
A implanta��o do Contorno Metropolitano Norte, parte do Rodoanel de Belo Horizonte, al�m de desafogar o tr�fego na capital mineira, oferecendo uma op��o de passagem por fora da cidade, entre Betim e Caet�, obrigar� caminhoneiros, donos de transportadoras, industriais e comerciantes a mudar sua log�stica. Assim que a via come�ar a ser operada, a capital vai mais do que dobrar a extens�o de vias com restri��es ao tr�fego de caminh�es acima de cinco toneladas. Aos atuais 15 trechos de avenidas e ruas, totalizando 39 quil�metros em que a passagem de ve�culos de carga e carretas � limitada ou proibida, se somar�o mais 13 segmentos, que totalizam mais 51 quil�metros. Atualmente, esse tipo de tr�fego pesado permite o abastecimento de produtos e mat�rias-primas para diversos setores, mas ele j� n�o � suportado em corredores estreitos como as avenidas Silva Lobo, Bar�o Homem de Melo, �rsula Paulino e Nossa Senhora do Carmo, onde causam congestionamentos e acidentes graves.
De acordo com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras P�blicas (Setop), que assumiu a implanta��o do Contorno Metropolitano Norte depois de acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), a previs�o � de que a opera��o da via seja iniciada em 2020, depois de processo licitat�rio e de quatro anos de obras, com previs�o de R$ 4,5 bilh�es de investimentos, sendo R$ 800 milh�es do estado e o restante da parceria privada. A licita��o do Contorno Norte foi conclu�da e o processo se encontra na fase de an�lise da documenta��o do cons�rcio vencedor, com prazo de 60 dias, que antecede a assinatura do contrato de concess�o.
Quando a iniciativa privada assumir a rodovia, progressivamente as avenidas Nossa Senhora do Carmo (BR-356), Bar�o Homem de Melo, Silva Lobo, Teresa Cristina, �rsula Paulino, Amazonas, Delta, Pedro II, Carlos Luz, Ant�nio Carlos, Cristiano Machado, Jos� C�ndido da Silveira e Via Expressa ser�o sinalizadas pela BHTrans e ter�o tr�fego restrito para ve�culos de carga (veja mapa).
Na Avenida Silva Lobo, que cruza parte da Regi�o Oeste, ligando os bairros Calafate e Luxemburgo, todos os 3,5 quil�metros de extens�o ter�o restri��es ao tr�fego de caminh�es e carretas acima de cinco toneladas. Um promessa de solu��o para o tr�nsito intenso de ve�culos pesados, de empresas de entregas e de material de constru��o, que causa transtornos durante todo o dia. Mesmo que seja duplicada, a via, com suas pistas estreitas e estacionamento junto �s cal�adas, n�o permite que um carro de passeio trafegue lado a lado com um caminh�o. Nos hor�rios de pico, essa circula��o � ainda mais prejudicada, segundo motoristas. “Por volta das 18h, a gente sente mesmo dificuldade de transitar, com cruzamentos fechados e outros problemas causados pelos caminh�es”, afirma a funcion�ria p�blica Maria Penido, de 50 anos.

Os 5,2 quil�metros da Avenida Bar�o Homem de Melo, um dos principais acessos ao Bairro Buritis e liga��o importante entre a Amazonas e a Raja Gabaglia, tamb�m ter�o impedimentos ao transporte pesado. Atualmente, circulam pela via ve�culos acima de cinco toneladas com v�rias finalidades, desde ca�ambas e ba�s a carretas e caminh�es trucados (de terceiro eixo adaptado). Por concentrar muitas marmorarias e dep�sitos de constru��o, a avenida recebe tr�fego pesado intenso, restringindo o espa�o para os demais condutores e piorando o tr�nsito para os pr�prios caminhoneiros.
Para se ter uma ideia, h� ind�strias e pontos comerciais que recebem tanta carga que os condutores de caminh�es s�o obrigados a estacionar nas ruas para aguardar a vez de descarregar. Em um dep�sito pr�ximo � Avenida Silva Lobo, por exemplo, restou ao caminhoneiro Sid Ribeiro, de 59, estacionar dificultando o acesso a um ponto de �nibus e causando reten��es. “Acho que, se tivermos um hor�rio para entregar, tudo isso ser� resolvido. N�o pode � impedir completamente os caminh�es maiores de fazerem suas entregas. Eu, por exemplo, trago gesso do Rio de Janeiro h� 15 anos. N�o tem como simplesmente parar”, afirma.
Opini�o diferente da do auxiliar administrativo Roberth Kellisson Silva Ferreira, de 21. “Tenho de subir a Bar�o Homem de Melo para o Uni-BH todos os dias e � comum o tr�fego ficar congestionado quando os caminh�es estacionam em lugar proibido, fecham cruzamentos ou fazem manobras. O pior mesmo � quando quebram e param tudo at� um guincho chegar. Aqui n�o comporta esse tipo de tr�fego em hora nenhuma”, reclama.
Para o vendedor Alexandre Silva, de 37, que trabalha em uma marmoraria, o impedimento pode causar transtornos e preju�zos. “Os caminh�es t�m dificuldade de fazer entregas pontuais. E se chegarem fora do hor�rio com nossa mercadoria? V�o ter de esperar o dia passar? Quem vai pagar pelo estacionamento e pela di�ria? M�rmore, por exemplo, n�o pode ser transportado por qualquer caminh�o. Tem de conseguir suportar muito peso”, disse.
Depois que uma carreta carregada com bobinas tombou, matando tr�s pessoas, ferindo duas e destruindo sete carros na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em 6 de junho de 2012, a via passou a ter tr�fego restrito para caminh�es e proibido para carretas entre a Avenida do Contorno e o trevo do Bairro Belvedere. Com a implanta��o do Rodoanel, esse impedimento ser� estendido � entrada do Anel Rodovi�rio. Nesse trecho, em que atualmente ainda podem rodar ve�culos pesados, a presen�a de carretas � constante, principalmente as vindas dos trevos do BH Shopping e da MG-030, acesso a Nova Lima, na Grande BH. Na segunda-feira, em poucos minutos, a equipe do Estado de Minas flagrou ve�culos pesados fazendo manobras e travessias que deixaram o tr�nsito congestionado, inclusive com uma batida, sem v�timas, na Al�a Sul da BR-040.
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Contorno Metropolitano
A obra que promete tirar de BH boa parte do tr�fego rodovi�rio de passagem soma tr�s trechos: Norte, Sul e Leste. Enquanto o Contorno Norte tem projeto e pode ser licitado no ano que vem, o Contorno Sul, de responsabilidade do Dnit, ainda est� na prancheta. De acordo com o �rg�o federal, a empresa que elabora os estudos de tra�ado e projetos executivos “aguarda posicionamento do �rg�o ambiental do estado”, para continuar o trabalho. J� o Contorno Leste, de responsabilidade do Dnit e da Prefeitura de Belo Horizonte, ainda tem a viabilidade avaliada pelo Minist�rio dos Transportes. Um procedimento de manifesta��o de interesse para parceria p�blico-privada foi aberto em 2013, mas n�o recebeu propostas. Segundo a prefeitura, “o assunto ser� reavaliado futuramente”.