Uma rede de comunica��o via r�dio, criada h� 10 anos pela Associa��o dos Moradores da Pra�a Mar�lia de Dirceu e Adjac�ncias (Amalou), no Bairro de Lourdes, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, conseguiu reduzir a criminalidade e virou exemplo para outros bairros da capital. S�o 60 aparelhos distribu�dos entre porteiros de condom�nios associados, que se comunicam entre eles para alertar os vizinhos da pr�tica de crimes e da presen�a de suspeitos nas imedia��es. O modelo de vigil�ncia foi adotado tamb�m nos bairros Santo Agostinho e Cidade Jardim, na mesma regi�o, e por seis condom�nios de Nova Lima, na Grande BH. Nessa ter�a-feira, a Associa��o dos Moradores da Savassi (Amas) anunciou que pelo menos 30 r�dios ser�o adquiridos depois da Copa do Mundo e que j� est� se reunindo com os condom�nios e comerciantes interessados em participar do grupo.
A Pol�cia Militar apoia a iniciativa dos moradores e oferece cursos de seguran�a. Nos �ltimos dois dias, 146 porteiros do Lourdes receberam dicas de seguran�a do comandante da 4ª Cia. da PM, major Marcellus de Castro Machado. Amanh�, a unidade da PM vai descentralizar o seu comando e o atendimento ao p�blico ser� transferido da sua sede, na Rua da Bahia, para a Pra�a Mar�lia de Dirceu, das 16h �s 22h. Uma tenda com computadores ser� instalada para saber as principais demandas da popula��o em rela��o � seguran�a p�blica. O mesmo atendimento ser� feito na Savassi e na regi�o da Igreja da Boa Viagem, atendidos pela companhia.
A Amalou aluga os r�dios de uma empresa fabricante de celulares e os repassa aos pr�dios e lojas credenciados. O aluguel custa R$ 70 mensais, dividido entre os moradores do condom�nio. Para cada 16 r�dios alugados, a associa��o pode comprar um por R$ 1,5 mil. A rede tem autoriza��o da Ag�ncia Nacional de Telecomunica��es (Anatel). Um r�dio fica no comando da PM e outro com o policial do bairro. Agora, estamos colocando outro r�dio na viatura do bairro.
Segundo o presidente da Amalou, Jeferson Rios, o porteiro tem vis�o de 180 graus da rua da guarita onde trabalha. “Se um ladr�o tentar assaltar um mulher, o porteiro descreve o ladr�o, que usa camisa vermelha , blusa branca, por exemplo. Ele fala que o suspeito fugiu pela Rua Tom�z Gonzaga, o outro porteiro informa pelo r�dio que o ladr�o entrou na Rua S�o Paulo, e os 59 porteiros e a PM ficam ouvindo. Eles v�o seguindo os passos do bandido, dando todas as coordenadas para a PM fazer a pris�o”, disse.
O porteiro J�lio Fafe, de 42 anos, por exemplo, usa o r�dio para se comunicar com colegas e alertar sobre presen�a de suspeitos perto do pr�dio onde trabalha, em Lourdes. Os porteiros j� evitaram v�rios assaltos no bairro, segundo o presidente da Amalou. Em 15 de abril, um ladr�o vestido com uniforme de uma empresa de g�s tentou entrar num pr�dio dizendo que havia vazamento de g�s com risco de explos�o. O porteiro disse que iria avisar o s�ndico, o suspeito foi embora e o porteiro espalhou o alerta pelo r�dio. Em outra tentativa de assalto, na Rua Alvarenga Peixoto, o porteiro percebeu as v�timas com as m�os levantadas e chamou a pol�cia, que prendeu os ladr�es.
Em 13 de maio, uma mulher tentou entrar em um pr�dio do Lourdes com um ter�o e um quadro de Nossa Senhora de F�tima. Ela dizia fazer parte de uma rede de ora��o e queria falar com o s�ndica, que procurou saber qual igreja que a mulher frequentava e o nome do padre respons�vel. Descoberta a farsa, a mulher fugiu com dois homens que a aguardavam em um carro. Os outros 59 porteiros foram alertados.
POL�MICA
O major Marcellus informou que associa��es de outros bairros entraram com uma a��o no Minist�rio P�blico alegando que a PM estaria fazendo atendimento priorit�rio aos moradores do Lourdes. A participa��o da PM na rede de r�dio foi suspensa por um per�odo e agora est� sendo revista pelo Minist�rio P�blico.
O presidente da Amas, Alessandro Runcini, disse que a associa��o pretende conectar moradores, comerciantes e porteiros com a PM. “Quero formar uma rede de forma que a pol�cia seja avisada imediatamente quando houver um crime”, disse.
“Quando o cidad�o acompanha uma situa��o dessa, ele potencializa as informa��es passadas para a pol�cia. Quando as passa quase em tempo real, com todas as caracter�sticas de um suspeito, a atua��o da PM at� facilita”, avaliou o comandante da 4ª Cia. Segundo ele, a implanta��o da rede de r�dio na Savassi est� sendo analisada. “Lourdes tem um dos menores �ndices de criminalidade de BH, assim como a Savassi. Isso, gra�as � atua��o da PM e o apoio da comunidade”, disse.
CURSO
No curso ministrado pelo major Macellus de Castro, no sal�o de festa de um pr�dio da Pra�a Mar�lia de Dirceu, os 146 porteiros receberam dicas de como evitar assaltos. Uma delas � o morador estabelecer senhas com o porteiro quando estiver em situa��o de risco. “A pessoa coagida fala o nome do porteiro diferente. N�o alarma ningu�m e o porteiro fica sabendo por ser alguma coisa combinada”, afirmou o major.
A Amalou fez uma apostila com 49 dicas de seguran�a. Entre elas, est�o senhas secretas para abertura da garagem, constru��o de banheiro na guarita para evitar deslocamento do porteiro, uso de vidros blindados, morador n�o descer para receber encomendas e lista de convidados na portaria quando houver festas. Em um pr�dio foi constru�do um passa-volume, esp�cie de gavet�o, para o entregador de pizza ou de flores, por exemplo, n�o precisar entrar no pr�dio.
