O investigador Luno Eust�quio Costa Campos, de 24 anos, suspeito de matar o policial civil Clenir Freitas da Silva, em Betim, na Grande BH, prestou depoimento � Corregedoria da Pol�cia Civil nesta quinta-feira. Al�m dele, o investigador Lucas Menezes Meireles � apontado com autor do crime e os dois est�o presos na Casa de Cust�dia da corpora��o, na Regi�o Leste de BH, onde ocorreu a oitiva de hoje. Segundo o advogado Ramon dos Santos, que defende os acusados, Luno reafirmou que n�o reconheceu o colega de profiss�o, por isso atirou.
Enquanto se concentraram na abordagem, foram surpreendidos por homens armados que chegaram em um Fiat Stilo de cor amarela. Os homens se aproximaram e atiraram contra Freitas e o delegado. O Stilo pertence, inclusive, � delegacia onde trabalham. O carro era dirigido por Lucas e Luno estava no banco de passageiro. H� suspeitas de que Lucas e Luno faziam escolta para traficantes, em troca de propina. Houve troca de tiros e o investigador Freitas acabou baleado. Ele chegou a ser levado para a Unidade de Atendimento Integrado (Uai), no Bairro Teres�polis, mas morreu ao dar entrada.
Luno e Lucas s�o lotados na 8ª Delegacia Especializada de Homic�dios de Betim, onde trabalham h� cerca de quatro anos. J� o policial que morreu era da equipe da 1ª Delegacia de Pol�cia Civil de Betim e tinha 17 anos de corpora��o. Segundo o advogado Ramon dos Santos, o depoimento de hoje � apenas um complemento do que j� foi dito no dia em que os dois investigadores se apresentaram � Corregedoria. Somente Luno foi ouvido, de acordo com pedido do corregedor.
“S�o muitas coisas que ele est� sendo acusado. Esta situa��o do dinheiro n�o � verdade. Ele se defendeu hoje dizendo que n�o sabia que se tratavam de policiais. Pelo modo como estavam vestidos – correntes grossas no pesco�o, bon� de aba larga – foram confundidos com criminosos da regi�o. No momento do disparo, ele n�o sabia que se tratavam de policiais”, contou o defensor.
Ainda segundo Santos, a equipe de Freitas se aproximou do Fiat Stilo pela frente, um procedimento que n�o � padr�o da Pol�cia Civil, fazendo com que Luno e Lucas desconfiassem da abordagem. Conforme o advogado, os dois acharam que se tratava de algum bandido da regi�o.
O Fiat Stilo pertencente � 8ª Delegacia era de propriedade de um traficante da regi�o, mas foi apreendido em uma opera��o e deixado – com autoriza��o judicial – para uso de policiais em investiga��es como viatura descaracterizada. Conforme o advogado, Luno e Lucas pensaram que criminosos da �rea teriam reconhecido o ve�culo e abordado como forma de acerto de contas. Por�m, esses homens que pensaram ser bandidos, eram colegas de profiss�o.
Conforme Santos, o investigador Luno ainda argumentou sobre a Kombi usada pelos colegas na campana. Segundo ele, a Kombi � de um morador do bairro e foi emprestada para os policiais trabalharem sem levantar suspeitas. Esse fator tamb�m contribuiu para que Luno e Lucas confundissem Freitas com morador do bairro.
“A �nica coisa que fez foi se defender. N�o sabia que se tratava de policiais e pensou que pudessem ser criminosos”, relata o advogado sobre o depoimento do cliente. Ainda de acordo com Santos, Freitas teria disparado antes contra o Fiat Stilo, s� depois disso houve troca de tiros. Os acusados alegam que estavam no Capelinha para apura��o do duplo homic�dio que ocorreu dias antes e colocam em d�vida a vers�o de que a equipe da 1ª Delegacia estava l� a trabalho.
Para o advogado est� provado que Luno e Lucas n�o levavam um padr�o de vida alto, fruto de recebimento de propinas, como foram acusados. Ele acredita que a Corregedoria ter� muito trabalho para apurar o caso e afirma que a equipe da 1ª Delegacia � que tem carros e casas de luxo.
O advogado vai entrar com pedido de revoga��o da pris�o preventiva para os dois investigadores. Ele n�o usou o recurso antes porque Luno e Lucas estavam sendo amea�ados de morte. Conforme Santos, a Corregedoria tem 10 dias para concluir as apura��es. A assessoria da Pol�cia Civil informou que n�o vai divulgar informa��es sobre o depoimento de hoje.