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Estado de Minas

BH acompanha jogo do Brasil de maneira democr�tica

Aglomerado da Serra, na Zona Sul de BH, tem clima de seguran�a e paz. Em outros pontos, cada um aproveitou o 'feriado' a seu modo. Em Confins, multid�o ocupou terminal


postado em 18/06/2014 06:00 / atualizado em 18/06/2014 08:22

Na calçada da Rua Nossa Senhora de Fátima, na Serra, a televisão de 14 polegadas complementou a festa de um grupo de moradores(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Na cal�ada da Rua Nossa Senhora de F�tima, na Serra, a televis�o de 14 polegadas complementou a festa de um grupo de moradores (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Adivinhe qual � o lugar mais seguro de Belo Horizonte para assistir aos jogos do Brasil pela Copa do Mundo? Errou quem apostou nos quarteir�es fechados da Regi�o da Savassi, no cord�o de isolamento da Pra�a Sete, nas Fanfests promovidas pela Fifa ou no corredor praticamente blindado da Avenida Ant�nio Carlos, nas imedia��es do Mineir�o. Apesar da aus�ncia quase total do policiamento, deslocado para cobrir diversas manifesta��es pela cidade, os mais de 50 mil moradores do Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul, assistiram ontem ao empate entre Brasil e M�xico, na mais absoluta tranquilidade. Em outros pontos da cidade, muita gente alheia � copa, curtiu, a seu modo, a ter�a-feira de ‘feriado’ que tomou conta da cidade. Uns foram praticar exerc�cios, outros aproveitaram para colocar o cinema em dia. Em Confins, entre idas e vindas de voos, muita gente parou para ver os melhores lances do Mundial nas TVs espalhadas pelo terminal.

“Na ‘Copa dos Exclu�dos’, todo mundo saiu ganhando”, defende Alexandre Morais, o L�cha, de 36 anos, coordenador do Paz na Serra, entidade que promoveu um concurso de decora��o que mobilizou todo o morro, que se coloriu de verde e amarelo, com a ades�o de 25 ruas. “Queremos mostrar esse lado bonito do aglomerado que � a uni�o desse povo que sofre e que sabe de verdade como faz falta a sa�de e a educa��o”, diz. Segundo L�cha, diferentemente dos bairros da Regi�o Sul, que economizaram nos enfeites, � preciso seis horas para fazer um tour pela favela nos tons da Copa.

Exatamente como no jogo do Brasil, ontem, o resultado do concurso rendeu o empate entre a Rua da Passagem e a Rua Doutor Camilo. Na primeira, ganharam as bandeiras gigantes de papel crepom picado, que podem ser vistas de v�rios pontos da Serra. Na segunda, pesou a restaura��o do muro da escola p�blica e a limpeza do lixo nas ruas. Como pr�mio, foram oferecidas pe�as de picanha, engradados de cerveja e refrigerantes. “Nosso morro � s� curti��o”, disse Cl�udio Gabriel Ferreira, de 14, que aproveitava as f�rias escolares para fazer uns bicos no lava-jato localizado em uma das ruas vitoriosas. Em clima de Copa, exibia os cabelos pintados de verde-lim�o.

Na Rua Nossa Senhora de F�tima, na altura do n�mero 339, os moradores preferiram investir o dinheiro que seria gasto na decora��o. A vizinhan�a organizou uma animada torcida diante de uma televis�o de 14 polegadas. O mais importante era a canjica distribu�da gratuitamente, com direito a acr�scimo de leite condensado. No jogo anterior, havia sido arroz doce. No pr�ximo, est� programado caldo de mandioca. Se o Brasil passar para a pr�xima fase, est� previsto um churrasco.

Na barriga, aos 9 meses, Luan V�tor amea�ava nascer. A m�e, Priscila Mara Silva, de 23 anos, continuava assistindo ao jogo, j� sentindo as primeiras contra��es. J� o pai, que havia trabalhado a noite inteira como taxista, aproveitava para descansar. “Na semana passada ele viu o jogo, mas hoje ele est� exausto. Disse que est� trabalhando com medo de tomar pedrada. Na minha opini�o, se eles quisessem impedir a Copa, tinha de ser antes e n�o agora, depois que j� se gastaram milh�es, n�o �?”, questionava a gestante.

Pra�a, corrida e pipoca

T�o logo come�ou o jogo Brasil x M�xico, o professor de ingl�s �rico Vieira saiu para correr. E correu muito, com f�lego suficiente para contornar a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, passar pelas pra�as Sete, Raul Soares e Liberdade, chegar � Savassi e depois subir a Avenida Afonso Pena at� a Pra�a do Papa, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. “Gosto de esportes, mas n�o de futebol”, revelou �rico que, de mochila nas costas, mostrava boa forma f�sica e muita determina��o. A exemplo do professor, h� outros mineiros que preferem, no dia em que a Sele��o Canarinho entra em campo, ficar longe da tev� e buscar alternativas de divers�o – sempre de bom humor e sem um pingo de remorso.

�nico cinema da cidade com sess�o na hora da partida, o Humberto Mauro, no Pal�cio das Artes, recebeu 10 pessoas, que assistiram gratuitamente ao filme A cor do dinheiro, de Martin Scorsese. No primeiro jogo do Brasil, quinta-feira, havia apenas duas. “N�o consigo entender essa idolatria com o futebol e acho at� que, desta vez, o povo nem est� t�o empolgado. N�o sou contra a Copa, mas vim ao cinema para fugir de tudo isso”, disse o artista pl�stico Roberto Freitas.

Ao ar livre

Na Pra�a Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efig�nia, o administrador Geraldo de Andrade, residente no Bairro S�o Geraldo, ficou longe do 0 a 0, sentado tranquilamente num banco do espa�o p�blico, onde crian�as brincavam e casais de namorados se beijavam. Bem longe dali, na Pra�a do Papa, os namorados Felipe Leonardo Gomes Mendes Fonseca e Raquel Mendes, moradores do Bairro Planalto, buscaram o sossego, de olho na bela paisagem da cidade e da Serra do Curral. “At� passamos na Savassi, vimos aquela muvuca e achamos melhor vir para c�. Gosto de futebol, n�o nego a minha alma e minha ess�ncia, mas n�o estou com o menor entusiasmo nesta Copa”, disse Felipe Leonardo. Para Raquel, sempre vale torcer pela Sele��o. “Acho interessante a Copa ser no Brasil, h� muita gente diferente e encontro de culturas.”


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