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Estado de Minas

Nascentes dos Ribeir�es Arrudas e do On�a s�o sugadas pela seca

Expectativa � que a chegada das chuvas mais intensas seja capaz de fazer brotar de novo do solo a �gua fresca que abastece os principais rios de Minas


postado em 04/11/2014 06:00 / atualizado em 04/11/2014 07:23

Apenas a armação de ferro sobrou da pequena ponte sobre um dos córregos que dão origem ao Arrudas. Onde corria o leito restaram somente folhas secas e restos de vegetação queimada(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Apenas a arma��o de ferro sobrou da pequena ponte sobre um dos c�rregos que d�o origem ao Arrudas. Onde corria o leito restaram somente folhas secas e restos de vegeta��o queimada (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

A seca que castiga o Sudeste brasileiro vitimou mais duas nascentes simb�licas para mineiros e belo-horizontinos. Por causa da estiagem e dos inc�ndios, a fonte original do Ribeir�o do On�a e um dos olhos d’�gua que abastecem a cabeceira do Ribeir�o Arrudas sucumbiram neste m�s, deixando apenas um rastro de terra trincada onde costumava ser o leito. Seguiram o mesmo destino da fonte tradicional do Rio S�o Francisco, que fica no Parque Nacional da Serra da Canastra, em S�o Roque de Minas, na Regi�o Centro-Oeste, que j� n�o mina �gua h� mais de 40 dias. A expectativa � de que a chegada das chuvas mais intensas seja capaz de fazer brotar de novo do solo a �gua fresca que abastece os principais rios de Minas, j� que as �ltimas precipita��es ainda n�o foram suficientes. Mas a situa��o � de alerta, pois o problema n�o � localizado: segundo o Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), metade das esta��es de medi��o nas bacias dos rios Doce, S�o Francisco e Para�ba do Sul registram n�vel abaixo do previsto para esta �poca.

Na Grande BH, de acordo com o servi�o de meteorologia da Cemig, s� deve voltar chover entre amanh� e a pr�xima segunda-feira, inaugurando uma temporada mais constante de precipita��es, que de acordo com os meteorologistas pode ter volume e const�ncia suficientes para recarregar reservat�rios e mananciais na regi�o. No Parque Municipal Burle Marx, no Barreiro, onde passa o curso da nascente principal do Ribeir�o Arrudas, logo depois de minar da Serra do Rola Mo�a, o fio d’�gua jorra com menos da metade da vaz�o, mas chegou a estar em situa��o ainda pior antes das �ltimas chuvas. Mesma sorte n�o teve outra nascente pr�xima, a �nica que brota dentro do parque e que tamb�m abastece o Arrudas. O olho d’�gua surgia do alto de um morro, correndo por uma antiga tubula��o de PVC, e descia por uma garganta at� um brejo cercado por bambuzais. O caminho era usado por estudantes para aprender sobre ecologia e tinha v�rias pontes. A �gua tamb�m abastecia um lago com peixes, antes de desembocar no encontro de cursos de �gua que se transforma no ribeir�o.

A seca e os inc�ndios que consumiram 30% do parque, incluindo a �rea da nascente, fizeram com que o olho d’�gua secasse completamente. Dentro do cano, s� restou poeira. O leito do que antes era o pequeno c�rrego fica numa paisagem desolada de mata esturricada, com bambus incinerados. Das pontes, s� sobraram as arma��es de metal. A equipe do Estado de Minas reencontrou na unidade um dos jardineiros que cuidam do espa�o, Adilson da Silva, de 49 anos. No ano passado, ele havia sido entrevistado para falar sobre a conserva��o das �guas que brotavam l�mpidas no parque e eram polu�das por resid�ncias logo que deixavam a �rea. Agora, o trabalhador se assusta com a situa��o das nascentes que julgava saud�veis. “Fiquei impressionado. Achava que aqui essa �gua nunca fosse secar, mas a seca e o fogo foram mais fortes que as minas”, disse.



O jardineiro Adilson da Silva, no início do ano, bebendo das águas do Arrudas: 'Achava que essa água nunca fosse secar, mas a seca e o fogo foram mais fortes que as minas'(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O jardineiro Adilson da Silva, no in�cio do ano, bebendo das �guas do Arrudas: 'Achava que essa �gua nunca fosse secar, mas a seca e o fogo foram mais fortes que as minas' (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
PROJETO DE RESGATE
De acordo com a chefe do departamento Sudoeste da Funda��o de Parques Municipais de BH, Edanise Guimar�es Reis, a expectativa � de que a fonte volte a minar �gua com a primeira semana de chuvas. “Estamos preparando um projeto para plantar 100 �rvores nativas brasileiras em torno da nascente, para proteger a �rea de recarga e o local onde brota. Mas estamos buscando investimentos. Temos espa�o aqui para receber mais de 2 mil �rvores”, disse. A situa��o � t�o grave que at� as mudas que crian�as plantaram com os pais e que receberam placas com seus nomes foram consumidas pelas chamas, assim como os marcos informativos.

Para o bi�logo Rafael Resck, mestre em ecologia aqu�tica e consultor em recupera��o de ecossistemas, a seca de nascentes � um term�metro da gravidade da estiagem pela qual um local passa. “Principalmente nascentes importantes, que est�o sob a aten��o da sociedade por serem de grande import�ncia cultural, como as do S�o Francisco, do Arrudas ou do On�a. � claro que os rios t�m muitas nascentes, mas v�o tendo menos volume quando muitas delas secam”, afirma. Mesmo sendo altamente polu�dos, os ribeir�es Arrudas e do On�a s�o de extrema import�ncia, na avalia��o do especialista. “N�s sacrificamos as �guas desses rios para que Belo Horizonte pudesse crescer e tivesse onde despejar seus esgotos. N�o � o certo, mas � como foi feito. Se esses rios secarem, a concentra��o de esgoto ser� maior, teremos cursos de esgoto puro, a c�u aberto, mais doen�as e p�ssimas condi��es sanit�rias no seu entorno e nos rios que os recebem, como o Rio das Velhas”, alerta Resck.

ENQUANTO ISSO...
...Torcida pela fonte do Velho Chico

No Parque Nacional da Serra da Canastra, as chuvas ainda n�o foram suficientes para fazer rebrotar a nascente mais tradicional do Rio S�o Francisco, em S�o Roque de Minas, segundo o chefe interino da unidade de conserva��o, Vicente de Paula Faria. “Se a chuva continuar assim, acredito que antes de dezembro a nascente esteja mais uma vez minando. A vegeta��o est� se recompondo, ap�s os inc�ndios que devastaram grande parte de nossa �rea. Aos poucos, o verde est� voltando”, afirma. O Velho Chico tem duas nascentes: a hist�rica, primeira a ser descoberta e que fica no parque nacional, e a geogr�fica, que estudos comprovaram ser a real, no munic�pio de Medeiros, na mesma regi�o.


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