Policiais da Delegacia de Conflitos Agr�rios de Belo Horizonte e do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) v�o ouvir nesta quarta-feira o prefeito de Vazerl�ndia, Felisberto Rodrigues Neto (PSB), que � suspeito de ter tentado matar o l�der da Comunidade Quilombola Brejo dos Crioulos, Jos� Carlos de Oliveira Neto, 52 anos, conhecido como “Veio”, e seu filho Marcos Ant�nio Oliveira de 21. O ataque teria acontecido na �ltima quinta-feira em S�o Jo�o da Ponte, no Norte de Minas Gerais. Um inqu�rito foi aberto nesta ter�a-feira para apurar o caso.
Jos� Carlos prestou depoimento em Belo Horizonte na manh� desta ter�a-feira. A delegada respons�vel pelo caso viajou para S�o Jo�o da Ponte, durante a tarde, onde vai ouvir testemunhas do caso junto com a promotora de Janu�ria, Monique Mosca Gon�alves. A Ordem de Advogados do Brasil (OAB) tamb�m acompanha o caso.
O prefeito teria tomado conhecimento de que as terras estavam sendo usadas apenas para planta��o pela comunidade quilombola. Por isso, segundo a den�ncia, teria ido ao local para tentar reaver a propriedade. “O Jos� Carlos afirmou que o prefeito estava junto com o filho e com dois homens que n�o eram conhecidos na regi�o. E que durante o encontro, eles discutiram”, afirma a promotora Monique Gon�alves.
Na briga, um dos homens desconhecidos teria sacado uma arma e atirado. O tiro n�o acertou Jos� Carlos e nem o filho dele, Marcos Ant�nio. “O V�io n�o fala que o tiro foi em dire��o a ele, pois ele correu. Ainda n�o temos nada de concreto, pois as investiga��es devem come�ar amanh� (quarta-feira)”, diz a promotora.
Jos� Carlos ainda denunciou que policiais militares tamb�m estavam junto com o prefeito no momento da confus�o. O comandante da PM entrou em contato com a promotora e afirmou que os policiais j� n�o estavam na propriedade quando aconteceu o atrito. “Segundo o comandante, o prefeito ligou para ele na manh� da quinta-feira e disse que a terra foi ocupada por quilombolas. Com isso, pediu para eles (PMs) irem l� para retomar a terra de foram pac�fica”, conta Gon�alves. Os dois policiais teriam ido em um carro separado do prefeito e, quando chegaram e viram que n�o tinha nenhum morador, voltaram para a cidade. “O comandante afirmou que os PMs chegaram a aconselhar o prefeito a sair da terra”, completou.
Conforme a promotora, o comandante tamb�m contou que conversou com o prefeito e ele negou os tiros. Segundo a vers�o do pol�tico, o barulho ouvido por V�io se tratava de fogos de artif�cio.
Investiga��o
Na manh� desta quarta-feira, a promotora e uma delegada da delegacia de Conflitos Agr�rios de Belo Horizonte v�o come�ar a ouvir as testemunhas do crime. Entre as pessoas que v�o prestar depoimento est�o policiais militares, o prefeito e o filho dele.
Entenda o caso
A luta pela propriedade come�ou em 2011. O terreno de 17 mil hectares foi desapropriado em outubro daquele ano depois de intensas manifesta��es dos quilombolas. Em 2013, a fazenda foi retomada pela comunidade de Brejo de Crioulos, pois o terreno j� estava inclu�do no territ�rio quilombola.
Em 5 de dezembro do ano passado, a Presidente Dilma Rousseff (PT) assinou uma s�rie de decretos para a desapropria��o de territ�rios quilombolas e entregou documentos para a emiss�o de posse da terra. Ao todo, 24 comunidades quilombolas foram beneficiadas com a imiss�o de posse, entre elas a Comunidade de Brejo de Crioulos.
O EM.com.br entrou em contato com a prefeitura de Varzel�ndia, mas o prefeito n�o foi encontrado para comentar o caso.