
Uma semana depois do temporal que inundou lojas e arrastou ve�culos na Avenida Francisco S�, no Bairro Prado, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, ainda havia muita sujeira a ser retirada. A cada chuva que atinge a cidade, a avenida � uma das mais afetadas, com enxurradas que arrastam carros e invadem casas e com�rcios. Na quarta-feira, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (SMOBI) abriu licita��o para contratar empresa especializada para prestar servi�os de apoio, consultoria para elabora��o de estudos t�cnicos e projetos b�sicos e executivos de drenagem do C�rrego dos Pintos, que passa sob a avenida. A via j� passou por outras obras anteriormente e, segundo comerciantes, sem solu��o. Eles temem que os R$ 14,5 milh�es anunciados para investimento sejam dinheiro jogado fora.
Segundo a secretaria, o trabalho a ser feito na avenida consiste basicamente na amplia��o da capacidade de capta��o e escoamento das �guas atrav�s da amplia��o e contempla��o das redes de micro e macrodrenagem existentes. A previs�o � de que as obras comecem ainda este ano e sejam conclu�das em 2015.
Coordenadora da Escola Popular de Circo, Edin�ia Oliveira, de 46 anos, lavava o piano estragado pela enchente h� uma semana e que agora s� servir� de decora��o, segundo ela. Edin�ia disse que t�o logo come�a a chover aparece uma tromba d’�gua arrastando carros e invadindo im�veis da Francisco S�. Ela lembra que na quinta-feira, poucos minutos depois, que a chuva come�ou, a altura da �gua j� chegava aos seus joelhos, no interior da escola.
“A for�a da �gua derrubou uma porta de a�o e o galp�o de 60 metros quadrados virou um mar”, disse Edin�ia. “Estamos aqui h� dez anos e sempre foi assim. No in�cio do ano passado, est�vamos de f�rias e encontramos tudo destru�do. Colocamos comportas, mas nada adianta. As galerias subterr�neas por onde passa o C�rrego dos Pintos n�o suportam o volume de �gua”, disse. O tablado em madeira do circo estragou e foi substitu�do por um de concreto.
Outros comerciantes da avenida viveram momentos de p�nico, h� uma semana, com as inunda��es. Nos tr�s primeiros dias de abril, a capital recebeu metade do volume de chuva registrado em janeiro, fevereiro e mar�o. A �gua que transbordou da galeria subterr�nea do C�rrego dos Pintos atingiu a altura do balc�o do bar de Paulo Marques, de 51. A for�a da �gua arrastou 100 caixas de cerveja que ele tinha acabado de receber e que ainda estavam empilhadas no passeio. “J� perdi as contas dos preju�zos. S�o mais de dez anos e nenhuma solu��o foi tomada”, reclama o comerciante.

PREJU�ZOS Paulo conta que h� um ano foi feita uma obra na Rua Ituiutaba, que fica pr�ximo, mas n�o resolveu o problema. Uma concession�ria em frente ao bar faliu por causa de preju�zos e Paulo alugou o terreno para ampliar seu estabelecimento. No entanto, ele construiu um deck de quase dois metros de altura para proteger seus clientes. “N�o acredito em solu��o por agora. Eles sempre falam em projetos, mas ningu�m nunca viu nada”, reclama. O gerente do bar, Gilsion Dias, de 50, conta que no ano passado os respiradores da galeria subterr�nea foram fechados e a situa��o piorou com o aumento da press�o da �gua que sai dos bueiros.
A atendente Patr�cia Antoniazzi, de 23, disse que v�rios carros foram arrastados pela enxurrada na quinta-feira e que muitos ficaram submersos, inclusive o dela. “O mundo caiu. Abri a porta do meu carro e saiu s� �gua de dentro. Foram mais de 15 reboques para retirar os carros estragados”, disse Patr�cia. Aparecida Andrade reclama que perdeu o freezer e todo o estoque de empadas da sua lanchonete. “N�o acredito nesta obra que eles est�o prometendo. Todo ano � a mesma promessa”, disse.