A morte de tr�s capivaras na manh� de ontem acende discuss�o sobre a retirada dos animais da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A prefeitura decide hoje se vai dispensar licita��o e, em car�ter de urg�ncia, contratar empresas para resolver o problema sem concorr�ncia. As escolhidas v�o elaborar plano de manejo e providenciar a remo��o dos roedores da orla – atualmente, o n�mero � estimado em 250 bichos. De acordo com o vice-prefeito e secret�rio municipal de Meio Ambiente, D�lio Malheiros, a rapidez se justifica por causa de casos suspeitos de febre maculosa na regi�o, al�m do risco � seguran�a no tr�nsito e amea�a aos jardins de Burle Marx.
Ainda n�o se sabe a raz�o da morte das capivaras. Elas foram encontradas pr�ximas ao meio-fio, na orla da lagoa, perto da Associa��o Atl�tica Banco do Brasil (AABB), no Bairro Bra�nas. “Elas estavam com sangue escorrendo pelo nariz, orelha e boca”, conta Hamilton Latorre, funcion�rio de manuten��o da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Os corpos foram levados para a Funda��o Zoo-Bot�nica (FZB) e passar�o por necropsia. A FZB estima em pelo menos 30 dias o prazo para os laudos sobre a causa da morte serem conclu�dos. “Esse fato refor�a a necessidade da retirada dos animais”, afirma o vice-prefeito, que est� a frente do processo.
HOSPEDEIRAS
Inicialmente motivada pelo pisoteio dos jardins de Burle Marx pelos roedores, a licita��o para a remo��o estava marcada para setembro, mas teve atrasos. A partir de posicionamento da Procuradoria-Geral do Munic�pio, a tentativa ser� dispensar o processo licitat�rio. “A dispensa poderia acontecer porque as capivaras representam um risco � sa�de p�blica. H� casos suspeitos de febre maculosa. Um pessoa que ficou doente e melhorou havia andado pelo parque”, diz. Ele cita ainda os danos aos jardins da Pampulha e o risco ao tr�nsito. As capivaras s�o hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa.
Sem a licita��o, segundo Malheiros. todo o enfrentamento do problema poder� ocorrer em quatro meses. O investimento dever� ser de R$ 350 mil a R$ 500 mil, mas vai depender do n�mero de capivaras o detalhamento do plano de manejo, que dever� ser aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). “Vamos tentar tirar o m�ximo. Elas ser�o cercadas e analisadas uma a uma. Faremos a an�lise dos carrapatos e, caso o animal esteja contaminado, ser� sacrificado e incinerado. Os animais saud�veis ser�o levados para um parque ecol�gico, que ainda vai ser definido pelo plano”, afirma.
PREVEN��O
Presidente da Associa��o Amigos da Pampulha (Apam), Fl�vio Marcus Ribeiro de Campos afirma que a retirada n�o � consenso entre os moradores da regi�o. “Alguns dizem que elas s�o bem-vindas, pois est�o aqui h� muito tempo e n�o amolam. Outros temem a febre maculosa”, diz. J� o Movimento Mineiro pelos Direitos Animais � categ�rico quanto � perman�ncia dos bichos. “Esses animais s�o as v�timas da degrada��o no entorno de BH”, afirma Adriana Cristina Ara�jo, uma das integrantes do movimento.
A entidade defende a castra��o, a coloca��o de microchips, a identifica��o e o manejo sustent�vel das capivaras. “� preciso prevenir a quest�o da febre maculosa com o controle dos animais e do carrapato estrela. Nosso receio � que, ao serem retirados, os animais sejam encaminhados para abatedores por causa do alto valor de carnes ex�ticas”, diz Adriana, que cita exemplos de cidades que conseguiram conviver bem com o animal em meio urbano. “O Chu�, no Rio Grande do Sul, e Blumenau, em Santa Catarina, mantiveram as capivaras.”
SAIBA MAIS: alta reprodu��o
A capivara � o maior roedor do mundo, medindo at� 1,30m de comprimento e 0,60m de altura. Pode chegar a 100kg, mas seu peso m�dio � de 50kg para f�meas e 60kg para machos. Vivem normalmente em grupos de dois a 30 indiv�duos, em que h� sempre um casal dominante. Herb�voro, o animal consome de tr�s a quatro quilos de vegeta��o fresca por dia. Reproduz-se a partir dos dois anos. O per�odo de gesta��o varia de 120 a 140 dias, ao fim dos quais uma f�mea adulta pode ter de dois a seis filhotes, e mais de uma cria por ano. On�as, jacar�s e piranhas s�o seus predadores naturais.