
“Fizemos prospec��es nas paredes e encontramos, sob camadas de tinta, os tons vermelho, laranja e cinza. Em fotografias antigas, vimos os desenhos, e, no projeto original, as cores”, explica a restauradora, que elaborou os estudos e caiu no gosto da comunidade religiosa. A interven��o j� est� aprovada pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio.
Na noite de ontem, na igreja, durante missa festiva celebrada pelo bispo auxiliar dom Jo�o Justino de Medeiros Silva, foi aberta oficialmente a programa��o da Arquidiocese de Belo Horizonte para a Copa do Mundo, com o tema Dignidade e Paz. Bandeiras dos 32 pa�ses participantes do Mundial de Futebol e dos 12 estados brasileiros que receber�o jogos foram hasteadas no adro, ao som do Hino Nacional tocado pelo saxofonista Chico Amaral, repicar de sinos e olhares de admira��o dos fi�is presentes � igreja centen�ria.
Na celebra��o, dom Jo�o Justino disse que a Igreja quer acolher os visitantes em clima de paz, sem perder de vista as reivindica��es da popula��o. “Estaremos com todos os olhares voltados para o nosso pa�s. E esta � uma oportunidade de n�o s� torcermos, mas fazermos uma copa da civilidade, de jogar a favor da vida”, afirmou, lembrando que, a partir do debate levantado pelas manifesta��es do ano passado, a Arquidiocese de Belo Horizonte tamb�m estar� recolhendo assinaturas para projeto de lei de iniciativa popular para a reforma pol�tica.
SEM ATRAPALHAR Os andaimes n�o v�o atrapalhar as visitas � igreja durante as partidas das sele��es, pois v�o ficar montados at� pouco antes da Copa, para os primeiros servi�os, retornando em meados de julho, para que a obra avance. Previsto para durar em torno de dois anos, com recursos de cerca de R$ 1,4 milh�o, o projeto vai contemplar de in�cio a parte central da constru��o – algo em torno de um ter�o da fachada. Na biblioteca, mostrando o projeto elaborado h� 113 anos, o titular da Par�quia S�o Jos�, padre Jos� do Carmo Zambom, conta que ser� iniciada uma campanha para obter recursos, assim como ocorreu durante a obra de restaura��o do interior do templo, que trouxe de volta o esplendor das pinturas parietais de autoria do alem�o Wilhelm Schumacher, escurecidas pelo p� de asfalto e fuligem. No projeto original, est� escrito Matriz da Cidade de Minas – Maio de 1901, tr�s meses antes de Belo Horizonte receber o nome atual.
Padre Zambom explica que a matriz foi pintada em 1912, por Schumacher, e p�de ser vista at� 1928, quando, devido � degrada��o provocada pelo tempo, ganhou o bege em todo o exterior. “Acho que as pessoas v�o gostar muito”, acredita Marrege, que tem sua equipe ainda trabalhando na restaura��o de pinturas da capela da casa dos padres, localizada no fundo do templo. A interven��o vai revelar aspectos que os belo-horizontinos n�o conhecem, como as torres antes revestidas de pedra ard�sia e depois cobertas por tinta prateada.
Conforme o estudo, todas as fachadas est�o repintadas com tinta acr�lica na cor bege. De acordo com as prospec��es, foram encontradas mais duas camadas de repinturas sobre a original, de colora��es terrosas e azul. Al�m disso, foram localizadas tonalidades alaranjadas (cor de tijolo) e vermelho �xido de ferro, dispostas alternadamente em faixas das paredes externas, e um tom azul-escuro esverdeado nas colunas, junto a douramentos. A decora��o corresponde a uma segunda pintura da igreja realizada em 1928, j� que a primeira, decorativa, era imita��o de pedra, com a comprova��o pelo registro fotogr�fico do acervo da congrega��o. “A recupera��o est�tica vai valorizar a edifica��o na sua concep��o estil�stica”, informa a restauradora.

INTERIOR Recebendo a visita di�ria de cerca de 2 mil pessoas, a Igreja de S�o Jos� teve todo o interior restaurado de 2010 a 2013 (veja quadro), com destaque para os elementos art�sticos que recuperaram a luminosidade e foram inaugurados em 22 de dezembro. As pinturas parietais – feitas diretamente sobre paredes e teto, grande moda em BH no in�cio do s�culo 20 – consumiram dois anos de trabalho, entre 1911 e 1912.
Considerado o maior conjunto desse tipo de ornamentos em igrejas da capital, o interior da matriz re�ne uma variedade de motivos religiosos e alguns pag�os: h� figuras de 28 santos, de um lado os homens e do outro as mulheres; o patrono da matriz no alto do arco-cruzeiro, com a inscri��o Rogai por n�s; os evangelistas; pain�is mostrando Jos� do Egito (que n�o tem nada a ver com o pai adotivo de Jesus), sendo vendido pelos irm�os e depois em sua volta triunfal; Nossa Senhora ao lado dos ap�stolos; e at� os s�mbolos do zod�aco que, para os religiosos, representam constela��es. Quem olha atentamente cada cent�metro coberto pelas pinturas pode encontrar algumas envoltas em mist�rios que desafiam historiadores e te�logos, a exemplo das tr�s lebres perto da porta lateral.
As v�rias cores da unidade
Ontem � tarde, quem passava pela Avenida Afonso Pena, no Centro da cidade, n�o ficava indiferente �s bandeiras hasteadas na Igreja de S�o Jos�. O comerciante Jos� Raimundo Rocha Santana, acompanhado da mulher, Dileusa, veio de Betim, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, para conferir a homenagem da par�quia aos estrangeiros que chegar�o � capital. “Vimos de longe a bandeira da Argentina, sempre o maior rival do Brasil na Copa, e procuramos tamb�m a da Cro�cia, que ser� o nosso primeiro advers�rio”, comentou Jos� Raimundo. “Agora estamos aqui, olhando uma por uma, e tentando identificar os pa�ses”, disse Dileusa. Para facilitar essa tarefa, ser�o afixadas placas de cada na��o nos mastros.
Chegando para a missa das 16h e vendo toda a movimenta��o de funcion�rios para limpar o adro, a vendedora S�nia Ribeiro, residente no Bairro Gameleira, na Regi�o Oeste, considerou a ideia “inovadora”, pois as bandeiras “chamam a aten��o e sa�dam os turistas”. A mission�ria Ludmilla Abreu, de 22 anos, da comunidade �rvore da Vida, de Jaboticatubas, na Grande BH, ressaltou a import�ncia do hasteamento das bandeiras “pela unidade da f� e dos povos”.
Para receber os estrangeiros, a Arquidiocese de BH est� programando missas em ingl�s, espanhol, franc�s e italiano em v�rias igrejas da cidade, apresenta��o de orquestras e corais, a��es sociais, entre outras atividades. Na Igreja de S�o Jos� j� est� definido que as missas v�o ser celebradas em espanhol �s quartas e sextas, �s 11h, e domingos �s 11h30.
» 1900
Em janeiro, � criada a Par�quia de S�o Jos�
» 1902
Em abril, ocorre o lan�amento da pedra fundamental
»1904
O templo � liberado para celebra��es
» 1907
T�rmino da obra interna da igreja
» 1910
Conclus�o das torres e da pintura do batist�rio
» 1911
Instala��o do rel�gio e do sino
» 1911/1912
� feita a pintura interna da igreja
1928
Fachada e laterais perdem a cor original e ganham a cor bege
» 2010 a 2013
Restaura��o do interior do templo, com in�cio no coro
» 2014
Projeto de recupera��o da fachada entra em execu��o