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Estado de Minas

Com ingressos a pre�os altos, vizinhos do Mineir�o se contentam em ver jogos pela TV

Vizinhos do Mineir�o v�o ouvir o grito da torcida no jogo decisivo de amanh�, mas ter�o de se conformar em ver o espet�culo pela TV. A Copa pouco mudou o dia a dia desses cidad�os


postado em 27/06/2014 06:00 / atualizado em 27/06/2014 07:28

Pescador na Lagoa da Pampulha, o aposentado Sebastião Bispo nem passou perto do Mineirão (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Pescador na Lagoa da Pampulha, o aposentado Sebasti�o Bispo nem passou perto do Mineir�o (foto: Euler J�nior/EM/D.A Press)
Eles moram perto do Mineir�o. Vivem ali desde antes de o Gigante da Pampulha nascer, j� se acostumaram � rotina do est�dio. Em dias de cl�ssico, podem ouvir, do sof� de casa, o grito de gol das arquibancadas lotadas. Ao sair no port�o, trope�am nos torcedores. Amanh�, dia decisivo para o Brasil na Copa do Mundo, pouco vai mudar na rotina do desempregado Anderson da Silva, de 31 anos, cuja casa fica no Bairro Bra�nas, e de Terezinha Gon�alves, de 50, moradora de uma invas�o � beira da Lagoa da Pampulha. Ambos ter�o de acompanhar pela TV o espet�culo que ocorrer� pertinho de sua sala.

“Os ingressos para a Copa s�o caros demais. N�o d�”, lamenta o zelador Anderson da Silva, que foi mandado embora do emprego h� dois meses, depois de 14 anos de dedica��o. Ele n�o se deixou abater. Com o fundo de garantia, comprou um carro usado e passou a estudar mec�nica. “Teria que gastar uns R$ 300 para pegar um lugar bom no est�dio. A mensalidade do meu curso � R$ 270. Vou ter que assistir pela tev� mesmo”, conforma-se ele, que sonha abrir uma oficina no terreno da fam�lia, heran�a da bisav�.

“L� de cima da escada, d� para ouvir o pessoal gritando do Mineir�o, sabe? Sou cruzeirense, mas admito: os torcedores do Galo gritam mais”, conta Silva, que mora no Bairro Bra�nas, nas imedia��es da Toca da Raposa, sede do time azul e branco. Se quiser ver uma ponta do Mineir�o, ao longe, o zelador precisa pedir licen�a para usar a escada do vizinho, que d� acesso ao terra�o. Anderson divide quarto, cozinha e banheiro com a mulher, a dom�stica Eufr�sia, de 31. A enteada, de 10, dorme no andar de baixo com a av�, a dona do im�vel.

Dia sim, dia n�o, o aposentado Sebasti�o Bispo, o Ti�o, de 71, pesca til�pias na Lagoa da Pampulha. Antes de se sentar, ele estuda o melhor lugar. Depois, deposita ao lado a sacola, que leva a massa e as minhocas. Em seguida, lan�a a vara de pescar no rumo exato do Mineir�o. Faz o movimento com tanto gosto que, por mais um pouco, fisgaria um chileno pela gola. “Nem passei perto do est�dio nesta Copa. Fico s� olhando da janela do �nibus”, diz o sorridente pescador, cujos chinelos de dedo s�o enfeitados com a bandeira brasileira.

Terezinha Gonçalves e o filho, Alexandre, que está indignado com os custos da Copa
Terezinha Gon�alves e o filho, Alexandre, que est� indignado com os custos da Copa

Contraste Desbotada, a casa de Terezinha Gon�alves destoa da alegria e da vibra��o do entorno da Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, decorada com emblemas da Copa do Mundo. Sentado em uma cadeira de balan�o, no meio do quintal, est� o filho dela, Alexandre Muniz dos Reis, de 25, diagnosticado com esquizofrenia. Ao lado da vira-latas Pandora, o jovem observa o movimento intenso de turistas, muitos deles estrangeiros. E comenta o contraste entre os brasileiros e os visitantes: “Eles s�o mais altos e muito, muito brancos. A fala tamb�m � diferente. N�o entendo nada do que dizem”.

De repente, Alexandre se agita. Diante da pequena tev� de tela plana, diz, revoltado: “� uma roubalheira essa Copa! Os ingressos s�o muito caros!”. Dona Terezinha abra�a o filho e o acalma, com um sorriso do tipo “deixa disso”. Ela se viu obrigada a deixar o emprego quando o rapaz foi diagnosticado como esquizofr�nico. O filho precisa de cuidados e a m�e tenta obter para ele a pens�o do INSS – at� agora, sem sucesso. Desde ent�o, a fam�lia � sustentada pelo sal�rio do mais velho, que trabalha como analista de sistemas.

“Outro dia, passou por aqui um turista, acho que era argentino. Ele perguntou, em portugu�s embolado, se a avenida dava no Mineir�o. Balancei a cabe�a (positivamente) e ele entendeu. Acenei e o homem gritou: ‘Brasil!’”, contou Terezinha, com um sorriso triste. 


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