Eles partiram levando na bagagem a expectativa de estudar em uma universidade do exterior e incrementar o curr�culo com dom�nio de um segundo idioma. Mas o sonho que une estudantes do Ci�ncia sem Fronteiras, programa do governo federal que incentiva o interc�mbio internacional, tornou-se pesadelo para alguns desses universit�rios. Muitos viajaram para Europa, Am�rica do Norte e at� Oceania sem conhecimento da l�ngua, mas com o compromisso de estudar para dominar o idioma e garantir o ingresso no curso superior. Uma parcela deles, no entanto, teve o teste antecipado e, sem conseguir a nota m�nima exigida, est� voltando de m�os vazias. Estudantes de Minas que est�o na Austr�lia ficaram at� mesmo sem seguro sa�de. Atrasos no pagamento das bolsas, falta de informa��o e de orienta��o s�o comuns, segundo os intercambistas.
Alunos que viajaram com a pend�ncia de aprender o idioma pretendiam inicialmente estudar em Portugal. Mas, no ano passado, o Minist�rio da Educa��o cancelou os conv�nios com as universidades portuguesas. Na �poca, o ent�o ministro Aloizio Mercadante alegou a necessidade de estimular entre os candidatos o dom�nio de um segundo idioma. Ao todo, 3.445 estudantes foram realocados para Estados Unidos, Reino Unido, Austr�lia, Canad�, Fran�a, Alemanha, It�lia e Irlanda, com a promessa de fazer o curso de idioma no destino para, depois, se submeterem ao teste de profici�ncia, que verifica o dom�nio da l�ngua e � requisito para ingressar em curso de gradua��o no exterior.
Foi nesse contexto que Nath�lia C�sar Giovani, de 24 anos, matriculada no �ltimo per�odo de biomedicina da Universidade Fumec, em BH, desembarcou na Austr�lia, em outubro do ano passado. A candidatura para Portugal havia sido confirmada em fevereiro mas, em 24 de abril, houve a transfer�ncia para a Fran�a. Em 12 de julho, a candidatura da Fran�a tamb�m foi cancelada e a estudante foi realocada para a Austr�lia, sem que precisasse fazer teste de nivelamento no Brasil. “N�o conhecia nada sobre a cultura australiana, mas embarquei por ter ambi��es quanto ao meu futuro e por ainda confiar no �rg�o que tratava do assunto”, conta. A transfer�ncia foi confirmada um m�s depois e, em 2 de outubro, Nath�lia desembarcava em terras australianas, para onde foram outros 1.244 alunos que inicialmente teriam Portugal como destino.
A garota viajou com a promessa de que teria 15 a 20 semanas de curso de ingl�s, mas, no in�cio de dezembro, ap�s nove semanas, foi informada de que teria de fazer o teste de profici�ncia dentro de cinco dias. “Tivemos pouco tempo de estudo em compara��o com quem havia chegado em julho e faria a mesma prova. Fizemos o exame sem saber o crit�rio de avalia��o, qual a nota exigida e o motivo da antecipa��o”, diz.
Desde ent�o, a estudante vive uma dor de cabe�a atr�s da outra, na esperan�a de ainda conseguir cumprir seu objetivo. “Estou lutando para ter uma forma��o de excel�ncia. Estudo com o Fies (financiamento estudantil) e tentei o Ci�ncia sem Fronteiras porque era o meu sonho fazer interc�mbio. Minha fam�lia nunca teria condi��es de pagar por isso. Mas � um sonho que est� virando pesadelo.”