Uma quadrilha especializada em fraudar o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), vestibulares e concursos p�blicos foi presa ontem pelo Grupo de Atua��o Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-MG). Pelo menos 30 pessoas foram detidas, entre fraudadores e candidatos que faziam as provas para o curso de medicina da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais (CMMG), em uma universidade no Bairro Buritis, Regi�o Oeste de Belo Horizonte. Segundo as investiga��es, a organiza��o criminosa, que atua em todo o pa�s, tamb�m fraudou o processo seletivo da �ltima edi��o do Enem.
O mineiro �ureo Moura, que mora em Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, e Carlos Lobo, morador de um condom�nio em Guaruj� (SP), est�o entre os presos e s�o apontados como os chefes da quadrilha. Eles montaram o esquema de fraude no estado, que contava a participa��o de m�dicos residentes e professores universit�rios. “Queriam montar uma base operacional no estado, mas acabaram presos em flagrante”, afirmou o promotor Andr� Lu�s Garcia Pinho, coordenador da Promotoria de Combate ao Crime Organizado.
Segundo ele, os fraudadores usavam equipamentos sofisticados de transmiss�o e recep��o, por meio de GSM (telefonia celular) e VHF (radiocomunica��o), importados da China. �ureo mantinha empresa de fachada no ramo de eventos e Carlos no setor de venda de equipamentos eletr�nicos. “Os dois mantinham alto padr�o de vida, tendo como renda fraudes em vestibulares, cobrando de R$ 60 mil a R$ 200 mil para garantir uma vaga, por meio da fraude”.
O delegado Antonio Junio Dutra Prado, da Pol�cia Civil, disse ontem � noite que todos envolvidos seriam ouvidos e que n�o poderia dar mais informa��es sobre a opera��o, pois a pris�o dos fraudadores e candidatos estava apenas dando in�cio �s investiga��es. Um investigador contou que h� seis meses a quadrilha vinha sendo monitorada, com autoriza��o da Justi�a. �ureo Moura foi preso dentro de um ve�culo importado, de onde passava informa��es por meio de r�dio VHF.
“Identificamos v�rios candidatos que pagaram para conseguir a vaga. O golpe consistia em inscrever m�dicos residentes e professores universit�rios em vestibulares. Eles faziam as provas e, depois de anotarem o gabarito com as respostas corretas, repassavam para �ureo. Usando um r�dio transmissor, numa frequ�ncia ajustada nos micropontos (escutas) dos candidatos, ele repassava as respostas”, explicou o investigador.
Al�m da fraude no vestibular de ontem, foi apurado que o grupo, a partir de uma base num hotel em Pontes e Lacerda (MT), passou informa��es do gabarito das provas do Enen para v�rios candidatos no pa�s. “Eles utilizaram um moderno sistema de telefonia celular, em que o aparelho de recep��o imita um cart�o de cr�dito. Trinta minutos antes do in�cio das provas, eles tinham as provas em m�os e resolviam as quest�es”, contou o policial. Somente hoje os policiais do Gaeco devem concluir o auto de flagrante dos presos.