Gustavo Werneck

Aleijadinho revelado – Estudo hist�rico sobre Antonio Francisco Lisboa demandou 20 anos de investiga��o em Ouro Preto, Congonhas e Mariana, Rio de Janeiro e em Lisboa, com destaque para os arquivos Nacional da Torre dos Tombos, Hist�rico Ultramarino e da C�mara Municipal da capital portuguesa. Mas foi na Matriz de Nossa Senhora da Concei��o de Ant�nio Dias, em Ouro Preto, que Marcos Paulo fez uma das descobertas mais importantes: encontrou o registro de nascimento de Antonio Francisco Lisboa, que era filho da negra forra Isabel.

OFICINA O pai de Aleijadinho, Manoel Francisco Lisboa, nasceu em S�o Jos� de Odivelas, antes pertencente a Lisboa e hoje munic�pio. “O nome de fam�lia n�o � propriamente ‘de Lisboa’, apenas indica a proced�ncia. O pioneiro Jo�o Francisco e seus tr�s filhos vieram da capital portuguesa atra�dos, no auge da minera��o do ouro nas Gerais, pela alta efervesc�ncia de constru��o de igrejas. Era uma fam�lia de art�fices. Os tios de Aleijadinho, Antonio Francisco Pombal e Francisco Antonio Lisboa, foram ex�mios entalhadores e atuaram, respectivamente, nas matrizes do Pilar e de Nossa Senhora da Concei��o de Antonio Dias”, diz o promotor de Justi�a.
Nas pesquisas, Marcos Paulo verificou que o escultor dos 12 profetas de Congonhas, obra em pedra-sab�o feita entre 1800 e 1805, e de dezenas de outros tesouros admirados por visitantes de todo o mundo, foi aprendiz, oficial e se tornou mestre, aprendendo a trabalhar com a pr�pria fam�lia, pois todos eram do ramo. Em 1760, quando tinha 23 anos, come�ou com a sua oficina, embora n�o fosse um espa�o f�sico, mas um servi�o itinerante. “Ele se deslocava para o lugar onde houvesse servi�o, tanto que morou em Rio Espera e Sabar�. A equipe dormia geralmente nas casas paroquiais. Outra atividade importante, a exemplo da desempenhada pelo pai, foi a de perito ou “louvado”. Um dos irm�os de Aleijadinho, o padre F�lix, seguiu a mesma trilha e se tornou talentoso escultor de pe�as sacras.
Ano do Barroco Minas celebra em 2014 o Ano do Barroco e reverencia a mem�ria de Aleijadinho pelos 200 anos de sua morte. At� o fim do ano, haver� uma programa��o extensa na capital e no interior, com exposi��es, lan�amento de livros, atividades de educa��o patrimonial e uma cartilha dirigida aos estudantes, preparada pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha). No Museu Mineiro, na Av. Jo�o Pinheiro, no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul de BH, est� em cartaz a mostra Patrim�nio recuperado, com 150 pe�as sacras resgatadas desde 2003 pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais e Pol�cia Federal. O objetivo da exposi��o, al�m de mostrar a beleza das pe�as, � que, ao visit�-la, moradores da capital e interior ajudem na identifica��o e tornem poss�vel o retorno das pe�as aos seus locais de origem.
Servi�o
Aleijadinho Revelado – Estudo hist�rico sobre
Antonio Francisco Lisboa
Lan�amento dia 25, �s 18h30, na Procuradoria Geral de Justi�a (Avenida �lvares Cabral, 17, Centro,
Belo Horizonte).
Um mist�rio permanece
Em tantos anos de estudo, muitos deles conduzidos nos per�odos de folga e f�rias no Minist�rio P�blico de Minas Gerais, Marcos Paulo constatou que Antonio Francisco Lisboa � o “maior caso cl�nico n�o desvendado no Brasil”. E, nas p�ginas de Aleijadinho revelado, editado pela Fino Tra�o, ele n�o encontrou a resposta para a pergunta: que doen�a acometeu o g�nio do Barroco?. “Ele desempenhou seu of�cio com ferramentas presas �s m�os e essa defici�ncia pode ter sido causada por fratura ou lepra”, acredita.
Outra quest�o se refere aos restos mortais exumados quatro vezes, em 1930, 1947, 1970 e 2003, e que podem ter sido de outra pessoa, “e n�o de Aleijadinho”, ressalta Marcos Paulo, que d� a sua vers�o para os fatos baseados at� em f�rmulas matem�ticas. Outra surpresa se refere � segunda exuma��o, realizada de forma clandestina: “Felizmente, os peda�os de osso levados para a Inglaterra retornaram ao Brasil”.
Marcos Paulo se emociona ao falar de Aleijadinho, para ele um dos maiores exemplos de simplicidade, humildade e sofrimento. “Morreu pobre, aos 77 anos, morando de favor na casa da nora. N�o tinha bens, n�o deixou testamento nem invent�rio.”
