Congonhas – Um observador atento que passe algumas horas no Bairro Pires, em Congonhas, a 70 quil�metros de Belo Horizonte, fica muito desconfiado ao perceber que ningu�m l� usa roupas brancas. Mais: nenhuma das quase 800 casas � pintada de branco e � raro passar um carro de cores claras pelas ruas. Se o observador, depois de algumas horas, deixar de olhar para o bairro e fitar a pr�pria roupa, certamente encontrar� a resposta para a aus�ncia do branco: a poeira, que deixa tudo imundo. Gerado pelas atividades das mineradoras que circundam o bairro (s�o seis, de diversas empresas), o p� do min�rio se junta � fuma�a dos caminh�es e ve�culos que trafegam pela BR-040 e � poeira levantada pelas locomotivas e vag�es carregados de min�rio de ferro da Ferrovia do A�o, que cortam a localidade em dois pontos. � poeira se junta o perigo de acidentes com mortes nas travessias da rodovia e da ferrovia.

O abastecimento de �gua no bairro est� comprometido desde que uma nascente foi assoreada devido a obras de uma mineradora. Por quase dois anos, os moradores receberam �gua de caminh�es-pipa e gal�es de �gua mineral pagos pela mineradora que provocou o dano, gra�as a uma determina��o do Minist�rio P�blico. Mas o abastecimento alternativo acabou e � preciso contar com a sorte para ter �gua cristalina saindo nas torneiras, o que nem sempre ocorre.
A Copasa concluiu o estudo para tratar a �gua, o que, obviamente, implicar� pagamento de tarifa pelo servi�o. Moradores, entretanto, rejeitam a ideia. O argumento deles � que a poeira � imensa e eles precisam lavar os passeios e as casas todos os dias. Dependendo da quantidade de poeira, at� mais de uma vez ao dia. Pagar por isso, segundo o c�lculo dos moradores, ser� caro demais.

