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Estado de Minas

Parentes de v�timas de queda de viaduto se revoltam

Depois de construtora afirmar que al�a norte de viaduto da Pedro I n�o caiu por "milagre", Defesa Civil decide remover 186 fam�lias de dois condom�nios e suspender aulas em escola. Elevado ser� demolido


postado em 24/07/2014 00:12 / atualizado em 24/07/2014 07:16

“Ficamos sabendo que a queda do viaduto era algo que poderia ter sido evitado. O que eles est�o esperando? V�o deixar que o outro viaduto caia em cima de mais algu�m?”, desabafou Thereza Cristina Santos, tia da condutora Hanna Cristina dos Santos, de 26 anos, que se sacrificou virando o volante do �nibus na pr�pria dire��o ao perceber que a estrutura do viaduto estava cedendo, no dia . Ao fazer isso, a motorista poupou a vida da filha de 5 anos e a dos outros 23 passageiros, jogados no sentido oposto.

Segundo Thereza Santos, a fam�lia de Hanna foi tomada por enorme revolta ao ficar sabendo que a queda no viaduto foi motivada por um erro de projeto. “A fam�lia toda est� indignada. Vamos ter de sentar e conversar para ver o que fazer. Algu�m vai ter de responder por isso”, avisou. Mais � noite, ela iria se reunir com o restante dos familiares para decidir as provid�ncias a tomar. “J� est� tudo nas m�os de advogados”, completou.

Vi�va de Charlys Moreira do Nascimento, de 25 anos, que morreu dentro do carro esmagado embaixo do viaduto, Cristilene Pereira Sena permanece bastante abalada, desde o dia do acidente. “N�o estou sabendo nada sobre o erro. Quando come�am a passar not�cias sobre o viaduto na tev�, troco de canal. N�o dou conta de assistir, porque minha cabe�a ainda n�o est� boa”, admite a mo�a, que est� recebendo ajuda psicol�gica e psiqui�trica da prefeitura de Lagoa Santa, onde mora. “Vou entrar na justi�a contra quem? Nem eles sabem quem foi o culpado…”, afirma Cristilene.

Vizinhos desalojados

Tr�s semanas depois da queda da al�a sul do Viaduto Batalha dos Guararapes e do fechamento do tr�nsito da Avenida Pedro I entre os bairros Planalto (Norte) e S�o Jo�o Batista (Venda Nova), moradores vizinhos ter�o de enfrentar mais transtornos por raz�es de seguran�a. Diante do an�ncio feito na ter�a-feira pela Cowan, construtora respons�vel pelo elevado, de que a al�a norte corre o risco de cair e ainda n�o desabou por “milagre”, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) decidiu retirar dos im�veis 186 fam�lias que moram nos residenciais Antares e Savana, no Bairro S�o Jo�o Batista. A Comdec pediu tamb�m a suspens�o por 30 dias das aulas no Col�gio Helena Bicalho, na Rede Pit�goras, que fica ao lado do viaduto, alterando a rotina de 400 alunos de ensino fundamental e m�dio.

O coronel Alexandre Lucas, coordenador da Defesa Civil, disse que as fam�lias poder�o ir para a casa de parentes ou para hot�is, que j� est�o sendo analisados pela prefeitura. Os moradores come�aram a ser cadastrados ontem por assistentes sociais, mas ainda n�o h� data para remo��o. Depois que as fam�lias sa�rem, a al�a norte do viaduto ser� demolida, segundo Alexandre Lucas. A Defesa Civil informou que a Cowan � respons�vel por custear hospedagem para moradores vizinhos ao viaduto e o aluguel de �rea para o Col�gio Helena Bicalho. Perguntada sobre o assunto, a empresa n�o quis se manifestar.

Na ter�a-feira, al�m de afirmar que h� risco de queda da al�a norte do viaduto, a Construtora Cowan culpou erros no projeto executivo da obra pela queda da al�a sul do elevado – os estudos foram feitos feito pela Consol Engenheiros Construtores e entregues � Prefeitura de Belo Horizonte. A Cowan sustenta, baseado em per�cia particular, que o bloco de sustenta��o, que fica apoiado sobre 10 estacas e mantinha um dos pilares do viaduto, ruiu na sua parte central e que uma carga de 3 mil toneladas migrou para apenas duas estacas centrais. Segundo a Cowan, havia a�o insuficiente no pilar do viaduto (leia mais sobre causas do acidente na p�gina 18).

