
“Se der tudo certo, ser� um al�vio.” � com essa expectativa que o aposentado Guilherme Ot�vio Diniz, de 54 anos, morador do bloco 5 do residencial Antares, deixa seu apartamento para uma temporada no hotel Soft Inn, hoje, v�spera da implos�o da al�a norte do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Regi�o de Venda Nova. Ao todo, 296 pessoas sair�o de seus im�veis nos residenciais Antares e Savana, que ficam pr�ximos ao elevado, e ficar�o no hotel at� a conclus�o da retirada dos escombros, prevista para o dia 21.
O drama dos vizinhos do viaduto teve in�cio em 3 de julho. Uma falha estrutural, de acordo com levantamentos da Pol�cia Civil, provocou a queda da al�a sul do elevado, em constru��o, matando duas pessoas e deixando 23 feridas. A estrutura de concreto esmagou um carro, dois caminh�es e atingiu um micro-�nibus. Ontem, alguns moradores espalharam faixas de protestos nas janelas de seus apartamentos contra a constru��o de um novo viaduto no local.
“H� um clima de como��o entre os moradores. Imagino que amanh�(hoje) vai ser dif�cil para muitos deixarem seus im�veis. H� um sentimento de que se algo n�o der certo, v�o ficar sem seus apartamentos. E mesmo tudo dando certo com a implos�o e a limpeza, ser� apenas uma etapa de um problema maior que vem se arrastando desde que iniciaram a constru��o do viaduto”, afirmou a advogada Ana Cristina Drumond, da Associa��o dos Moradores e Lojistas das avenidas Pedro I, Vilarinho e adjac�ncias.
Guilherme Diniz diz que amanh� vai acompanhar de perto a implos�o. “Al�vio mesmo ser� quando eu entrar no meu apartamento, logo que liberarem o acesso, e constatar que n�o houve danos na estrutura. No projeto de implos�o que nos foi apresentado parece que est� tudo certo. Mas � na pr�tica que teremos um veredicto”.
De acordo com o cronograma da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), 32 fam�lias do edif�cio Savana e 85 do Antares seguir�o em dois �nibus para o hotel, em quatro viagens entre �s 8h30 e 16h. Os dois residenciais est�o no per�metro de 50 metros da estrutura que ser� implodida e sujeitos a vibra��es. Tamb�m h� risco de que estilha�os de concreto e a�o atinjam os im�veis. Outras 16 fam�lias do Savana e 32 do Antares dispensaram a hospedagem. Vinte e quatro animais dos dois pr�dios, entre c�es, gatos e p�ssaros, ser�o acomodados em um pet shop.
Marcada para as 9h de amanh�, a implos�o dos pilares da al�a norte deve durar tr�s segundos. Uma grande opera��o foi montada pela Comdec para isolamento da �rea e retirada de moradores vizinhos, n�o apenas dos edif�cios Antares e Savana, mas num raio de 200 metros da �rea de implos�o. Assim que a estrutura estiver no ch�o, a Cowan, construtora respons�vel pela obra, inicia a remo��o do concreto e tamb�m a limpeza da via. A expectativa � de que o tr�nsito na Avenida Pedro I seja normalizado em uma semana.
Sirenes Amanh�, sirenes v�o tocar em alerta antes da implos�o. �s 8h, o primeiro sinal para evacua��o da �rea. Quinze minutos depois come�a o bloqueio de vias no entorno. �s 8h50, ocorre inspe��o final do espa�o isolado. Faltando um minuto para 9h, come�a a contagem regressiva para a implos�o. A previs�o � de que a �rea esteja liberada em 30 minutos. T�cnicos da Defesa Civil e assistentes sociais v�o orientar os moradores e vistoriar os im�veis vizinhos. A BHTrans vai montar desvios do tr�nsito e pontos de �nibus espec�ficos durante a opera��o.
Cerca de 150 pessoas estar�o envolvidas no procedimento. Ser�o usados 125 quilos de explosivos, distribu�dos nos pilares (veja arte). Al�m de telas de prote��o, uma vala com cerca de um metro e meio em torno dos pontos de implos�o deve minimizar os impactos.
LINHA DO TEMPO
O vaiv�m na Pedro I
3 de julho
A al�a sul do Viaduto Batalha dos Guararapes desaba sobre quatro ve�culos na Avenida Pedro I sobre, matando duas pessoas e ferindo 23. A al�a norte permanece de p�.
6 de julho
Depois de delegado recorrer � Justi�a para evitar demoli��o, para preservar provas, o Tribunal de Justi�a de Minas autoriza a prefeitura a dar in�cio aos trabalhos de demoli��o parcial. A PBH evita fazer previs�o para liberar passagem de ve�culos e circula��o de pessoas na Avenida Pedro I.
7 de julho
Al�a do viaduto que desabou come�a a ser removida. A previs�o do coordenador da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, era de que o tr�nsito deveria voltar � normalidade na Pedro I ainda naquela semana.
12 de julho
Empresa especializada em demoli��o, contratada pela Cowan, inicia teste com equipamento que corta o concreto em blocos sem causar grandes impactos � vizinhan�a. Apartamentos do entorno s�o vistoriados e o plano de liberar o tr�nsito � revisto. Defesa Civil afirma que empresa contratada para fazer o escoramento da estrutura que restou apresentou projeto com trazer mais seguran�a.
22 de Julho
Engenheiros e calculistas contratados pela Cowan para fazer estudos sobre a queda do elevado anunciam que houve erro no projeto executivo entregue pela Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), de responsabilidade da Consol. Dizem que um dos pilares da estrutura foi constru�do com um d�cimo da ferragem necess�ria e que a al�a que permanece de p� corre risco de desabar e n�o caiu “por milagre”.
23 de julho
Defesa Civil anuncia a remo��o de fam�lias que moram no residencial vizinho ao viaduto Batalha dos Guararapes.
11 de agosto
Justi�a veta demoli��o de al�a norte de viaduto. Decis�o ainda determina que a popula��o deve ser informada das provid�ncias que ser�o tomadas, para que os moradores e usu�rios afetados possam programar a sua vida e que a seguran�a de todos fossem resguardadas. A determina��o da 4ª Vara da Fazenda Municipal de Belo Horizonte atende a pedido de liminar do Minist�rio P�blico.
2 de setembro
Depois de audi�ncia de concilia��o no 1º Tribunal do J�ri do F�rum Lafayette, o juiz Renato Dresch autoriza a demoli��o e marca a data para 14 de setembro.
5 de setembro
Superintend�ncia Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE/MG) embarga a demoli��o marcada para o pr�ximo domingo, por entender que h� risco iminente de acidente de trabalho. Novo projeto de engenharia � requerido � Construtora Cowan.
9 de setembro
A empresa respons�vel pelo servi�o apresentou dois projetos de escoramentos que convenceram o representantes da SRTE/MG a suspender o embargo da implos�o. Os trabalhos foram retomados para que o procedimento ocorra amanh�.