Per�cia vai investigar se tubo de suc��o de piscina do Jaragu� foi instalado corretamente

A piscina com tobo�gua do Jaragu� Country Club, na Pampulha, em Belo Horizonte, ficar� interditada por tempo indeterminado at� o esclarecimento das circunst�ncias da morte da menina Mariana Silva Rabelo de Oliveira, de 8 anos, que se afogou ao ficar presa no tubo de suc��o de �gua do brinquedo. Peritos da Pol�cia Civil estiveram ontem no clube para analisar as condi��es de instala��o do equipamento. O laudo sair� em no m�ximo 20 dias. O corpo da crian�a foi sepultado ontem no Cemit�rio Bosque da Esperan�a, na Regi�o Norte da capital.

“Tudo indica que o tubo estaria fora da posi��o ideal e, por isso, o cabelo dela ficou preso, mas vamos analisar as normas t�cnicas para produzir o laudo”, afirma o perito Rodrigo C�mara. A per�cia constatou a presen�a de um tubo de suc��o para bombeamento da �gua do brinquedo dentro da piscina. O tubo fica � meia altura da parede, na mesma dire��o do tobo�gua. A norma NBR 15926-5, da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT), regulamenta a instala��o dos equipamentos em parques aqu�ticos e a PC vai verificar se o equipamento instalado no Jaragu� atende as especifica��es.

O acidente ocorreu na tarde de sexta-feira. Em estado de choque e revolta, os parentes cobram explica��es dos representantes do clube, que at� ontem de manh� ainda n�o havia procurado ningu�m da fam�lia e s� se pronunciou por meio de nota. Apesar da morte da menina, o Jaragu� funcionou normalmente ontem. A �nica altera��o na rotina foi interditar a piscina na qual ocorreu o afogamento com fitas e cadeiras, al�m de afixar avisos. Na p�gina do clube numa rede social, v�rios associados cobram explica��es sobre o ocorrido.

Mariana desceu do tobo�gua, caiu na piscina e teve o cabelo sugado pelo ralo do tubo. Ela ficou pelo menos 18 minutos submersa e foi socorrida por um associado do clube. Segundo parentes, havia um �nico salva-vidas, mas em outra piscina. O tio da crian�a, o empres�rio S�rgio Luiz de Oliveira, de 55 anos, disse que o desfibrilador n�o funcionou e n�o havia um aparelho para sugar �gua do pulm�o. O equipamento para ressuscita��o s� foi usado depois da chegada do Samu. Essa n�o seria a primeira vez que ocorre falha desse tipo. Um amigo da fam�lia relatou que, h� cerca de seis meses, o pai dele passou mal no clube e, naquela �poca, o desfibrilador tamb�m n�o funcionou.

Mariana teve parada card�aca de 20 minutos, foi entubada e levada para o Hospital Odilon Behrens,  onde ficou por exatas 12 horas. Ela morreu �s 5h25. “Ontem eu estava em estado de choque e, hoje, em estado de revolta. S�o v�rias pessoas que sabem que esse equipamento suga alguma coisa. Como deixam chegar a esse ponto?”, questiona o tio da menina. “Num lugar de divers�o � um absurdo. Se fosse um afogamento por n�o saber nadar, entender�amos. Mas uma piscina sugar uma crian�a � um absurdo. E n�o tinha um salva-vidas pr�ximo”, afirma. S�rgio de Oliveira disse que a menina sabia nadar bem. “N�o � descuido da fam�lia, � uma neglig�ncia do clube. Para come�ar, � preciso dois salva-vidas por piscina. E houve uma falha mec�nica, de engenharia, pois o ralo estava em lugar inadequado e ningu�m tomou provid�ncia”, diz. 

S�CIO-FUNDADOR A fam�lia do empres�rio, de nove irm�os, frequenta o clube h� d�cadas. O av� de Mariana � s�cio-fundador do Jaragu� Country. A menina estava no local com uma tia e uma prima. As duas filhas de S�rgio, de 11 e 16 anos, chegavam ao clube com a av� de 84, para encontrar as tr�s, quando viram o Samu no local e souberam do ocorrido. As meninas ficaram em estado de choque. O pai de Mariana, o empres�rio Marco Aur�lio de Oliveira, e a m�e, a decoradora Ieda Silva de Oliveira, precisaram do apoio de um m�dico amigo da fam�lia e de um padre. Eles t�m outra filha de 12 anos.

Os parentes pretendem tomar provid�ncias contra o estabelecimento. “N�o queremos um centavo de indeniza��o, mas uma penaliza��o para servir de exemplo para outros clubes, lugares de lazer e de grande movimento. Minha indigna��o n�o vai traz�-la de volta, mas vai servir de exemplo”, ressalta S�rgio. Em nota, a diretoria do Jaragu� informou ter decretado luto oficial de tr�s dias e apoiar o trabalho da Pol�cia Civil. “Comungamos com familiares e amigos dessa imensa tristeza e lamentamos profundamente o ocorrido, salientando que todo apoio aos familiares est� sendo dado”, diz o texto.

Depois da morte, mais salva-vidas na piscina

Com o Jaragu� funcionando normalmente ontem, depois da morte de Mariana, al�m da interdi��o da piscina do tobo�gua, determinada pela Pol�cia Civil, a outra mudan�a notada na rotina do clube foi a posi��o dos salva-vidas. Habitualmente, eles ficam em cima da arquibancada, de onde podem observar a movimenta��o nas tr�s maiores piscinas. Ontem, por�m, dois salva-vidas ficaram � beira da piscina ol�mpica.

Al�m da piscina com tobo�gua em que ocorreu o afogamento, o clube tem quatro piscinas, sendo duas infantis. Alguns funcion�rios manifestaram indigna��o com o fato de o local ter aberto para receber os associados depois da confirma��o da morte. “Na minha opini�o deveria estar fechado. � um absurdo abrir hoje”, disse um funcion�rio na portaria, quando perguntado sobre o acidente. Entre os associados o acidente foi o principal assunto, sendo que muitos cobravam, em conversas � beira da piscina, mais rigidez da dire��o do clube com as normas de seguran�a. O Jaragu� tem cerca de 4 mil s�cios, foi fundado h� 52 anos e est� entre os mais tradicionais clubes de lazer da capital mineira.