"Mesmo depois do que passamos, posso dizer que foi legal. E, anota a�: daqui a um m�s, no m�ximo, vamos fazer tudo de novo, s� que mais preparados, para n�o ficarmos perdidos.” Foi assim que o estudante de engenharia mec�nica Pedro Fontoura Barroso, de 21 anos, resumiu a aventura que ele e o amigo, o designer gr�fico Daniel Falabella de Castro, de 22, viveram por mais de 17 horas na Serra do Rola-Mo�a, no limite de Belo Horizonte e Brumadinho, at� serem resgatados por um helic�ptero do Corpo de Bombeiros.
A saga dos rapazes, com direito a fogueira no meio do mato, muito frio, medo de “ataques de lobos-guar�” e at� lan�as improvisadas para se defender dos bichos, come�ou na quinta-feira � tarde e se estendeu at� as 8h de ontem, quando eles foram i�ados por cordas para a seguran�a da aeronave dos bombeiros. "A gente resolveu fazer o passeio pela Serra do Rola-Mo�a logo que acordamos. Preparamos as mochilas, com agasalhos, c�mera fotogr�fica, �gua, barras de prote�na e vitaminas, um fac�o e o celular, e fomos tentar comprar uma lanterna, mas n�o conseguimos encontrar o produto. Mesmo assim, decidimos ir", disse Pedro.
Por volta das 15h, eles come�aram a descer a parte de tr�s do Condom�nio Retiro das Pedras, com a proposta de chegar at� Casa Branca, distrito de Brumadinho. A ideia era fazer um v�deo do passeio, para postar em um canal que eles t�m no YouTube. Logo, enfrentaram a primeira dificuldade: a descida �ngreme e perigosa. Mesmo assim, foram em frente e caminharam por cerca de tr�s horas, at� chegar ao alto de uma montanha.
"Come�ou a chover, a gente n�o sabia por onde descer, e o Pedro resolveu usar o celular para pedir socorro aos bombeiros", conta Daniel, que est� com os bra�os cheios de arranh�es produzidos pela vegeta��o da Serra do Rola-Mo�a. No primeiro contato com os bombeiros, a expectativa era de que a dupla fosse resgatada ainda no come�o da noite de quinta-feira, mas isso n�o foi poss�vel. Os rapazes desceram para um vale, onde n�o podiam ser avistados pelo helic�ptero.
No meio do mato, com a noite chegando, os dois ouviam o barulho da aeronave, mas nada podiam fazer. Com medo da escurid�o e de poss�veis ataques de animais selvagens, tomaram tr�s provid�ncias: acenderam uma fogueira, que s� se manteve por poucas horas, usaram o fac�o para improvisar duas lan�as e dormiram de costas um para o outro, para reagir caso surgisse algum imprevisto. De vez em quando, disparavam a m�quina fotogr�fica para que o flash iluminasse a �rea onde estavam e lhes desse a certeza de que n�o havia nenhum perigo nas proximidades.
AL�VIO DE MANH� Pouco depois das 2h, ouviram de novo o helic�ptero, mas n�o puderam fazer nada, pois estava escuro demais. Pela manh�, quando perceberam que as buscas haviam sido reiniciadas, Daniel e Pedro acenderam uma fogueira, a cobriram com folhas verdes, o que provocou uma grande nuvem de fuma�a, e finalmente foram vistos pela equipe de resgate dos bombeiros. Foi a alternativa que encontraram, pois o celular j� n�o tinha bateria.
Como a �rea onde estavam era de dif�cil acesso, o �ltimo momento de emo��o veio quando o helic�ptero, sem poder pousar por causa do terreno acidentado, pairou sobre eles, e a equipe de resgate, usando cordas, desceu at� o ch�o. Pedro e Daniel foram presos aos equipamentos de salvamento e i�ados at� a aeronave. De l�, como estavam muito bem e n�o precisavam de atendimento m�dico, foram levados at� o Retiro das Pedras, de onde voltaram para casa, em BH.
Quanto ao planejamento da futura caminhada, Pedro assegura que vai cuidar de todos os detalhes. Vai comprar a lanterna para garantir ilumina��o � noite, um isqueiro capaz de resistir ao vento e at� uma barraca, caso se percam novamente e tenham que passar a noite no mato. Sobre a experi�ncia necess�ria a esse tipo de aventura, o estudante se mostra confiante e diz que, por ter morado alguns anos em um s�tio, est� apto a repetir o feito.
N�O FIQUE PERDIDO
Dicas para fazer passeios ecol�gicos sem transtornos
Avise sua fam�lia sobre o passeio e diga quando pretende retornar
Antes da caminhada, verifique as condi��es do tempo
Leve sempre mochila com alimenta��o, l�quido, equipamento de comunica��o e lanterna
Planeje a rota e consulte mapa e roteiro durante a viagem
Busque trilhas “batidas” ou siga um curso d’�gua, para ter refer�ncia
N�o fa�a caminhadas e atividades de explora��o sozinho. O ideal � estar em grupos
Em �reas desconhecidas, procure sempre um guia
Evite bebidas alco�licas
Oriente-se por sons conhecidos (carros, f�bricas, sirenes etc ).
Deixe marcas de sua passagem que possam indicar o seu caminho
N�o corra na mata
Acampe longe de �rvores de galhos grandes e secos, principalmente durante ventanias
Caso necess�rio, ligue 193 (Corpo de Bombeiros)
FONTE: Corpo de Bombeiros