
De olho nas pequenas telas dos smartphones, enquanto caminham, e com a vis�o do piso � frente limitada pela multid�o que circula nos passeios, os pedestres de Belo Horizonte est�o sujeitos a cair em buracos que proliferam nas cal�adas dos principais destinos tur�sticos, culturais e econ�micos da capital mineira. Com uma trena em m�os, a reportagem do Estado de Minas percorreu cinco circuitos, na Savassi e no Hipercentro, e mediu uma sequ�ncia perigosa de cavidades e revestimentos falhos, flagrando ainda momentos em que os pedestres quase se acidentaram ao cair nessas armadilhas nas cal�adas, que deveriam ser conservadas pelos propriet�rios dos im�veis e fiscalizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), segundo o C�digo de Posturas. Foram 196 buracos encontrados em 2,8 quil�metros. A m�dia � de um a cada 14m caminhados, dist�ncia equivalente ao comprimento de um cont�iner. Especialistas consideram que o levantamento revelou uma situa��o cr�tica e perigosa.
Os passeios mais prec�rios est�o no caminho entre a Pra�a 7 e o Mercado Central, um circuito muito usado por moradores e turistas, mas que no trajeto mais curto, pela Avenida Amazonas e Rua Curitiba, concentra 62 buracos em 530m de percurso, m�dia de um a cada 8,5m. Ou seja, quem transita nesse caminho se depara com uma amea�a de trope�o ou tor��o do tornozelo toda vez que percorre a dist�ncia semelhante ao comprimento de um micro-�nibus. Se somados, esses buracos se abrem numa �rea total de 12,07metros quadrados. Para ter uma ideia do qu�o amplo seria essa cratera, engenheiros consideram que a �rea m�nima de um quarto de empregada dom�stica, com banheiro, deve ser de 12 metros quadrados.
O maior buraco no caminho dos pedestres para o Mercado Central tem 1,65m por 1,10m, pouco mais de 1,8 metro quadrado, e fica no in�cio do passeio de cal�amento portugu�s da Pra�a 7. Sobra menos de um metro de passeio livre para caminhar e � por l� que precisam passar pessoas mais fr�geis e de mobilidade prejudicada, como idosos, gr�vidas e deficientes f�sicos.
Os pequenos blocos de basalto azuis e brancos do revestimento se perderam e o tr�nsito intenso de pedestres e cargas exp�s as camadas de cimento e terra sob o piso, numa profundidade de quase um palmo. Nem todos conseguem se desviar do obst�culo, muitas vezes encoberto pelo grande volume de pessoas que transita neste que � um dos mais movimentados quarteir�es da capital.
“A gente nem v� quando cai num desses buracos. Quando chove � ainda pior, porque a �gua suja tampa o buraco todo e a� voc� n�o sabe onde tem passeio, onde � raso”, reclama o aposentado Em�lio Ferreira, de 67 anos, que frequenta o Centro principalmente para ir a bancos e com�rcios. Ele conta que j� torceu o p� uma vez, mas que n�o tinha com quem reclamar. “Tive de parar com todos os meus compromissos e pegar um t�xi de volta para minha casa, no Bairro Padre Eust�quio (Regi�o Noroeste de BH)”.