Pedro Ferreira

M�veis, roupas e outros pertences da tenente foram levados para uma casa da fam�lia em Varginha, o que aumentou ainda mais a ang�stia da m�e, que conserva a esperan�a de encontrar a filha com vida. A tenente saiu de carro para ir ao banco depositar dinheiro na conta da irm�, em 3 de maio, e nunca mais foi vista. Em junho, ela passou a ser procurada pela Interpol, organiza��o internacional de pol�cia criminal.
Na fam�lia da militar, o clima � de desola��o. A irm� dela, a professora Beatriz Tavares, de 49, conta que a pol�cia vasculhou v�rias oficinas de desmanche de carros na capital, na expectativa de encontrar pe�as do Fiat Palio de cor prata da tenente, placa HNY 3582, de Varginha, mas nada foi achado. “A Aeron�utica tamb�m conseguiu autoriza��o para contratar mergulhadores para procurar em lagoas perto de Belo Horizonte, mas tamb�m n�o encontraram nada”, disse a irm�. “N�o tem como descrever a nossa dor. A gente n�o sabe o que aconteceu com a minha irm� e n�o sabemos o que fazer. Fica essa incerteza. Ao mesmo tempo que temos esperan�a de encontr�-la, tamb�m temos d�vida. A gente imagina mil coisas. Uma hora a gente imagina que ela est� viva, outra, que ela est� morta”, lamentou a irm�. “� como se estiv�ssemos vivendo um eterno luto, sem ter um corpo para velar”, disse.
A irm� conta que a fam�lia decidiu alugar o apartamento depois que a Aeron�utica suspendeu o pagamento de sal�rio � tenente e encaminhou um termo de deser��o � Justi�a Militar. De acordo com o artigo 187 do C�digo Penal Militar, o agente que se ausenta de suas atividades por mais de oito dias sem justificativa � considerado desertor.Os pertences de M�rian foram levados para uma casa herdada do pai em Varginha. “N�o tive nem coragem de olhar as coisas dela. S� nos resta sonhar, rezar e ter esperan�a de que um dia ela v� voltar. M�rian � a ca�ula de quatro irm�os. Era o xod� da minha m�e. A �ltima sempre � a mais mimada”, comentou a irm�.
Beatriz conta que aparentemente M�rian n�o tinha nenhum problema que a levasse a fugir ou cometer ato mais grave. “Dificuldade financeira ela n�o tinha. No trabalho, o que a gente sabe � que ela estava se dando muito bem. Na P�scoa, quando ela nos visitou em Varginha, percebi que estava bem mais triste. Tentei conversar com ela, mas ela desconversou. N�o era muito de se abrir com ningu�m. Era muito fechada”, disse a professora, lembrando que a tenente n�o levou nada quando saiu de casa para ir ao banco. “Nem roupa, cart�es de cr�dito, celular, nada. Ela tinha no m�ximo R$ 100 no bolso e n�o houve nenhum movimento banc�rio depois do sumi�o”, lembra a irm�. “A gente continua sonhando que um dia ela vai voltar para casa, que vai bater na porta e abra�ar todo mundo.”
INVESTIGA��O Para a pol�cia, o sumi�o da tenente ainda � um mist�rio. De acordo com o chefe da Divis�o de Refer�ncia de Pessoas Desaparecidas, delegado Dagoberto Alves Batista, n�o h� ainda qualquer ind�cio de que M�rian esteja viva ou de envolvimento de algu�m em seu desaparecimento, como movimenta��o da conta banc�ria.
Segundo ele, a tenente deixou uma carta para a fam�lia, indicando que cometeria suic�dio. “Na �poca do desaparecimento dela, foi encontrado sangue na pia da garagem do pr�dio, mas a gente precisaria de amostra do sangue dela para confrontar os materiais. A tenente ainda fez um dep�sito na conta banc�ria da irm� e deixou uma mensagem dizendo que era para custear seu enterro, que n�o queria dar despesa para ningu�m”, disse o delegado.