Popula��o da Grande BH recorre � f� para pedir chuva

A f� move montanhas, une pessoas e, dependendo da intensidade, pode at� fazer chover. � pensando – e rezando – que moradores cat�licos de Caet�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, recriam velha tradi��o e rogam aos c�us pedindo �gua para acabar com a seca dos rios, recuperar o volume dos reservat�rios e garantir o abastecimento das cidades. Aos p�s da santa cruz, diante da Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio, do s�culo 18, no Centro, a servidora p�blica Fl�via Tamara Marques Machado molhou a base do cruzeiro e rezou Ave Maria, Pai Nosso e o Credo. `

“A minha av�, Raimunda, sempre fazia isso e me ensinou a molhar a madeira do cruzeiro na �poca da estiagem. Sempre deu certo”, contou Fl�via, residente no distrito de Penedia, a quatro quil�metros do Centro de Caet�. “Ela fazia assim umas duas vezes por dia, rezando baixinho”, disse a mo�a, que repetiu a tradi��o na tarde de ontem, logo depois de sair do servi�o. Ao mesmo tempo, integrantes do Ter�o dos Homens Filhos de Maria se preparavam, de ros�rio nas m�os, para pedir a Deus a b�n��o em forma de chuva.

“Em nome do pai, em nome do filho, em nome do esp�rito santo, estamos aqui para louvar e agradecer…”, cantou o coordenador do ter�o, o aposentado Vanderlin Macedo, de 71 anos. “Esta � uma tradi��o antiga que veio do Nordeste. Estamos preocupados com a falta de �gua e, ent�o, estamos rezando sempre que podemos”, disse ele, ao lado de Jairo Rabelo Machado, de 67, Jos� Percher da Fonseca, de 71, e Carlos Ant�nio Marques, de 59. Al�m das ora��es, os quatro molharam os p�s da cruz.

Poucos minutos antes de come�ar o ritual, Jos� Percher lembrou da seca na nascente do Rio S�o Francisco. “� um rio t�o importante. Queira Deus que nada aconte�a de mal e que as �guas venham logo.” Ao despejar a �gua, Carlos Ant�nio disse que � um gesto “dos antigos”. E, para mostrar que n�o � em v�o, contou que na tarde de ontem estava chovendo nas redondezas. Falou com raz�o. Na estrada que liga a rodovia BR-381 a Caet�, duas cenas chamavam a aten��o: havia fuma�a resultante de queimadas por todos os lados e asfalto molhado indicando uma precipita��o inesperada.



PIEDADE Em v�rias igrejas da Grande BH, os padres rezam durante as missas pedindo a intercess�o de Deus para chover, atendendo a solicita��o de fazendeiros e moradores do meio urbano. O titular da Par�quia de Nossa Senhora das Gra�as, no Bairro Conc�rdia, em BH, padre Nivaldo Magela de Almeida, diz que pr�ticas como molhar o cruzeiro fazem parte da “piedade popular”. Segundo ele, trata-se de um ato leg�timo, que junta f� e um gesto de ora��o.

O padre disse ainda que as rezas pedindo chuva est�o presentes no missal (livro de missa) e no ritual de b�n��os, que se refere ao reconhecimento “do que nos � dado por Deus”. Nas ora��es, acrescenta, solicita-se que Ele providencie o que � necess�rio para a vida na terra, como a chuva e as sementes. “Esse comportamento � mais t�pico do meio rural e das cidades do interior, onde as pessoas est�o mais em contato com a natureza. Nas cidades grandes � diferente, ningu�m tem tempo, est� mais acostumado com a �gua encanada.
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Para quem j� n�o aguenta mais a falta de chuva, padre Nivaldo ensinou um trecho da ora��o da missa para chamar a chuva. “Deus, em quem vivemos, nos movemos e somos, concedei-nos as chuvas necess�rias para que, auxiliados quanto aos bens da terra, desejemos com mais confian�a os do c�u”. Ele explicou que a reza � para pedir o bom tempo, embora haja tamb�m ora��es para reprimir as tempestades fortes.