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Estado de Minas

Guerra a labaredas continua na Serra do Cip�

Combatentes enfrentam batalha sofrida por terra, j� que falta visibilidade para sobrevoo de aeronaves em �reas em chamas. Acidentes e intoxica��o por fuma�a provocam baixas


postado em 16/10/2014 06:00 / atualizado em 16/10/2014 11:48

Mateus Parreiras

 

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

As linhas de fogo alto, com labaredas de mais de dois metros, se rebelam contra golpes de chicotes e abafadores na Serra do Cip�. A guerra contra o fogo que j� devastou 3 mil hectares do parque nacional, a 100 quil�metros de Belo Horizonte, e outros 5 mil do entorno, � um embate cont�nuo em �reas que ao primeiro vento voltam a arder. Na manh� desta quinta-feira, um helic�ptero do Ibama sobrevoa a �rea para levantar os focos de queimada e brigadistas j� est�o no combate ostensivo por terra. Uma aeronave air tractor tamb�m atua no combate jogando �gua, principalmente em �reas onde o fogo amea�a distritos residenciais.


Por causa da falta de seguran�a e do empenho de todos os funcion�rios, a unidade de conserva��o foi fechada por tempo indeterminado, frustrando o passeio de muitos turistas.

A n�voa seca e cinzenta de fuligem impede voos de helic�pteros e avi�es para despejar �gua sobre as labaredas, uma vez que as chamas est�o ardendo a 1.370 metros de altitude. Essas aeronaves n�o podem operar sem visualizar os alvos e a regi�o � muito �ngreme, explica o chefe do parque, Fl�vio L�cio Braga Cereso.

Com isso, a tarefa de barrar as chamas que destroem canelas-de-ema, brom�lias e flores do cerrado fica restrita a combatentes que se deslocam por solo, a p� ou em jipes, por labirintos de trilhas entre ra�zes esturricadas. S�o 85, entre brigadistas do Ibama, do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, bombeiros civis e volunt�rios de v�rias cidades.

�ltima linha de defesa para preservar o parque nacional, os brigadistas tentam cercar as chamas. Ontem, enquanto chamas queimavam uma �rea �ngreme pr�ximo � forma��o rochosa conhecida como Travess�o, um foco j� debelado se reacendeu. O grupo que se organizava para caminhada de seis quil�metros at� o Travess�o teve de ser dividido para impedir que o espa�o controlado se tornasse outro inc�ndio.

A equipe do Estado de Minas acompanhou essa a��o. Duas picapes foram usadas para transportar os combates e cruzaram um terreno totalmente queimado, com tanta fuma�a que tornava os raios do sol avermelhados. At� aparelhos meteorol�gicos usados para monitorar o clima foram consumidos. No deslocamento sofrido pelas trilhas de pedras, o r�dio comunicava baixas. “Traz �gua para nossas bombas (costais) e um pneu estepe, que o do nosso jipe rasgou”, comunicou um dos motoristas.

Quil�metros � frente, o grupo percebeu que as chamas tinham se alastrado por uma linha de mais de 5 quil�metros. Em poucos minutos, o helic�ptero do Ibama – que ainda pode voar por n�o atuar diretamente no combate, mas sim transportando brigadistas – aterrissou no meio do mato. O co-piloto sinalizou e quatro combatentes desceram do jipe para embarcar. “Vamos, gente. Vamos apagar esse fogo. Preciso de quatro no helic�ptero e o resto nos flancos (lados) do inc�ndio”, comandou, aos berros, o coordenador do ICMBio, Estev�o Marchesini. Em quest�o de minutos, o helic�ptero decolou e o coordenador explicou seu destino: “V�o para a parte mais alta, onde devem passar a noite. Cada um tem uma mini-barraca para dormir”.

Enquanto isso, brigadistas atacavam as chamas mais perigosas, com o vento soprando em dire��o � mata seca. O rosto de cada um pingava suor. De perto, o calor e a fuma�a produziam tosse e irrita��o nos olhos de quem n�o tinha prote��o. Atr�s dos combatentes com abafadores, chicotes e jatos de �gua de bombas costais, vinha outra turma, resfriando as �reas apagadas,para que as labaredas n�o voltassem.

PERNA ESMAGADA O trabalho � perigoso. Na semana passada, Marchesini conta que um brigadista teve fraturas s�rias. “Uma pedra rolou e esmagou a perna dele. Estava a seis horas de caminhada e os companheiros tiveram de improvisar uma maca com cabos de abafadores e tr�s agasalhos anti-fogo. Ele foi operado e est� se recuperando”, conta.

Entre os combatentes que lutam contra o fogo no parque, outro que precisou de atendimento m�dico foi o jovem Ray Soares, de 20 anos. “Inalei muita fuma�a e passei mal. Tive de ser levado para o hospital e respirei oxig�nio a noite toda. Mas n�o posso deixar de ajudar. Estou enchendo as bombas costais de �gua e colaborando na log�stica”, disse.

O chefe do parque destaca a valentia dos combatentes: “Nossos brigadistas s�o her�is. Enfrentam o calor e o fogo, p�e a pr�pria vida em risco por isso”. “� preciso um comando forte, porque a disposi��o dos nossos homens � de bravura. Por isso, tra�amos estrat�gias e fazemos de tudo para que todos voltem depois do dever cumprido”, afirma Marchesini, do ICMBio.

(Com Luana Cruz)


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