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Estado de Minas

MP tenta descobrir origem de imagem sacra do s�culo 18 devolvida espontaneamente

Imagem de madeira de Nossa Senhora do Ros�rio � entregue ao Minist�rio P�blico, que procura saber agora de qual igreja de Minas Gerais ela foi retirada h� d�cadas


postado em 05/03/2015 06:00 / atualizado em 05/03/2015 06:47

Imagem de madeira de Nossa Senhora do Rosário, do século 18, é entregue ao Ministério Público, que procura saber agora de qual igreja de Minas Gerais ela foi retirada há décadas(foto: EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS)
Imagem de madeira de Nossa Senhora do Ros�rio, do s�culo 18, � entregue ao Minist�rio P�blico, que procura saber agora de qual igreja de Minas Gerais ela foi retirada h� d�cadas (foto: EULER J�NIOR/EM/D.A PRESS)
H� quase 12 anos envolvido na grande campanha de resgate dos bens culturais do estado, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (MPMG/CPPC), est� �s voltas desta vez com um mist�rio. Trata-se do recebimento, por devolu��o espont�nea, de imagem de Nossa Senhora do Ros�rio, pe�a do s�culo 18 de madeira policromada. Conforme primeira avalia��o de historiadores da institui��o, a obra pertence a uma igreja mineira. “Nossa miss�o agora � identificar a proced�ncia da imagem. J� temos tr�s pistas na investiga��o”, afirma o coordenador do CPPC, promotor de Justi�a Marcos Paulo de Souza Miranda.

A entrega do objeto sacro, divulgada ontem, ocorreu em 10 de fevereiro, depois que uma pessoa ligou para o CPPC “dizendo que tinha uma coisa para entregar”, conta Marcos Paulo. Foi ent�o que compareceu � sede da institui��o, no Bairro Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul da capital, um homem levando a escultura enrolada em jornais antigos. Sem dispor de muitos dados, ele se limitou a informar que a imagem estava com a sua fam�lia havia mais de 30 anos e queria devolv�-la, “pois todos estavam incomodados e achavam que a pe�a deveria voltar � comunidade de origem”, diz Marcos Paulo.

“A decis�o da fam�lia foi tomada, segundo o homem, depois da publica��o da reportagem no Estado de Minas, em 22/11/2014, sobre a devolu��o ao CPPC, por duas pessoas, de oito pe�as que pertenceram � Igreja de Nossa Senhora da Concei��o, erguida na segunda metade do s�culo 18 e hoje em ru�nas na Fazenda da Jaguara, ou Jagoara, em Matozinhos, na Grande BH. O templo tem a arte de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), cujo bicenten�rio de morte era lembrado naquele m�s. “Ao que tudo indica, a imagem de Nossa Senhora do Ros�rio ficou embrulhada e guardada por mais de duas d�cadas no jornal, que � uma edi��o do EM da d�cada de 1990”, revela o promotor de Justi�a.

Pelas formas e demais caracter�sticas da escultura de 55 cent�metros de altura, 32cm de largura e 20cm de profundidade, ela pode ter pertencido a templos cat�licos de Sete Lagoas e Curvelo, na Regi�o Central, ou Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. “Uma das possibilidades � de que seja da Capela de Nossa Senhora do Ros�rio, do distrito de Tom�s Ant�nio Gonzaga, em Curvelo. J� fizemos contato com o padre de l�. Nesse momento, � fundamental a participa��o da comunidade, principalmente dos mais antigos moradores, que podem ter alguma fotografia, se lembrar de celebra��es, enfim, ter essa mem�ria ”, orienta Marcos Paulo. De acordo com o Departamento de Cultura e Patrim�nio da Prefeitura de Curvelo, a capela do distrito � do in�cio do s�culo 18, tem tombamento municipal e passa por vistorias peri�dicas.

