
O clima colocou Minas em uma situa��o de extremos. De um lado, 171 munic�pios com decretos de emerg�ncia ainda enfrentam os transtornos da estiagem, com preju�zos como perdas na lavoura e racionamento de �gua. De outro, cidades come�am a sofrer com tempestades e pelo menos cinco j� comunicaram problemas com temporais, raios e granizo � Defesa Civil estadual. Destas, Carangola, na Zona da Mata, Rio Piracicaba, na Regi�o Central, e Sabar�, na Grande Belo Horizonte, tamb�m se declararam em emerg�ncia devido a danos causados por chuvas intensas. H� ainda munic�pios onde as primeiras precipita��es foram insuficientes para p�r fim ao racionamento, como em Vi�osa, na Zona da Mata, onde o rod�zio foi implantado h� dois meses. E outros que enfrentam no pr�prio territ�rio o pior dos contrastes. � o caso de Francisc�polis, no Vale do Mucuri, onde os agricultores e o gado magro ainda sofriam com a seca quando a pior tromba-d’�gua da hist�ria varreu a cidade

Francisc�polis decretou estado de emerg�ncia h� cerca de um m�s, motivado pela seca. Os problemas n�o foram resolvidos e a prefeitura j� elabora documento semelhante por causa do temporal. Extremos como esse exigem esfor�os em diferentes linhas da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). De acordo com o superintendente t�cnico e operacional do �rg�o, major Anderson de Oliveira, ainda h� 90 rotas em cidades mineiras para abastecimento de �gua por meio de caminh�es-pipa. Apesar de concentrado em munic�pios do Norte do estado, o servi�o tamb�m tem sido comum em �reas antes marcadas pela abund�ncia de �gua, como a Zona da Mata e o Centro-Oeste mineiro. “Em casos mais cr�ticos, a Cedec tamb�m tem auxiliado as coordenadorias municipais, enviando alimentos para fam�lias atingidas pela seca. O munic�pio come�a o atendimento com os recursos que possui, enquanto o estado e a Uni�o fazem o trabalho complementar”, afirmou o militar.
Ao mesmo tempo, o in�cio da atua��o de frentes frias sobre Minas, desde o fim de outubro, j� obrigou o estado a colocar em pr�tica seu plano de conting�ncia para chuvas. “Estamos emitindo alertas de tempestades e temos 15 regionais abastecidas com material de ajuda humanit�ria, como alimentos, roupas, colch�es e �gua pot�vel. Equipes de Defesa Civil j� foram treinadas e estamos em alerta para os casos de desastre que, infelizmente, v�o acontecer”, explicou o major Anderson, lembrando ainda da import�ncia de a popula��o assumir comportamentos de prote��o para minimizar o risco de acidentes. Segundo ele, os problemas j� s�o esperados porque muitas cidades t�m, al�m da topografia acidentada, passivos hist�ricos em infraestrutura. “Em muitos casos, houve crescimento sem planejamento urbano e casas foram constru�das em �reas de alagamento ou em encostas”, completa.
Sabar� � um desses exemplos. De acordo com o coordenador de Defesa Civil municipal, tenente Marcelo Oscar de Queiroz, as v�rias constru��es em encostas ou �s margens do Rio das Velhas representam perigo em �poca de chuvas. No �ltimo dia 28, a cidade enfrentou problemas com uma tempestade. “Houve muito p�nico. Uma creche ficou alagada durante o hor�rio de funcionamento e muitas pessoas perderam todos os bens, que foram levados ou ficaram molhados pela chuva”, contou. Segundo o coordenador, um trabalho preventivo tem sido feito com moradores de �reas de risco para evitar acidentes.
Mesmo sem registro de preju�zos materiais, a cidade de Santo Ant�nio do Monte, no Centro-Oeste de Minas tamb�m j� comunicou eventos de chuva � Cedec. Pode vir de l� o registro da primeira morte neste per�odo chuvoso. A cidade foi atingida por uma tempestade de raios em 20 de outubro e um homem foi v�tima de descarga el�trica na zona rural. O temporal ocorreu dias depois de o munic�pio, assim como outros da regi�o, enfrentar problemas com o abastecimento. “Faltou �gua por uns oito dias e precisamos recorrer ao caminh�o-pipa. Com as �ltimas chuvas, o abastecimento foi normalizado. Mas n�o esper�vamos tantos raios”, disse o coordenador de Defesa Civil local, Luis Jesus da Silva.

RACIONAMENTO Em Vi�osa, na Zona da Mata, o caminh�o-pipa continua sendo necess�rio, mesmo depois das primeiras chuvas, insuficientes para recompor os reservat�rios. “Ontem (anteontem), tivemos a primeira pancada, com volume de 43 mil�metros. Outros registros tinham sido de apenas 5mm e 8 mm”, explicou o coordenador municipal de Defesa Civil, Rodrigo Cardoso de Souza.
Em Francisco S�, no Norte do estado, a situa��o se repete: moradores das partes mais altas tamb�m continuam enfrentando racionamento e quase toda a popula��o da zona rural � atendida por caminh�es-pipa. O prefeito Denilson Silveira (PCdoB) explica que no fim de outubro e nos primeiros dias deste m�s choveu no munic�pio, mas n�o o bastante para a recupera��o da barragem do Rio S�o Domingos, que est� com 12% de sua capacidade.
Em quatro bairros nas regi�es mais altas da cidade, a �gua s� chega em determinado per�odo, em dias alternados. “A situa��o est� muito complicada. Muitas vezes, os moradores precisam recorrer aos vizinhos para terem �gua para beber”, afirma Dione Ferreira Gomes, presidente da Associa��o dos Moradores do Bairro Jardim Brejo das Almas, uma das �reas afetadas. Dione disse que foi perfurado um po�o tubular, cuja �gua � salobra, e mesmo assim ele ainda n�o tem serventia, pois depende da liga��o de energia para uso de uma bomba.
