Fam�lia de v�tima desaparecida vive ang�stia da falta de not�cia; buscas s�o retomadas

Falta de informa��es, ang�stia e muita ansiedade. A fam�lia do operador de restroescavadeira Adilson Aparecido Batista, de 44 anos, desaparecido na quarta-feira no rompimento da barragem de rejeitos da Herculano Minera��o, em Itabirito, na Regi�o Central, passou quase o dia inteiro sem receber um comunicado da empresa sobre a situa��o. Somente �s 16h35 uma funcion�ria do setor de Recursos Humanos entrou em contato, por telefone, com uma irm� da v�tima, Patr�cia Aparecida Batista, para dizer que ainda n�o havia not�cias sobre o paradeiro dele.

� tarde chegaram � casa da Rua Jos� Augusto Franca, no Bairro Mumu, informa��es de que Adilson teria morrido no acidente, mas, com os olhos vermelhos, a m�e, Maria das Gra�as Santos Batista, de 64 anos, mantinha firme a esperan�a. “Estou orando para tudo dar certo. Estamos sem saber direito o que aconteceu”, disse ela, ao lado de tr�s filhos, netos, vizinhos e amigos. Um dos quatro filhos de Adilson, Fernando Rodrigues Batista, de 23, motorista, tamb�m lamentou a falta de not�cias. Com o semblante triste, ele se uniu aos familiares. “Agora � esperar”, disse o jovem. Na manh� desta quinta-feira, as buscas pelo corpo de Adilson foram retomadas, conforme informu o tenente J�lio C�sar Teixeira, que participa do resgate. Ao todo, cerca de 14 militares est�o envolvidos no trabalho.


Muitos parentes se lembraram das preocupa��es de Adilson quanto �s condi��es de seguran�a na mina. E tamb�m do jeito calmo e tranquilo do operador desaparecido. “� um cara que fica mais em casa, homem de bom car�ter”, disse o primo Jorge Jos� Carneiro Filho, de 40, que se casou no s�bado. “Ele foi ao meu casamento, fiquei muito feliz com a presen�a”, observou Jorge, explicando que o parente trabalha h� seis anos na empresa. Ao lado, o irm�o do oper�rio desaparecido, Valtenil Geraldo Batista, de 41, motorista, contou que soube do acidente logo cedo, pela internet. “O �nico dado � que acharam as botas dele”, afirmou ele que, de manh�, esteve no Instituto M�dico Legal de Itabirito, t�o logo soube que estava no local uma v�tima sem identifica��o.

O corpo do top�grafo Reinaldo da Costa Melo, um dos dois resgatados ontem, foi liberado �s 20h e deve ser enterrado no fim da tarde de hoje, no Cemit�rio Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, Oeste de Belo Horizonte. Reinaldo, que completaria 69 anos em novembro, era casado havia mais de 40 anos e tinha duas filhas. Alessandra Colares, sobrinha do top�grafo, contou que Reinaldo prestava servi�o para a mineradora na qual um irm�o dele j� havia trabalhado.

Vizinhan�a j� sente impactos

Paralelamente ao desespero de parentes de v�timas, reflexos ambientais e pr�ticos do acidente j� come�aram a ser sentidos ontem mesmo. Moradores do Residencial Villabella, vizinho � mineradora, est�o preocupados com o abastecimento de �gua. Como o rompimento da barragem atingiu a mina de capta��o, o servi�o foi interrompido �s 7h30, como informou um funcion�rio do residencial. O jeito foi contratar um caminh�o-pipa, que fez mais de 16 deslocamentos para encher a caixa-d’�gua do condom�nio. Os moradores tamb�m ficaram sem energia el�trica das 7h30 �s 10h30.

A diretora de Obras do condom�nio, a designer de interiores Maria Bernadete Costa Aquino, teme pelo futuro abastecimento de �gua do Villabella. “As nossas rela��es com a Herculano s�o pac�ficas, mas a empresa deixa muito a desejar em rela��o � recomposi��o ambiental, que, na verdade, � obriga��o de todos esses empreendimentos”, disse. Ela adiantou que o condom�nio vai contratar um advogado e acionar o Minist�rio P�blico para evitar impactos nos recursos h�dricos.

De acordo com o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias (Ibape-MG), Cl�menceau Chiabi Saliba J�nior, os danos ambientais j� percept�veis depois do rompimento da barragem s�o graves. “O material carreado com o vazamento � um min�rio muito fino e de dif�cil remo��o dos c�rregos e corpos d’�gua que foram atingidos. Com isso, ocorrem o assoreamento desses cursos e preju�zos para a fauna e a flora”, disse. (Com Mateus Parreiras)




(Com informa��es de Luana Cruz)