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Estado de Minas

Embarca��es centen�rias valorizam patrim�nio arqueol�gico em Minas


postado em 29/11/2014 08:18

Foram quatro dias de esforço para transportar a canoa achada em Andrelândia, no Sul de Minas, até um local seguro (foto: José Marcos Alves Salgado/Divulgação)
Foram quatro dias de esfor�o para transportar a canoa achada em Andrel�ndia, no Sul de Minas, at� um local seguro (foto: Jos� Marcos Alves Salgado/Divulga��o)
O passeio de canoa pelo Rio Grande, no Sul de Minas, do pescador Pedro Fonseca e o filho, Douglas, de 9 anos, foi divertido e resultou em descoberta surpreendente. Enquanto a dupla remava sob sol forte, o menino teve a feliz ideia de mergulhar e se refrescar um pouco, pois a longa estiagem deixara o leito com pouca profundidade. No entanto, mal entrou na �gua o garoto encostou a m�o num peda�o de madeira e voltou � tona para comunicar o achado ao pai. Naquele exato local, estava enfiada na areia uma embarca��o de madeira ind�gena ou usada pelos bandeirantes que desbravaram as Gerais dos prim�rdios. Nos �ltimos 17 anos, seis pe�as de tamanhos variados, achadas em rios diferentes, vieram � tona para valorizar mais o patrim�nio arqueol�gico do estado.

Retirar das �guas a velha canoa de 9,10m e 70cm de largura n�o foi f�cil, diz o arquiteto Jos� Marcos Alves Salgado, conselheiro do N�cleo de Pesquisas Arqueol�gicas (NPA) do Alto Rio Grande, associa��o que completa 30 anos e se dedica � preserva��o do patrim�nio cultural de Andrel�ndia, no Sul de Minas. Ele explica que foram necess�rios quatro dias para levar a embarca��o at� uma trilha no mato e proteg�-la. Na sequ�ncia, a pe�a seguiu de caminh�o at� o Parque Arqueol�gico da Serra de Santo Ant�nio, unidade pertencente ao NPA.

Quanto mais o epis�dio se tornava conhecido, mais gente aparecia para ajudar na empreitada, conta Jos� Marcos, que, ao ser procurado pelo pescador, comunicou de imediato o achado ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC). No primeiro dia, incluindo Pedro Fonseca, foram seis homens, n�mero que chegou a 15 na hora de levantar a canoa e coloc�-la no caminh�o – para adiantar o expediente, a embarca��o deslizou sobre roletes. “A madeira, ainda encharcada, estava muito pesada. Trata-se de um tronco inteiri�o, possivelmente de cedro ou vinh�tico”, conta o conselheiro, lembrando que a embarca��o foi localizada entre Andrel�ndia e Santana do Garamb�u.

Canoa achada às margens do Rio das Velhas está em exposição na Casa Fernão Dias, em Quinta do Sumidouro, no município de Pedro Leopoldo(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Canoa achada �s margens do Rio das Velhas est� em exposi��o na Casa Fern�o Dias, em Quinta do Sumidouro, no munic�pio de Pedro Leopoldo (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Certo de que ser�o necess�rios estudos para determinar a proced�ncia, �poca e tipo de ferramenta usada, Jos� Marcos acredita que a pe�a tem origem ind�gena, talvez anterior � chegada dos portugueses. “J� achamos na regi�o muitos artefatos do povo tupi-guarani, como pontas de flechas e urnas de barro para funerais. Agora, vamos construir um abrigo espec�fico para receber a canoa e mostr�-la aos visitantes. O local ter� cobertura em cer�mica e paredes decoradas com pain�is do Rio Grande.” Nos �ltimos dias, a equipe do NPA verificou os detalhes da canoa, incluindo os furos para amarrar o cip� numa �rvore e um corte, na proa, em forma de “v”, chamado quebra-�gua”. “O fundo est� perfeito, s� a borda ficou meio podre. Mas podemos dizer que a canoa � muito bem trabalhada”, afirma o arquiteto.

O arque�logo Alexandre Delforge, da superintend�ncia em BH do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), explica que esse meio de transporte era usado pelos povos canoeiros, com destaque para os tupis-guaranis que habitavam a Zona da Mata, a �rea central de Minas e a regi�o do Rio S�o Francisco. “Eles moravam sempre perto dos grandes rios e tinham t�cnica pr�pria de construir as canoas, usando um tronco �nico”, diz Delforge, explicando que os colonizadores portugueses adotaram o sistema para fazer embarca��es. “� muito raro encontrar esse tipo de canoa, pois a madeira de lei n�o boia por ser mais densa que a �gua. Os �ndios do litoral viajavam nessas embarca��es pelo mar e depois chegavam ao interior pelos grandes rios”, diz o arque�logo.

Carbono

Detalhe de grande canoa indígena, com mais de 10m de comprimento, encontrada no Rio Aiuruoca. Análise mostra que é do período 1480-1660 (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Detalhe de grande canoa ind�gena, com mais de 10m de comprimento, encontrada no Rio Aiuruoca. An�lise mostra que � do per�odo 1480-1660 (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
14 O desenho feito pelo alem�o Johann Moritz Rugendas (1802-1858), em viagem pelo pa�s entre 1821 e 1825, mostra 13 �ndios numa canoa, pescando em �guas caudalosas. A canoa de 10,6m de comprimento e 70cm de largura – encontrada em 1999 no Rio Aiuruoca, integrante da Bacia do Rio Grande, em S�o Vicente de Minas, na Regi�o Sul – � exemplo de se faziam embarca��es que comportavam grupos de pessoas. Na �poca, essa canoa despertou o interesse da Marinha e recebeu laudo t�cnico do MPMG. Conforme an�lise pelo m�todo Carbono 14, feita nos Estados Unidos, a data��o � do per�odo de 1480 a 1660. A prefeitura local vai reformar um casar�o recentemente adquirido pela municipalidade e expor a pe�a.

Se no Sul de Minas as canoas apareceram no per�odo da seca, em Pedro Leopoldo, na Grande BH, duas surgiram depois de uma enchente violenta no Rio das Velhas, que causou assoreamento. A maior, de 14m e escavada num tronco de vinh�tico, est� em exposi��o na Casa Fern�o Dias, em Quinta do Sumidouro, informa a secret�ria municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Juventude e Turismo, Patr�cia Rafael. J� o pescador Jo�o Batista, de Brumadinho, conseguiu uma proeza nas �guas do Rio Paraopeba. No ano passado, ele “fisgou” uma canoa de 3m, amarrou, mas ela desceu o rio. Tempos depois, ela voltou � tona e ele a levou para o s�tio. Certo de que se trata de pe�a de valor arqueol�gico, ele vai comunicar o fato ao Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).


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