postado em 10/07/2014 11:07 / atualizado em 10/07/2014 12:24
Discuss�o sobre posturas preconceituosas de torcedores em campo passa por ofensas como ''maria'' e ''gaylo'', usadas nos est�dios de Minas (foto: FRANCK FIFE / AFP)
Um debate sobre o preconceito contra homossexuais, transexuais e mulheres no mundo do futebol abre a Jornada BH Sem Homofobia nesta quinta-feira, das 18h �s 21h, no Centro de Arte Popular Cemig (Rua Gon�alves Dias, 1608, Lourdes). O evento � o primeiro na programa��o que antecede a Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, marcada para 10 de agosto. At� o dia da parada, uma s�rie de palestras, a��es culturais e outras interven��es ser�o promovidas por entidades e militantes da capital.
A mesa redonda desta quinta-feira � formada por Luiza dos Anjos, doutoranda em Ci�ncias do Movimento Humano na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Educa��o F�sica formada pela Universidade Federal de Minas Gerais; B�rbara Gon�alves, mestranda em Psicologia Social pela UFMG e Luiz Gonzaga Morando Queiroz, Doutor em Estudos Liter�rios pela UFMG. O evento tem entrada franca e participa��o livre.
Ofensas dentro e fora de campo
"O futebol se apresenta como um campo interditado a todos que n�o apresentam uma identidade heteronormatizada", observa Roberto Chateaubriand, coordenador do Centro de Refer�ncia pelos Direitos Humanos e Cidadania de L�sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CRLGBT). "A inten��o do evento � problematizar esse car�ter da nossa sociedade, que articula machismo, viol�ncia de g�nero e homofobia", acrescenta o diretor do �rg�o municipal.
Roberto observa que os termos ofensivos usados por torcedores quase sempre est�o relacionados � condi��o feminina — "quando os atleticanos chamam cruzeirenses de 'maria'" —, ou � homossexualidade — "cruzeirenses se referem aos rivais como 'gaylo'". Ele aponta que, em um ambiente com aus�ncia de homossexuais assumidos, os f�s do esporte associam sua pr�tica � virilidade dos atletas, sob a presun��o "equivocada" de que essa caracter�stica falte aos gays.
"Ao mesmo tempo, � como se os torcedores interditassem o feminino no futebol, uma vez que existe sempre o questionamento acerca da sexualidade das atletas mulheres. Ou seja, para jogar futebol, segundo essa opini�o preconceituosa, mulheres precisam ser l�sbicas e homens precisam ser h�tero", ressalta Chateaubriand.
O coordenador acredita que as atitudes preconceituosas v�o diminuir � medida em que os seguidores de futebol passarem a rejeitar estas demonstra��es. "Queremos provocar um debate para que, tal qual o racismo, isso possa ser denunciado e crie inc�modo quando ocorrer", compara Roberto. "Hoje o racismo passou a ser intolerado em espa�os p�blicos justamente porque passou a causar constrangimento para quem o pratica", afirma o coordenador do CRLGBT.
Um m�s de jornada
Ao longo do m�s, outros temas devem ser explorados por entidades ligadas � organiza��o da Parada de BH. Segundo o coordenador do CRLGBT, o N�cleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (NUH) da UFMG e o movimento Una-se Contra a Homofobia, projeto de extens�o da UNA, v�o promover debates sobre a homossexualidade. O Conselho Regional de Servi�o Social (CRESS-MG) deve trabalhar a quest�o do nome social para travestis e transexuais. J� as entidades de milit�ncia LGBT da capital pretendem dar foco � discuss�o sobre a laicidade do Estado em rela��o � sexualidade.