(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Ferida aberta com deslizamento de terra em Sardo� que matou seis ainda n�o cicatrizou

Sardo� foi arrasada por temporal h� 20 dias. Al�m da tristeza pela morte de seis pessoas, maior drama est� na zona rural, que sofre com perdas na lavoura e na cria��o de animais


postado em 11/01/2014 06:00 / atualizado em 11/01/2014 07:29

Terezinha mostra o lamaçal que engoliu casa dos vizinhos e matou seis pessoas da mesma família(foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)
Terezinha mostra o lama�al que engoliu casa dos vizinhos e matou seis pessoas da mesma fam�lia (foto: T�LIO SANTOS/EM/D.A PRESS)

Sardo� – “Cruz! Amado! Pe�o a Deus que livre a gente do perigo.” Com a m�o escondendo o sol e os p�s descal�os no barro, Terezinha Tomaz de Jesus, de 74 anos, mede 1,5 metro de altura e parece ainda menor diante do enorme barranco desmoronado. � a primeira vez que ela caminha pelo lama�al que cobriu a casa da vizinha Concei��o e tirou a vida de seis pessoas da mesma fam�lia em 17 de dezembro. As cruzes com os nomes de cada um dos mortos foram fincadas no local, onde restos da constru��o e pertences dos antigos moradores brotam no meio de uma imensid�o marrom.

Vinte dias depois da trag�dia na comunidade rural de Malacacheta, em Sardo�, a 315 quil�metros de BH, no Vale do Rio Doce, a ferida aberta na terra impede que a vida siga seu curso normal. O local foi o mais atingido pelas chuvas de dezembro, que teve recorde de mortes em Minas e levou � decreta��o de estado de calamidade p�blica. Os habitantes da �rea rural do munic�pio correspondem a 64% do total de 5,5 mil e foram os mais atingidos, com queda de v�rias barreiras. “Os vizinhos sumiram”, reclama dona Terezinha, que tem vivido tempos de isolamento.

Em Malacacheta, vivem nove fam�lias e pelo menos duas est�o com as casas condenadas. A maior parte dos acessos do munic�pio � zona rural foi comprometida e estradas s�o abertas de maneira prec�ria. S�o como montes de terra solta cortados por um trator. “A gente est� pedindo uma m�quina para fazer a estrada direito”, diz a lavradora, uma das primeiras a retornar para a comunidade, mesmo sem a avalia��o de ge�logos sobre o risco de sua moradia. “Tenho cria��o e, se n�o ficar aqui, ela vai morrer”, diz, enquanto um cachorro passa carregando uma carca�a de um bicho encontrada no meio do barro.

Assim como as estradas e a conten��o de barreiras, a avalia��o do risco das casas s� ser� feita a partir da libera��o de recursos para a reconstru��o pelo governo federal. Dinheiro insuficiente para trazer de volta � vida a fam�lia de Maria Ant�nia de Oliveira, de 72, e Jos� Rodrigues de Souza, de 79. Al�m da casa, comprometida pelo temporal do dia 17, os dois perderam a filha mais velha e cinco netos.

SUPERA��O O sofrimento � grande, mas, na casa alugada pela prefeitura numa comunidade vizinha, C�rrego Sardoazinho, os dois ensinam como enfrentar outra tempestade, aquela que arrasa os cora��es. “Quando vi aquele monte de terra cobrindo meus filhos, falei com meu Deus que vou ser uma m�e consolada. Tenho pouco estudo e muita f�”, diz dona Maria, agarrada ao ter�o que estava rezando na hora da trag�dia. “Tenho certeza que meus filhos est�o em Tuas m�os, meu Deus”, completa.

Mesmo na trag�dia, a fam�lia de olhar triste consegue encontrar motivo para sorrisos. � quando o vira-latas Tot� chega abanando o rabo. “Foi ele quem achou meu sobrinho quase uma semana depois. Ele n�o saiu de l� at� achar o Leonardo”, conta Maria Goreth de Souza, de 49. Filha de Maria e Jos�, ela perdeu o filho Vladmir.

Vestidos com as roupas vindas de doa��es, a fam�lia ainda n�o sabe falar sobre o futuro, sem a horta, as planta��es e a casa. “S� estamos nos alimentando com produtos de supermercado. Queria menos para trabalhar l�, porque tudo d� naquela terra”, conta dona Maria.

O desafio da Prefeitura de Sardo� � reconstruir as �reas afetadas pela chuva e abrigar quem perdeu tudo. O secret�rio municipal da Fazenda, Gilson de Castro Santos, d� a dimens�o do drama ainda sem solu��o. “Estamos com um problema social grande. A zona rural perdeu a produ��o. N�o temos im�veis dispon�veis para loca��o para o pessoal que est� com casa condenada”, informa.

Segundo o prefeito Cl�ber Pereira da Silva (PP), m�quinas trabalham na reabertura de estradas que ligam a sede aos 12 distritos do munic�pio, onde o acesso ficou interrompido. Mais de 20 pontes foram danificadas e seis delas foram completamente destru�das. “Foram mais de 50 pontos de deslizamento de terra. As pessoas que vivem em povoados ficaram sem poder vir � cidade. No per�metro urbano, muitas casas sofreram danos estruturais. Algumas foram totalmente destru�das enquanto outras foram condenadas”, afirmou Cl�ber.

Ao todo, 40 pessoas ficaram desalojadas e precisaram ir para pr�dios p�blicos ou casas de parentes. “Estamos abrigando moradores em casas por meio do aluguel social e fazendo um levantamento de quantas ainda est�o fora de suas casas”, garantiu. (Colaborou Valquiria Lopes)

 

VIDAS PERDIDAS
A trag�dia em Sardo� chegou logo cedo. Por volta das 7h da manh� chovia muito quando, por volta das 7h da manh�, um barranco de cerca de 20 metros de altura, coberto de p�s de eucaliptos, desmoronou sobre uma casa na comunidade rural de Malacacheta, em Sardo�, matando todas as pessoas que estavam no im�vel. Morreram Maria Concei��o de Souza, de 50 anos, o filho dela Wallace Catarino Costa Souza, de 9, al�m dos sobrinhos Vladmir Souza, de 22, Wanderson de Souza, de 10, Gabriela de Souza Batista, de 6, e Leonardo de Souza Batista, de 7. Leonardo s� foi localizado nos destro�os uma semana depois do acidente.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)