
Os term�metros n�o deixam d�vida de que este � o ver�o mais quente dos �ltimos 27 anos. Mas o calor vai al�m do que � registrado nas esta��es meteorol�gicas em muitos pontos da cidade. Se n�o bastassem as eleva��es provocadas por uma massa de ar seco estacionada sobre Minas, diversos materiais tornam a cidade um grande espelho que reflete a luz solar, aumentando ainda mais o calor. O asfalto, o concreto, pisos lisos de estacionamento a c�u aberto, a cobertura de m�rmore nas fachadas e at� os vidros blindex nas portarias aumentam as temperaturas.
O efeito do sol sobre o asfalto foi comprovado pelo operador de caixa Marcos de Paulo, que gravou um v�deo fritando um ovo da maneira mais inusitada em Governador Valadares, no Leste de Minas. Ele conseguiu aquecer a frigideira e a brincadeira virou sensa��o na internet. At� o in�cio da noite de ontem, eram mais de 4,2 mil compartilhamentos.
Muita gente pensa que � apenas uma sensa��o de desconforto, mas de fato esses materiais tornam as temperaturas mais elevadas, segundo o professor do curso de engenharia de materiais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Vicente Buono. H� um eleva��o de at� 3 graus em determinados locais. Devido � cor preta, o asfato absorve muito o calor e continua a irradi�-lo mesmo depois que o sol se p�s. No caso dos estacionamentos a c�u aberto, o problema � a extens�o e o fato de a superf�cie ser lisa, condi��es que colaboram na reflex�o dos raios solares.

FOGO MET�LICO Os materiais met�licos contribuem para deixar os arredores mais quentes. � o caso das tampas de bueiro, as ca�ambas e at� os port�es met�licos. O professor explica que cada uma dessas pe�as contribui pouco para o aquecimento, mas o problema � o conjunto delas. “Quando voc� passa perto de um port�o met�lico, sente o calor.” O professor ressalta que, quando feitos em metal, os abrigos para �nibus deixam de ser um local para se proteger do sol. Foi o que constatou a cabeleireira Andrea Bicalho, de 34 anos, que n�o conseguiu se sentar no banco de um abrigo na Pra�a da Esta��o, na tarde de ontem, com a filha Maria Clara, de 5. “N�o tem como sentar, porque queima as pernas”, afirmou.
N�o estava chovendo, mas a cena bem que sugeria. Para fugir dos raios solares, 10 pessoas recorreram a sombrinhas em um ponto de �nibus na Pra�a da Esta��o. Com o piso em concreto, com as fontes d’�gua desligadas e sem nenhuma �rvore, a regi�o era uma das mais quentes da capital. “Aqui � tudo aberto. N�o tem nada para nos proteger do sol. O piso deixa tudo pior”, afirmou a hoteleira Andrea Cristina Nunes, de 37.