Promotor Marcos Paulo de Souza Miranda diz que a escultura de 55cm está infestada de cupins(foto: EULER JÚNIOR/EM/%u20A2D.A PRESS)
Promotor Marcos Paulo de Souza Miranda diz que a escultura de 55cm est� infestada de cupins (foto: EULER J�NIOR/EM/%u20A2D.A PRESS)

NOVO TEMPO
Com certeza, acrescenta o promotor de Justi�a, a escultura saiu do altar de uma igreja, pois traz na base um cravo que a prendia � peanha (pedestal de madeira). “Temos um mist�rio a desvendar”, ressalta. A imagem j� passou por um processo de higieniza��o e a pr�xima etapa ser� encaminh�-la para diagn�stico ao Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais M�veis da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (Cecor/EBA/UFMG). Os testes dever�o identificar o tipo de madeira, que se assemelha ao cedro. T�o logo seja restaurada, a escultura ser� integrada ao patrim�nio cultural de Minas.

De grande beleza e obra de qualidade, segundo a equipe do CPPC, a imagem est� infestada de cupins. Para evitar maior degrada��o, partes como o rosto da santa, o bra�o do Menino Jesus segurando o globo e outras foram acondicionadas separadamente, assim como a coroa de metal, considerada “muito bem trabalhada”.

A devolu��o mostra um novo tempo na hist�ria do resgate de pe�as desaparecidas, ao longo de d�cadas, de igrejas, capelas, museus e outras institui��es de Minas. “Houve mudan�a na postura das pessoas. Em seis meses, tivemos tr�s devolu��es espont�neas”, afirma Marcos Paulo. A campanha em Minas deslanchou em julho/agosto de 2013, quando a Associa��o Cultural Comunit�ria de Santa Luzia, na Grande BH, ajuizou a��o para recuperar tr�s anjos pertencentes ao Santu�rio de Santa Luzia e que iriam a leil�o no Rio de Janeiro (RJ).

Com a decis�o judicial favor�vel, as esculturas do s�culo 18 retornaram ao estado e ficaram sob guarda do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG), podendo hoje ser admiradas na Matriz de Santa Luzia. Um dos principais efeitos dessa luta foi a cria��o de uma for�a-tarefa para cuidar especificamente dos bens desaparecidos e, na sequ�ncia, estabelecimento de uma pol�tica espec�fica para o setor. Minas Gerais j� perdeu mais de 60% do seu patrim�nio, devido a roubos, vendas ilegais etc. e, nos �ltimos anos, as autoridades conseguiram recuperar mais de 600 pe�as – muitas voltaram aos locais de origem e outras est�o guardadas em reservas t�cnicas.


Mem�ria
Pe�as devolvidas

 

(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS 21/11/14)
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS 21/11/14)
Em novembro, um colecionador, cujo nome n�o foi divulgado, levou � sede da Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC), em um caminh�o, quatro pe�as de ferro que ficavam na torre esquerda da Fazenda da Jaguara, em Matozinhos, na Grande BH – cruz, haste de sustenta��o com sete metros de comprimento, galo e esfera armilar, com o sinal do poder da Coroa portuguesa. J� em madeira, foram restitu�dos os dois �culos frontais (aberturas na parede para entrada de ar e luz).

Em seguida, outro colecionador, tamb�m de nome n�o divulgado, surpreendeu a equipe do CPPC ao entregar um conjunto de portas frontais, com duas bandeiras e duas partes superiores (sobrebandeiras), de madeira, e o conjunto de portas laterais. O ponto de partida para entrega das pe�as ocorreu em 20 de mar�o de 2014, quando o coordenador do CPPC, Marcos Paulo de Souza Miranda, publicou no EM o artigo “Jaguara: igreja m�e”. Os objetos devolvidos foram encaminhados pelo promotor de Justi�a ao Museu Mineiro, em Belo Horizonte.

 

SERVI�O

PARA DENUNCIAR    


Quem tiver informa��es sobre pe�as desaparecidas pode acionar os seguintes �rg�os

Minist�rio P�blico de Minas Gerais

» e-mail: [email protected] e telefone (31) 3250-4620. Pode tamb�m enviar correspond�ncia para Rua Timbiras, 2.941, Bairro Barro Preto, Belo Horizonte. CEP 30.140-062

Iphan

» Para obter ou dar informa��es, basta acessar o www.iphan.gov.br e verificar o banco de dados de pe�as desaparecidas. Den�ncias an�nimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482, pelo e-mail [email protected], ou no pr�prio banco online

Iepha/MG

» www.iepha.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813


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