Apesar de decidir remover moradores vizinhos, o coordenador da Comdec, Alexandre Lucas, manteve a posi��o de que n�o h� risco de queda da al�a norte do viaduto, baseado em pareceres de especialistas que estiveram no local auxiliando o �rg�o municipal. No entanto, Lucas afirma que a decis�o de retirar moradores e demolir o viaduto que est� de p� foi tomada diante do an�ncio da construtora respons�vel de que h� possibilidade de desabamento. “A demoli��o j� est� definida, em fun��o da divulga��o feita pela empresa”, afirmou.

Agonia A not�cia de que ter�o de sair de casa, diante do risco de queda da al�a norte, deixou moradores desesperados. J� na noite de ter�a-feira houve quem abandonasse o im�vel. � o caso da t�cnica em seguran�a Sabrina Dayrell, 26 anos. “Fui para a casa da minha m�e, na Avenida Portugal, levando documentos e roupas. N�o posso ficar esperando esse viaduto cair e levar junto meu pr�dio”, justificou. Ela mora com o marido e duas filhas, uma delas de oito meses. “Como vou dar banho, almo�o e colocar o beb� para dormir com todo esse transtorno e fora de casa?”, perguntou. A aposentada Terezinha Lopes Fid�lis, de 72, j� estava de malas prontas ontem � tarde quando 40 t�cnicos da �rea social da prefeitura come�aram a fazer o cadastro social das fam�lias. “N�o quero passar pelo mesmo susto que passei com a queda da outra al�a. O pr�dio tremeu todo e apareceu uma nuvem de poeira”, lembrou. Na bagagem, ela leva documentos pessoais, do financiamento do apartamento e retratos de fam�lia.

Al�m de se preocupar com a integridade f�sica, moradores temem tamb�m pela seguran�a dos im�veis enquanto estiverem fora de casa. Muitos t�m medo de arrombamentos. “Vou tirar minha TV nova, meu computador, meu carro e meu sof� novo e levar tudo para a casa do meu irm�o”, disse o aut�nomo Adriano Pimentel, de 34. “Quem vai garantir que encontraremos nossas coisas quando a gente voltar?”, questionou a t�cnica de contabilidade Janete Lacerda, de 38. No comunicado entregue aos moradores, a Comdec afirma que que pedir� “apoio de �rg�os competentes para garantir a seguran�a externa dos condom�nios.” A advogada Ana Cristina Drumond, que est� � frente da Associa��o de Moradores e Lojistas das avenidas Pedro I, Vilarinho e adjac�ncias, reclamou do vaiv�m de informa��es desde que a queda da al�a sul do viaduto. “A prote��o do cidad�o deveria estar acima de tudo. O viaduto que n�o ia cair, agora vai. Queremos um relat�rio independente para garantir as reais condi��es do que est� acontecendo”, disse.

Escola Por sua vez, a diretora pedag�gica do Col�gio Helena Bicalho, Suely Bretas, procura um lugar para receber os 400 alunos que n�o poder�o mais frequentar a unidade de ensino nos pr�ximos 30 dias. Ontem, as principais op��es de lugares para receber os estudantes do primeiro ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino m�dio eram duas faculdades que funcionam apenas no per�odo noturno na Regi�o de Venda Nova.

“Sem d�vidas a transfer�ncia � inc�moda, mas eu tinha mais medo de que isso ficasse abandonado por muito tempo. Com essa decis�o sabemos que o problema ser� resolvido”, disse Suely. Ela contou que o telefone da escola n�o parou de tocar ontem � tarde. Eram pais, que pagam entre R$ 500 e R$ 600 de mensalidade, preocupados com a seguran�a dos filhos. “Uma m�e veio � escola, aflita, pegar o filho”, afirmou. Ontem, os pais foram avisados em reuni�o com a diretoria. “� um transtorno muito grande causado por uma irresponsabilidade. Mas, se � necess�rio tirar as crian�as daqui, acredito que isso deve ser feito”, afirmou a gerente comercial M�rcia Freire, 45 anos, m�e de uma aluna de 14 anos.


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