
Retirar das �guas a velha canoa de 9,10m e 70cm de largura n�o foi f�cil, diz o arquiteto Jos� Marcos Alves Salgado, conselheiro do N�cleo de Pesquisas Arqueol�gicas (NPA) do Alto Rio Grande, associa��o que completa 30 anos e se dedica � preserva��o do patrim�nio cultural de Andrel�ndia, no Sul de Minas. Ele explica que foram necess�rios quatro dias para levar a embarca��o at� uma trilha no mato e proteg�-la. Na sequ�ncia, a pe�a seguiu de caminh�o at� o Parque Arqueol�gico da Serra de Santo Ant�nio, unidade pertencente ao NPA.
Quanto mais o epis�dio se tornava conhecido, mais gente aparecia para ajudar na empreitada, conta Jos� Marcos, que, ao ser procurado pelo pescador, comunicou de imediato o achado ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC). No primeiro dia, incluindo Pedro Fonseca, foram seis homens, n�mero que chegou a 15 na hora de levantar a canoa e coloc�-la no caminh�o – para adiantar o expediente, a embarca��o deslizou sobre roletes. “A madeira, ainda encharcada, estava muito pesada. Trata-se de um tronco inteiri�o, possivelmente de cedro ou vinh�tico”, conta o conselheiro, lembrando que a embarca��o foi localizada entre Andrel�ndia e Santana do Garamb�u.

O arque�logo Alexandre Delforge, da superintend�ncia em BH do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), explica que esse meio de transporte era usado pelos povos canoeiros, com destaque para os tupis-guaranis que habitavam a Zona da Mata, a �rea central de Minas e a regi�o do Rio S�o Francisco. “Eles moravam sempre perto dos grandes rios e tinham t�cnica pr�pria de construir as canoas, usando um tronco �nico”, diz Delforge, explicando que os colonizadores portugueses adotaram o sistema para fazer embarca��es. “� muito raro encontrar esse tipo de canoa, pois a madeira de lei n�o boia por ser mais densa que a �gua. Os �ndios do litoral viajavam nessas embarca��es pelo mar e depois chegavam ao interior pelos grandes rios”, diz o arque�logo.
Carbono

Se no Sul de Minas as canoas apareceram no per�odo da seca, em Pedro Leopoldo, na Grande BH, duas surgiram depois de uma enchente violenta no Rio das Velhas, que causou assoreamento. A maior, de 14m e escavada num tronco de vinh�tico, est� em exposi��o na Casa Fern�o Dias, em Quinta do Sumidouro, informa a secret�ria municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Juventude e Turismo, Patr�cia Rafael. J� o pescador Jo�o Batista, de Brumadinho, conseguiu uma proeza nas �guas do Rio Paraopeba. No ano passado, ele “fisgou” uma canoa de 3m, amarrou, mas ela desceu o rio. Tempos depois, ela voltou � tona e ele a levou para o s�tio. Certo de que se trata de pe�a de valor arqueol�gico, ele vai comunicar o fato ao Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).