
Uma das joias da arquitetura brasileira e cart�o-postal de Belo Horizonte perde brilho e cor, sofre com a a��o do tempo e preocupa visitantes que, todos os dias, se enfileiram na cal�ada para tirar fotos e admirar o tra�o modernista de Oscar Niemeyer (1907-2012). Constru�da entre 1943 e 1945, a Igreja de S�o Francisco de Assis, na Pampulha, tombada pela Uni�o, estado e munic�pio, exibe agora marcas das infiltra��es, tem queda de reboco na marquise e, sobre o painel dedicado ao santo padroeiro, traz muita sujeira nas pastilhas e abriga at� �rvores “alien�genas”, como uma goiabeira, no jardim projetado pelo paisagista Burle Marx (1909-1994). “Se continuar desse jeito, ser� dif�cil a Pampulha se tornar patrim�nio da humanidade”, disse, ontem, a dentista Neila R�go, ao apresentar o monumento a uma fam�lia residente em Los Angeles (EUA) e lembrar a campanha para que lagoa e conjunto arquitet�nico ganhem reconhecimento da Organiza��o das Na��es Unidas para Educa��o, Ci�ncia e Cultura (Unesco).
No interior e exterior do templo, � perfeitamente poss�vel ver que a Igrejinha da Pampulha, como � popularmente conhecida, inspira cuidados e demanda a��es urgentes de restaura��o. Logo na entrada, h� falhas na cal�ada de pedras portuguesas, um perigo especialmente para idosos e crian�as. Mais adiante, perto da torre, parte da pintura se desprendeu e o cimento est� � vista, dando um aspecto de desleixo. J� dentro da nave, onde artistas de renome imprimiram a beleza de seu trabalho, h� partes escuras, de alto a baixo, no revestimento de madeira, fruto das �guas que entram pelas juntas de dilata��o da estrutura abobadada.
O diretor do Memorial da Arquidiocese de BH, padre Jos� Janu�rio Moreira, admite que a igreja est� com uma s�rie de problemas e destaca que a �ltima grande interven��o ocorreu em 2006, em obra feita pela iniciativa privada. “Estamos em contato com a Funda��o Municipal de Cultura (FMC)/PBH, para que o restauro seja feito logo. Esta igreja � um tesouro”, disse o religioso. O presidente da FMC, arquiteto Le�nidas Oliveira, explica que a funda��o atua em tr�s frentes para proteger o monumento, embora destacando que “o �nus da manuten��o n�o deve ser transferido, pelo propriet�rio, para o poder p�blico, mesmo com tombamento em tr�s esferas”.
A primeira provid�ncia, disse Le�nidas, se relacionou � elabora��o do caderno de especifica��o, que inclui mem�ria, diagn�stico e solu��es para recupera��o das pastilhas, infiltra��es e madeira interna. “Para resolver a quest�o das infiltra��es, que existem h� muitas d�cadas, precisa ser usado um material espec�fico”, disse o presidente da FMC, ressaltando que o caderno de especifica��es foi aprovado pela Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural Municipal.
Recursos do PAC
O recurso para os servi�os na igreja vir�o do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) das Cidades Hist�ricas, sendo firmado um conv�nio com o Iphan para custeio da obra. A expectativa � de que, at� 6 de junho, seja feita a licita��o para come�o do restauro. Por se tratar de um bem privado, vinculado � Par�quia de Nossa Senhora da Divina Provid�ncia, ser� firmado um conv�nio com a Arquidiocese de BH. Outra iniciativa se relaciona � recupera��o dos bancos, que foram localizados e ser�o conservados por um particular.”
