
H� um m�s, o terno diariamente usado em audi�ncias, reuni�es e encontros formais j� n�o � mais levado no encosto do banco do passageiro do carro particular. Dobrado, o traje social � transportado em uma mochila discreta, que o promotor de Justi�a Leonardo Barbabela, coordenador do Centro de Apoio �s Promotorias de Defesa do Patrim�nio P�blico (Caopp), carrega nas costas. Desde a inaugura��o do Move, que hoje comemora 30 dias, Barbabela passou a deixar o autom�vel em casa, no Bairro Renascen�a (Regi�o Nordeste), e seguir para o trabalho usando o novo sistema de transporte de Belo Horizonte. Depois de anos usando o carro para trabalhar, ele compara os dois modos de transporte: “Minha avalia��o sobre o BRT � extremamente positiva”. A opini�o do promotor � comum entre passageiros que migraram dos �nibus convencionais para o novo sistema de transporte da capital. Entretanto, n�o s�o apenas elogios que marcam o primeiro m�s de opera��o do Move. Todos os usu�rios entrevistados ontem pelo Estado de Minas fazem considera��es importantes para a melhoria do modal, que teve inaugura��o conturbada em 8 de mar�o, marcada por falhas e falta de informa��o.
No caso do promotor, a an�lise positiva se justifica pela economia com combust�vel, ganho em conforto e tempo. “N�o troco o BRT pelo percurso de carro, mesmo se estivesse com motorista particular, que eventualmente uso para reuni�es fora do MP. O trajeto de carro � muito caro, estressante e demorado”, diz o promotor, que historicamente atua na vigil�ncia da mobilidade na capital. Para completar o percurso at� a sede do MP, no Bairro Santo Agostinho, Barbabela pega um t�xi na Avenida Paran�, �ltimo ponto do BRT na �rea Central. “Mesmo com esse gasto a mais, a despesa com transporte � R$ 200 menor. De carro, tinha um custo de R$ 540 mensal. Hoje, n�o passa de R$ 340”, explica. Ele ainda faz outra compara��o. “O tempo da ida para o trabalho caiu de 40 para 25 minutos. E, na volta, de uma hora e 10 minutos para 30 minutos, em m�dia”, afirma.
O promotor, no entanto, defende o acr�scimo de �nibus ao quadro de viagens, para que os intervalos entre uma sa�da e outra sejam reduzidos. “O tempo entre as viagens pode ser menor. E outros corredores da cidade e tamb�m a regi�o metropolitana devem ser atendidos pelo BRT.”
A leitura positiva, com ressalvas, que o promotor faz dos 30 dias de opera��o do Move � comum entre passageiros do novo sistema. A an�lise est� relacionada com o conforto dos �nibus articulados, autom�ticos e com ar condicionado das tr�s linhas que saem da esta��o S�o Gabriel em dire��o ao Centro e � Regi�o Hospitalar. Mas tamb�m h� queixas a respeito de superlota��o e desrespeito �s prioridades dentro dos coletivos.
Os �nibus cheios v�m sendo observados mesmo fora do hor�rio de pico, de acordo com o aposentado Jos� Martins Laia, de 66 anos. “J� andei de BRT quatro vezes e em nenhuma delas consegui ir sentado, mesmo tendo prioridade nos assentos. Os �nibus est�o sempre cheios. Al�m disso, falta fiscaliza��o para que haja respeito com quem tem prefer�ncia”, acredita Jos� Martins, que ontem fez o percurso entre o Centro e a esta��o Minas Shopping em p�. Ele acredita que a superlota��o seja resultado do baixo n�mero de ve�culos. “Se houvesse mais �nibus nas linhas, poder�amos ter mais conforto. N�o que o sistema seja ruim. Pelo contr�rio. Melhorou muito, pois os coletivos s�o mais confort�veis e modernos que os normais”, conta o aposentado.
