
Se no Bairro Fern�o Dias, Nordeste de Belo Horizonte, nos fundos do Minas Shopping, os moradores est�o angustiados por conta da movimenta��o da prefeitura para desapropriar im�veis e remover fam�lias para obras da Via 710, um pouco mais acima, perto da Avenida Jos� C�ndido Oliveira, no Bairro Uni�o, na mesma regi�o, a situa��o se repete. Renato Luiz Ribeiro, de 64, e Rosana de F�tima Ribeiro, de 59, ainda aguardam a visita de t�cnicos da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) para fazer as medi��es internas no lote em que moram na Rua Ma�ra. Eles tamb�m sofrem com a ang�stia da segunda desapropria��o, pois j� se mudaram uma vez para dar lugar ao metr�, na d�cada de 1990.
S�o tr�s constru��es no lugar em que o casal escolheu para abrigar parte da fam�lia quando a linha f�rrea os obrigou a mudar de endere�o. “Estou muito preocupada, porque, no meu caso, a situa��o � ainda pior. A indeniza��o que for acertada ter� de ser dividida entre seis irm�os, pois tudo isso era do meu pai. Como vamos fazer para achar outro lugar com as mesmas condi��es para cada um de n�s?”, reclama Rosana.
A complexidade das desapropria��es e o alto custo do investimentos na retirada de im�veis para viabilizar obras vi�rias fizeram a prefeitura cancelar uma obra de grande porte. No planejamento v�lido antes da Copa do Mundo, o transporte r�pido por �nibus (BRT, da sigla em ingl�s) tamb�m estava previsto para a Avenida Pedro II, mas as desapropria��es for�aram a PBH a abandonar a ideia, implantando uma vers�o “light” com faixa exclusiva sem necessidade de obras de grande porte na via.
Planejamento
Para a presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil em Minas Gerais (IAB/MG), Rose Guedes, a barreira da desapropria��o � inevit�vel em raz�o do crescimento da cidade, mas um planejamento deve ser feito para que a necessidade da obra n�o signifique sacrif�cio extremo aos moradores.
“Sabemos que as moradias t�m de sair, pois as vezes � o �nico caminho para passar uma linha de transporte, por exemplo. Mas isso precisa ser feito de forma alinhada com uma pol�tica social, com respeito e aten��o aos moradores”, avalia a especialista. “Estamos sempre correndo atr�s na hora de prever as a��es de mobilidade”, completa.

Em nota, a prefeitura informou que “Belo Horizonte est� recebendo, nos �ltimos anos, um grande volume de obras e a execu��o e conclus�o de muitas delas, principalmente as vi�rias, esbarram em quest�es urbanas, como as desapropria��es. A PBH respeita todas as etapas necess�rias e previstas pela Justi�a para equacionar a quest�o de desapropria��es, procurando sempre conciliar o planejamento urbano com pol�ticas p�blicas que atendam a todos os setores sociais”, diz o texto.
Mem�ria
Longo impasse na Vila S�o Jos�
Em setembro de 2011, o EM mostrou a hist�ria de Leonilda de Souza, 69 anos, a dona Dalva, a �ltima moradora a deixar a Vila S�o Jos� e a abrir espa�o �s m�quinas pesadas que fizeram a liga��o entre as avenidas Pedro II, Jo�o XXIII e Tancredo Neves. A recusa da idosa em liberar o im�vel em que morava com tr�s cachorros chegou a parar as interven��es, pois a casa ficava bem no meio do caminho tra�ado pela prefeitura. O acordo foi feito na Justi�a e a nova liga��o vi�ria s� foi inaugurada em julho de 2012, contrariando promessa do prefeito Marcio Lacerda de entregar a obra aos moradores em 12 de dezembro de 2011, anivers�rio da capital.
