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Estado de Minas

Estiagem prolongada atinge represas naturais e artificiais em Minas

Onde antes havia �gua, hoje est� tudo seco e em alguns locais h� at� fogo provocado por gases naturais


postado em 19/10/2014 06:00 / atualizado em 19/10/2014 07:21

Pedro Ferreira

Na Lagoa Grande, em Sete Lagoas, o solo seco e esturricado no lugar da água. Outros lagos do município também sofrem com a seca (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Na Lagoa Grande, em Sete Lagoas, o solo seco e esturricado no lugar da �gua. Outros lagos do munic�pio tamb�m sofrem com a seca (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A sensa��o de quem passa pela Lagoa Grande, distante 7 quil�metros do Centro de Sete Lagoas, na Regi�o Central de Minas, � de que abriram uma esp�cie de ralo e que toda �gua est� indo embora. De t�o rasa, os pescadores s� faltam pegar os peixes com as m�os. A margem se distanciou mais de 500 metros da original e o ch�o, de t�o rachado, permite caminhar entre os torr�es. Na Lagoa Boa Vista, que fica no Centro da cidade e que � uma das sete que deram o nome ao munic�pio, a empresa de pedalinhos est� fechada h� um m�s. Os barcos em forma de cisne estavam encalhando onde antes era a parte mais profunda. Na Lagoa do Matadouro, tamb�m conhecida como Vapabu�u, que � o nome original da cidade, e que significa terra de muitas lagoas na l�ngua ind�gena, 90% da �gua desapareceu. Da lagoa, o que brota � fogo, de vez em quando. S�o inc�ndios subterr�neos causados pela queima do g�s produzido pelo material org�nico acumulado.


A situa��o tamb�m n�o � boa em outras lagoas que est�o secando com o longo per�odo de estiagem e altas temperaturas que castigam o estado. Muitas delas, que deram nomes �s cidades, est�o com o n�vel da �gua at� 4 metros abaixo do normal. Em Lagoa Formosa, no Alto Parana�ba, a lagoa nunca teve um volume t�o baixo. As nascentes secaram e a prefeitura decretou o racionamento de �gua, que chega �s casas tr�s vezes por semana, das 6h �s 18h.


Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a redu��o do volume de �gua preocupa vizinhos de muitas lagoas. Em Nova Lima, duas delas praticamente secaram, a da Codorna e a do Miguel�o, onde funcionam, desde o in�cio da d�cada de 1920, duas pequenas hidrel�tricas para produ��o de energia da antiga Mineradora Morro Velho, agora AngloGold Ashanti.
Na Lagoa dos Ingleses, ainda em Nova Lima, os barcos maiores do Iate Clube dos Ingleses, no Condom�nio Alphaville, �s margens da BR-040, sa�da para o Rio de Janeiro, j� n�o podem mais ser colocados ou retirados da �gua. As rampas de acesso, por onde as embarca��es s�o transportadas em carretinhas, est�o at� 16 metros distante da �gua e h� muita lama. Em alguns pontos, a �gua est� distante 60 metros de onde os barcos ficavam ancorados. “A lagoa nunca esteve t�o baixa como agora. Vamos aumentar o tamanho das rampas j� pensando em outras secas futuramente”, disse o diretor do clube, Lannis Garcia.


O gerente de manuten��o do clube, Gilvan Gomes Ribeiro, respons�vel por colocar e retirar os barcos da �gua, conta que s� consegue transportar as embarca��es menores. Ele mostra o terreno onde antes havia �gua e que agora est� todo rachado por causa da seca. “A terra cedeu e surgiram trincas na sauna e no piso da piscina”, disse Gilvan. “Em 13 anos que trabalho aqui, nunca vi uma situa��o como essa”, comentou Gilvan, lembrando que v�rias nascentes que abastecem a Lagoa dos Ingleses secaram. “O que enche a lagoa s�o as chuvas. Quando chove, a �gua fica minando da terra por at� quatro meses, mas h� muito tempo n�o sai nada”, lamenta.


O secret�rio municipal de meio ambiente de Nova Lima e ex-presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, conta que n�o h� nenhuma lagoa em Minas em situa��o confort�vel. Ele informa que Nova Lima tem um levantamento de dados pluviom�tricos desde 1855, feito pela antiga minera��o Morro Velho, que precisava de �gua para atividades de minera��o e produ��o de energia. “Se n�o houver um per�odo de chuva muito acentuado em novembro e dezembro, 2014 ser� um dos tr�s anos mais secos em 150 anos em Nova Lima”, disse o secret�rio. “A gente est� rezando para que haja uma recupera��o agora no fim do ano. Com esse per�odo seco t�o grande, que vem desde mar�o, Furnas, Tr�s Marias, nascentes dos rios S�o Francisco e Grande e as lagoas daqui, tudo est� tudo muito seco, numa situa��o muito dif�cil, mesmo”, disse o secret�rio.

Em Nova Lima, barcos dos sócios da Lagoa dos Ingleses estão parados por causa da seca em Minas(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Em Nova Lima, barcos dos s�cios da Lagoa dos Ingleses est�o parados por causa da seca em Minas (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)


LAGOS ARTIFICIAIS
Messias explica que as lagoas do Miguel�o, das Codornas e dos Ingleses s�o artificiais, constru�das no in�cio do s�culo 20 pela Morro Velho para o sistema de gera��o hidrel�trica Rio do Peixe. “S�o pequenas centrais hidrel�tricas que fornecem energia ainda hoje. Eles retiram um pouco da �gua do C�rrego do Rio do Peixe e um pouco do Ribeir�o de Macacos. As tr�s lagoas funcionam como sistema de reserva. Na esta��o seca, a das Codornas baixa muito por ser a primeira a ser usada”, disse o secret�rio.


Segundo ele, a mineradora gera 35% da energia el�trica que consome. “H� um acordo deles com a cidade de n�o deixar baixar muito a Lagoa dos Ingleses, por ser um cart�o-postal. Tem uma cota que eles se comprometem a n�o baixar. A paisagem � muito bonita”, comenta o secret�rio, ressaltando que os inc�ndios florestais agravam a seca. A AngloGold Ashanti afirmou que, devido � estiagem, reduziu a produ��o de energia. “Uma parte das lagoas dos Ingleses, das Codornas e do Miguel�o est� defasada. A empresa continua o monitoramento e n�o existe a possibilidade de as lagoas secarem completamente”, informou.


Em Lagoa Santa, o n�vel da lagoa central tamb�m sofre com o longo per�odo de estiagem. A dona de casa Maria das Dores Carvalho, de 59, costuma pescar no local e percebe que cada vez mais a �gua se afasta do barranco onde antes ela ficava sentada com a vara de pesca. “Nunca vi essa lagoa t�o seca. � de cortar o cora��o”, lamentou. A lagoa � natural, segundo a prefeitura, e foi instalado um vertedouro que mant�m o n�vel da �gua bem pr�ximo ao que era antes. “A pequena baixa � ocasionada pela aus�ncia de chuvas por um grande per�odo”, informou a administra��o municipal. Em Lagoa dos Patos, Norte de Minas, a lagoa est� 3 metros abaixo do normal e caminh�es-pipa refor�am o abastecimento nas casas.


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