita ocupa��o desordenada e obras irregulares”, afirma. O coronel ainda destaca que nem todas as cidades se antecipam em a��es como obras de infraestrutura e limpeza de c�rregos. “Comunidades situadas em locais de risco continuam sujeitas a alagamentos ou deslizamentos de encostas”, adverte.
PREVIS�O
Mapas climatol�gicos preveem intensidade maior de chuva nas regi�es Sul, Oeste, do Tri�ngulo Mineiro, do Campo das Vertentes e em parte da Zona da Mata. Essas �reas est�o na rota da Zona de Converg�ncia do Atl�ntico Sul, que transporta a umidade que vem da Amaz�nia rumo ao oceano. “As frentes frias que passam por Minas ser�o mais intensas nessas �reas, que v�o estar sujeitas a um risco maior de alagamentos e inunda��es”, explica o meteorologista do Climatempo Ruibran do Reis.
O alerta foi dado em cerim�nia oficial de lan�amento do plano estadual de preven��o � chuva, no dia 1º, mas a maioria dos prefeitos mineiros nem sequer estavam presentes. Representantes de apenas 90 dos 853 munic�pios compareceram, o que para o coronel Martins soa como uma atitude de comodismo. “N�o vieram e n�o mandaram seus representantes. Isso porque sabem que, diante de um desastre, ter�o toda a estrutura do estado como suporte”, critica. Na Cidade Administrativa, o governo montou uma sala de crise, mantida com plant�o 24 horas para atendimento em casos de desastres. Emerg�ncias podem ser relatadas pelo telefone (31) 3915-9000.
Entre as cidades que ainda n�o estruturaram por completo sua Defesa Civil est� Itaguara, a 100 quil�metros de Belo Horizonte, na regi�o metropolitana. O coordenador da pasta est� h� uma semana no cargo, em um munic�pio que est� com seu plano de conting�ncia das chuvas desatualizado. Segundo funcion�rios da prefeitura, o documento mais recente � da esta��o 2009/2010 e falta pessoal para a elabora��o de novo projeto. A equipe municipal � composta por quatro pessoas: al�m do coordenador h� uma secret�ria, um funcion�rio operacional e uma arquiteta para cuidar de uma �rea de 410 quil�metros quadrados, superior � da capital (330 km2).
O coordenador Fernando Pinheiro Moreira reconhece que n�o � f�cil fazer o trabalho com poucas pessoas e pouca verba, mas garante que consegue visitar os locais onde houver demanda em curto espa�o de tempo. “Sempre fa�o as vistorias assim que sou chamado para um determinado local com problema”, diz. Ele afirma que ao longo de 2013 foram desenvolvidos alguns trabalhos em �reas de risco para minimizar a possibilidade de deslizamentos. Na cidade, o principal ponto de inunda��o � o entorno da ponte sobre o Ribeir�o Conquista, perto de v�rias casas no Centro da cidade.
Em Nova Lima, que historicamente sofre com deslizamentos e inunda��es, a situa��o � diferente, mas tamb�m h� problemas. Apesar de contar com o apoio de outros setores da prefeitura, a equipe de Defesa Civil treinada tem apenas cinco funcion�rios – um coordenador e quatro t�cnicos – para os 428 km2 do munic�pio. A popula��o � de 81 mil pessoas e os problemas s�o muitos na cidade, que tamb�m n�o enviou seu plano preventivo ao estado. “Temos muitas obras irregulares e casas constru�das em �reas de risco. Nos �ltimos tr�s anos, emitimos cerca de 700 laudos para que moradores fizessem adequa��es. A grande maioria n�o faz”, garante o coordenador municipal de Prote��o e Defesa Civil, tenente Luzmar Guimar�es Rocha. Segundo ele, sete funcion�rios ser�o contratados nos pr�ximos dias para refor�ar o efetivo do �rg�o.