Luiz Ribeiro e Gustavo Werneck

Nem bem se recuperaram do longo per�odo de estiagem, munic�pios vivem os dramas de inunda��es, dos desabrigados e da destrui��o de casas. Em Itaverava, na Zona da Mata, fortes chuvas atingiram 70 fam�lias e agora as autoridades municipais contabilizam os preju�zos, depois de ser decretada situa��o de emerg�ncia. “Foi muito assustador. O calor estava forte demais e veio a tempestade, elevando o leito dos rios Vassouras e Santo Ant�nio em at� um metro de meio”, disse a secret�ria municipal de Assist�ncia Social, Maria Aparecida de Oliveira.
Segundo ela, a crise h�drica seguida de chuvas fortes mexeu com o “psicol�gico” dos moradores. “As pessoas ficam olhando o c�u sem saber o que vai acontecer. Est�o atentas”, diz a assistente social. A preocupa��o tem sentido. “As ruas ficaram cheias de lama e 280 pessoas necessitadas de lugar para ficar. Felizmente, tivemos apoio dos t�cnicos da Defesa Civil de Ouro Branco e do �rg�o estadual.”
Se n�o havia �gua em excesso, o Rio Vassouras hoje tem volume suficiente para garantir a capta��o da Copasa e o abastecimento da popula��o, de cerca de 5,8 mil habitantes. A secret�ria lembra ainda que o temporal veio quando as equipes da prefeitura faziam campanha nas escolas para evitar o desperd�cio de �gua. “N�o chegamos a ter racionamento aqui, mas a falta de �gua causou preocupa��o em todo o estado e seguimos as recomenda��es para reduzir o consumo”, afirma.
Ainda na Zona da Mata, na divisa com o Rio de Janeiro, o munic�pio de Matias Barbosa (13,4 mil habitantes) tamb�m viveu dias de desespero com as fortes chuvas no in�cio do ano, o que levou ao decreto de situa��o de emerg�ncia. Setenta e cinco fam�lias ficaram desalojadas. Nesta semana voltou a chover em Matias Barbosa, sem causar danos. A prefeitura comemora o retorno das chuvas, tendo em vista que elevaram o n�vel do Ribeir�o S�o Fidelis, onde � feita a capta��o para o abastecimento da cidade. O volume do manancial estava baixo, preocupando as autoridades locais. “Nossa cidade � sempre monitorada, pois temos muitas �reas de risco”, explica o secret�rio municipal de Administra��o, En�as Moraes.
CRIAN�AS SEM AULAS
No Norte de Minas, uma das maiores surpresas ocorreu em Janu�ria, j� que, em meio aos efeitos de uma das piores secas da hist�ria da regi�o, os moradores tiveram preju�zos com um forte temporal que atingiu a cidade no meio da semana passada. Em um intervalo de pouco mais de 12 horas, entre a noite de quarta-feira e a manh� de quinta-feira, ca�ram 148 mil�metros. Ruas e casas foram inundadas em quatro bairros da cidade, deixando 20 fam�lias desalojadas e outra desabrigada.
Na regi�o, o sol escaldante do “veranico” de janeiro havia destruido praticamente 100% das lavouras de milho e feij�o e provocou o secamento de pequenos rios e c�rregos. As consequ�ncias da chuvarada tamb�m foram ruins na zona rural de Janu�ria, onde fam�lias de pequenos produtores, depois de ter as planta��es destru�das pelo sol forte, ficaram isoladas, j� que os temporais danificaram as estradas de terra. Segundo a prefeitura, na quinta e na sexta-feira, pelo menos 150 crian�as das localidades rurais ficaram sem estudar, pois os ve�culos do transporte escolar n�o tiveram como romper os estragos nas estradas vicinais. Nos mesmos dias, escolas situadas nos bairros inundados na cidade tamb�m n�o tiveram aulas.

Sem bona�a ap�s tempestade
No Norte de Minas, na localidade de Santos Reis, pr�ximo ao distrito de Catuni, na zona rural de Francisco S�, uma tempestade na semana passada, acompanhada de granizo e vento forte, derrubou �rvores e destelhou oito casas. A moradia do agricultor Sinvaldo Dur�es, de 69 anos, ficou praticamente destru�da, com paredes derrubadas. “Durante toda a minha vida, nunca vivi uma situa��o assim”, disse ele.
Mesmo assim, o agricultor agradeceu aos c�us. “A gente teve preju�zos. Mas temos que agradecer a Deus, pois estamos precisando de muita chuva”, afirmou Dur�es. Nos �ltimos meses, os moradores de Santos Reis foram castigados pela seca impiedosa, que destruiu lavouras e secou rios e c�rregos.
O temporal contribuiu para aumentar a vaz�o do Rio Gorutuba, que nasce perto de Santos Reis. Como mostrou reportagem do Estado de Minas, at� a semana passada, em fun��o da estiagem prolongada, o Gorutuba se resumia a um filete na altura de Catuni. No mesmo rio, a 120 quil�metros da sua nascente, no munic�pio de Jana�ba, est� a Barragem do Bico da Pedra, que abastece Jana�ba e Nova Porteirinha e fornece �gua para os 345 produtores do projeto de irriga��o do Gorutuba. Por causa da seca, a barragem teve o n�vel reduzido, ficando com 20% da sua capacidade.
Desde meados de janeiro, Francisco S� – de 23,4 mil habitantes – est� em situa��o da calamidade p�blica por causa da escassez de �gua. A barragem do Rio S�o Domingos, que abastece a cidade, baixou muito. Com isso, os moradores passaram a conviver com o racionamento, recebendo �gua em casa de forma alternada – dia sim, dia n�o. Praticamente toda a popula��o da zona rural do munic�pio (em torno de 7 mil fam�lias) est� sendo abastecida por caminh�es-pipas.
Segundo o prefeito Den�lson Silveira (PC do B), as precipita��es pouco contribu�ram para o aumentar o volume da Barragem de S�o Domingos, que est� com pouco mais de 10% de sua capacidade. Por isso, o racionamento continua. “Ainda vamos precisar de muita chuva para amenizar o problema da falta de �gua. � reciso que as pessoas tenham consci�ncia e economizem �gua.” (LR)
