
Nascido como um movimento de ocupa��o do espa�o p�blico, com os mesmos jovens politizados que foram �s ruas protestar contra o aumento das passagens de �nibus, os blocos de rua de BH e seus organizadores se preocupam com o lado l�dico do carnaval da cidade, mas desde que haja respeito garantido a todos. “Com o aumento de foli�es vindos de fora, estamos com o radar ligado. Ser� que esse pessoal est� vindo para BH com a mesma energia boa de respeitar o bem maior, que s�o as pessoas participando da festa?”, questiona Renata. Segundo a produtora, a galera mineira � mais comedida, at� pelo fato de o carnaval de BH ser em ritmo de matin�, devido ao hor�rio imposto pela administra��o municipal.
No �ltimo fim de semana, tornou-se assunto dos mais comentados na internet a enquete feita por um site de Salvador, na Bahia, na qual se perguntava se “o beijo for�ado no carnaval deve ser proibido”. A obviedade da proibi��o do gesto se tornou alvo de cr�ticas dos jovens em todo o pa�s. “Est� incutido culturalmente que o carnaval � um momento de colocar as fantasias para fora e de se permitir um pouco mais. N�o h� problema algum nisso. Vamos beijar muito, mas com consentimento do outro. Em 2015, � totalmente descabido at� conceber a ideia do beijo for�ado”, frisa Renata.
No Tchanzinho da Zona Norte, os integrantes do bloco combinaram entre si, durante os ensaios, que haver� “esculacho” p�blico para foli�es com comportamentos inadequados, como atitudes homof�bicas. “N�o sei se as campanhas deram certo, mas n�o tivemos qualquer problema nos ensaios”, diz o m�sico Rodrigo Heringer Costa, regente do bloco, que n�o chegou a fazer uso da t�tica de ridicularizar o foli�o que destoasse do restante. Ao tratar da festa, em vez de usar o artigo masculino ou feminino, o “x” deixa claro que a folia inclui o p�blico LGBT. “S� vamos saber no dia o que vai acontecer. O ideal � que nosso carnaval mais politizado aumente de tamanho e que essa quest�o ajude a politizar mais jovens de outros lugares de Minas e do Brasil”, completa Rodrigo.
No Ent�o, Brilha!, o regente e coordenador Cristiano Di Souza, de 25 anos, faz um �nico pedido: “Vou exigir responsabilidade prazerosa e que n�o se exclua ningu�m da festa. Todo mundo tem direito de participar”. Segundo ele, o bloco nascido no baixo Centro, na Rua Guaicurus, sequer tem cord�o de isolamento. “Nosso cord�o � o do amor. Temos um grupo de pessoas de bra�os dados que se oferece para proteger a bateria. Do meu ponto de vista, � representativo da forma como o bloco foi constitu�do, como uma constru��o coletiva. Acredito que as pessoas que est�o vindo de fora v�o entender a energia da nossa festa, que tem como lema o brilho”, diz. (SK)