
Os gols ficaram em algum lugar do passado. Nos nomes mais lembrados do peda�o. Enquanto a trupe de Neymar e companhia era barrada pelo pared�o mexicano em Fortaleza, o assunto na Casa do Anci�o, em Belo Horizonte, era Nilton Santos, Pel�, Rivelino, Tost�o, Garrincha, Gerson, Zagalo e Tel� Santana – nomes que nem o “problema de esquecimento” da grande maioria na plateia deu conta de apagar. “� saudade!”. O tel�o de dois metros foi instalado no refeit�rio especialmente para o Mundial.
No abrigo, 87 torcedores entre 65 e 104 anos. Muitos deles com arquinhos, antenados com duas bandeiras do Brasil na cabe�a. Dia de festa para quebrar a rotina de poucas alegrias. Mesmo com o empenho dos funcion�rios da Cidade Ozanam para fazer do lar dos idosos um ambiente para grande fam�lia, a solid�o e a tristeza no casar�o tocam profundezas. Haja cora��o para tarde de tantas amizades.
� not�vel o carinho de Mar�lia, Doralice, Val�ria e Simone na lida com os internos. S�o quatro dos quase 100 soldados do bem do pequeno ex�rcito da Sociedade de S�o Vicente de Paulo, no Bairro Ipiranga. Tanto carinho que Terezinha C�ndido, de 85, est� no endere�o por conta pr�pria. “Tenho fam�lia: dois filhos e cinco netos. Mas gosto muito de ficar aqui”, sorri, de olho no lance. Ela gosta muito do Neymar. Entretanto, considera que os jogadores de hoje n�o tem mais o mesmo “amor � camisa”. Na TV, tome bola fora.
As tr�s irm�s Moura – Maria Helena, de 76, Maria Lisbela, de 80, e Terezinha, de 78 – acompanham a partida do fundo do sal�o. Esbo�am um sorriso, balan�am a bandeirinha e batem palmas ami�de. As tr�s na casa dos 80, sem filhos, jamais se separaram. Procuraram juntas o abrigo. S�o o melhor sentido da palavra “irm�o”. “Nossa m�e nasceu em Diamantina. Est� no c�u agora, olhando pra n�s”, sorri Maria Helena.
A vista ruim n�o atrapalha uma das torcedoras mais empolgadas do refeit�rio. Maria Luzia diz acompanhar com paix�o o futebol desde os 17 anos. “Voc� d� conta de acertar quantos anos eu tenho?” Hum… 65? “92!”, gargalha. Maria Luiza diz que a “cabe�a est� fraca”, mas que n�o esquece das muitas alegrias que teve com Pel�.

Com a torcida pra l� de desanimada com o jogo, a assistente social Simone tenta motivar a galera: “N�o desiste n�o, gente! O Brasil vai ganhar!”. A mo�a � s� sorriso. � a mais animada do grupo. Mar�lia, a presidente da Cidade Ozanam, fala em trabalhar para mais lazer e oportunidades de programas diferentes para os idosos. Sonha um espa�o multiuso constru�do no quintal. “Eles precisam. E gostam, n�!?”, diz.
No campo da boa vontade, nem as melhores vibra��es dos mais velhos d�o jeito na Sele��o Brasileira. “J� vai, Nan�?”, algu�m quer saber. Nan� vai para o quarto. A senhorinha n�o deu conta de ver o jogo at� o final. “Entra a�, amarelinho! Entra! Entra!”, torceu Terezinha. N�o deu. Neymar foi derrubado por Vasquez. Amarelinho � o Neymar. Entendi.
Perto da porta, a senhora simpatia. Hercea Evangelista, de 88, gosta mesmo � de fazer ca�a-palavra. Mas n�o resiste aos jogos do Brasil. Contudo, n�o deixa para tr�s o livrinho de desafios “Sabe Tudo”. De caneta na m�o, levou-o ao refeit�rio para o intervalo e para os momentos de pouco entusiasmo durante a partida. Contra o M�xico, Hercea deu conta de preencher duas p�ginas de entretenimento.
A cada jogo do Brasil, uma visita a um lugar da cidade. No primeiro jogo, Brasil 3, Cro�cia 1, o EM esteve no Hospital Sofia Feldman