(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Jovem de 23 anos morto em opera��o policial se preparava para casar

O clima de como��o e revolta tomou conta do aglomerado no Bairro Calafate, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte. Tr�s �nibus foram queimados por moradores


postado em 24/11/2014 06:00 / atualizado em 24/11/2014 06:56

O primeiro ônibus foi queimado ainda na noite de sábado na Avenida Tereza Cristina, logo após abordagem de um adolescente por um policial militar. Segundo a PM, o menor portava oito pinos de cocaína (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press.)
O primeiro �nibus foi queimado ainda na noite de s�bado na Avenida Tereza Cristina, logo ap�s abordagem de um adolescente por um policial militar. Segundo a PM, o menor portava oito pinos de coca�na (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press.)

A morte de um jovem de 23 anos com um tiro na cabe�a durante opera��o de policiais militares causou revolta de moradores, que incendiaram tr�s �nibus no Bairro Calafate, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte. O crime aconteceu na noite de s�bado e o disparo teria sido feito por um policial. Um adolescente de 15 anos tamb�m ficou ferido. Ontem, o clima era de como��o e revolta. A madrugada de segunda-feira foi tranquilo no local, conforme informou a PM.

Moradores e a PM apresentaram vers�es diferentes para o caso. Segundo moradores, tudo come�ou com a abordagem de um policial do 22º Batalh�o na favela da Rua Bimbarra, ao adolescente, que tem problemas mentais. O pai dele, o comerciante Alex Sandro Alves da Silva, de 40, dono de um neg�cio de estofados no Barreiro, interferiu para que os militares soltassem o garoto. Depois de serem liberados, eles andaram alguns metros e foram surpreendidos por policiais, que os agrediram. Nesse momento, familiares e vizinhos que estavam sentados em frente �s casas se levantaram para questionar os militares por que batiam nos dois. Um deles era Alexandre Souza, de 23, que estava mais � frente do grupo e, ao levantar a m�o, tomou uma rasteira, caiu e, ainda na vers�o dos moradores, ao tentar se levantar, foi atingido com um tiro na testa, na altura da sobrancelha.

Em seguida, a PM teria come�ado a disparar v�rios tiros, que acertaram Alexandre novamente no ombro e o adolescente, que correu, na virilha. “Ningu�m d� um tiro na cabe�a em leg�tima defesa. Foi muita sorte ningu�m mais ter sido atingido”, afirma a costureira Samanta Valezi, de 20, que estava no local no momento da ocorr�ncia.

Testemunhas afirmaram ainda que a pol�cia jogou uma sacola com coca�na perto de pai e filho. “Os dois tinham sido liberados e, de repente, est�o com drogas? Como a pol�cia explica isso? Apontaram arma at� para beb� de colo”, questiona a jovem. A tamb�m costureira Kelly Lopes, de 42, disse que tentava tirar a m�e de Alexandre do lado do corpo quando viu uma arma apontada para sua cabe�a: “Pedi calma ao policial e expliquei que estava apenas tentando tir�-la de l�”. V�rios moradores confirmaram que o jovem morreu na hora.

COCA�NA
A Pol�cia Militar deu outra vers�o para o caso. Segundo a corpora��o, um soldado fazia patrulha num beco quando apreendeu o adolescente, que estaria com oito pinos de coca�na. Ao ver o filho detido, Alex Sandro e outros quatro homens teriam partido para cima do militar e tirado o garoto dele. O soldado pediu ajuda a outros tr�s colegas, que vigiavam outro beco, ponto de tr�fico de drogas, para resgatar o menor. Depois, outras 50 pessoas cercaram os militares e os agrediram fisicamente e com paus e pedras, acertando tamb�m a viatura. Na confus�o, um dos envolvidos, que seria Alexandre, teria tentado pegar a arma do policial, quando houve o disparo acidental.

A PM afirma que o jovem foi levado para a UPA Oeste, onde foi socorrido, j� que os militares n�o t�m capacidade para atestar a gravidade do ferimento. Mas a Secretaria Municipal de Sa�de informou que Alexandre chegou j� morto, com perda de massa encef�lica. Os militares disseram que tentaram apreender o adolescente novamente, mas que ele fugiu. O menino, no entanto, foi levado pelos vizinhos ao Hospital Odilon Behrens. J� o pai dele foi detido e autuado por dano ao patrim�nio e resist�ncia. Ele est� preso no Ceresp Gameleira.

A ocorr�ncia foi encerrada na Central de Flagrantes e, de acordo com a Pol�cia Civil, hoje, o chefe da 2ª Delegacia Sul vai analisar a situa��o para decidir se abrir� inqu�rito. A assessoria da PM informou que o caso est� sendo tratado como homic�dio e admite que o disparo saiu da arma do policial. Caso a Civil apure alguma responsabilidade dos militares envolvidos, haver� procedimento administrativo.

Casamento estava marcado para 2015


Alexandre Souza, de 23 anos, era um dos nove filhos do funcion�rio p�blico e l�der comunit�rio Elton dos Santos Moura, de 51. Ele ganhou recentemente do pai um caminh�o e trabalhava com carreto. Era noivo e estava reformando a casa da m�e para morar com a futura mulher, com quem se casaria no ano que vem. Ele deixa uma filha de 3 anos. Tido como apaziguador na comunidade, era conhecido por n�o gostar de brigas.

Elton recebeu a not�cia da morte num churrasco que comemorava a aprova��o de uma das filhas no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Para mim, foi homic�dio. Criei o Alexandre desde que ele tinha 1 ano e 8 meses para a pol�cia vir e tirar a vida dele.”

Ontem, o clima estava tenso na vila. Policiais chegaram logo cedo com armas em punho e s� pararam de dar voltas pelo local depois da chegada da imprensa. O primeiro �nibus foi queimado logo depois da morte de Alexandre. Ontem de manh�, a pol�cia cercou o local. No come�a da tarde, outros dois coletivos foram atacados, todos com passageiros, que desceram antes. O motorista do terceiro ve�culo foi obrigado a parar por um grupo de pessoas com pedras e peda�os de paus. Policiais agiram r�pido e conseguiram evitar que o fogo se espalhasse por todo o �nibus.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)