A comerciante Geralda Costa Silva, de 36, moradora do Bairro Jardim Belmonte, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, avalia que o novo sistema de transporte coletivo facilitou sua vida. Semanalmente, ela vai ao Centro para comprar suprimentos para sua sorveteria e pega o Move na Esta��o S�o Gabriel. Com mais sorte, ela diz que na maior parte das vezes consegue fazer o trajeto sentada. “O 808 (Esta��o S�o Gabriel/Paulo VI), linha que eu pegava antes, estava sempre cheio”, afirma.
O conforto dos novos ve�culos articulados tamb�m facilitou a vida do motorista Ismael Val�rio Gomes, que h� 18 anos trabalha em linhas de �nibus convencionais. H� um m�s no BRT ele enumera os ganhos: “Os ve�culos s�o mais �geis, t�m mais tecnologia e s�o melhores de dirigir. A gente fica menos cansado ao fim do expediente”, conta.
A estudante Samanta Paula de Oliveira Silva, de 17 anos, usa diariamente o BRT desde a inaugura��o. Ela tamb�m mora na Regi�o Nordeste da capital, no Bairro Nazar�. De segunda � sexta-feira, pega a linha 83D (Esta��o S�o Gabriel/Centro) para chegar � Escola Estadual Oleg�rio Maciel, no Centro, onde cursa o 3º ano do Ensino M�dio. “Melhorou muito o meu percurso. Minha escola tem toler�ncia de 10 minutos para a entrada depois do hor�rio e antes eu sempre chegava atrasada”, conta.
Apesar disso, a jovem diz que � preciso resolver alguns problemas no sistema, como a falta de estrutura de algumas esta��es e de informa��o para os passageiros. “Outro dia uma mulher ficou gritando com o motorista porque ele n�o passou na Rua S�o Paulo. Ela n�o conhecia o novo trajeto. E em alguns ve�culos o ar-condicionado fica pingando �gua na gente ”, reclama. Samanta tamb�m lembrou do poss�vel aumento das passagens que, segundo ela, ser�o alguns centavos a mais que pesar�o no or�amento.
PONTOS POSITIVOS
Rapidez e conforto
“O novo sistema � mais r�pido e oferece maior comodidade, por serem ve�culos novos, autom�ticos e com ar-condicionado. Os outros �nibus s�o muito barulhentos”
Cibele Rodrigues, de 38 anos, contabilista
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Fim do estresse para estacionar
“Normalmente uso o carro e percebi que o Move � uma boa alternativa para o dilema dos estacionamentos, com vagas cada vez mais raras e caras – algumas custando R$ 30 a di�ria. Est� na hora de conduzir as pessoas de uma forma mais respeit�vel. Os outros coletivos s�o desumanos”
Gra�a Rodrigues, de 63, terapeuta hol�stica
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Acessibilidade
“Uso o transporte p�blico todos os dias para ir � fisioterapia no Bairro Gameleira. Antes, pegava s� os �nibus convencionais. Agora, divido o percurso com o BRT, que � mais confort�vel para cadeirantes.”
Carlos Ant�nio F. de Souza, 51, cadeirante
PONTOS NEGATIVOS
Pouca praticidade
“� um sistema pouco pr�tico. Vou ter que ir a uma cabine em outra rua para comprar os bilhetes. Al�m disso, no trajeto em que pegava apenas um �nibus, agora terei que pegar dois. Perde-se tempo com a baldea��o”
F�bio Ferreira, de 34, engenheiro de produ��o
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Falta de informa��o
“Ainda tem muita gente sem saber como embarcar, onde descer e quais s�o as linhas. Muitos andam nas pistas dos novos �nibus, que, inclusive, passam por aqui (na Avenida Santos Dumont) em alta velocidade”
C�lio Gon�alves, de 48, seguran�a
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Limita��o de percurso
“As linhas inauguradas me deixam na metade do caminho. Trabalho no Sion e moro em Venda Nova. Mal posso esperar pela inaugura��o dos �nibus Move que circular�o pela Avenida Ant�nio Carlos. Passo sete horas por dia, em m�dia, fazendo os trajetos entre casa, trabalho, faculdade e a escolinha do meu filho”
�rica Souza, de 23, professora