Valquiria Lopes

Os dados mais recentes sobre o n�mero de usu�rios do WhatsApp, aplicativo para conversa��o em smartphones, mostram que a ferramenta digital se tornou uma febre mundial. S�o mais de 700 milh�es de usu�rios, de acordo com informa��es da empresa, divulgadas em janeiro. No Brasil, n�o h� n�meros recentes, mas em fevereiro de 2014 a estimativa era de 38 milh�es de brasileiros usando o aplicativo. E � medida que o WhatsApp vai ganhando adeptos, sua utiliza��o se amplia. Em Belo Horizonte, moradores de diversos bairros t�m lan�ado m�o da ferramenta para se proteger da viol�ncia.
Na Savassi, onde h� dois grupos que somam 160 comerciantes , al�m de outro espec�fico para 20 farm�cias, o uso do WhatsApp para repassar informa��es sobre crimes j� resultou em tr�s pris�es, queda de ocorr�ncias com uso de arma de fogo e 20% de redu��o dos crimes violentos. De acordo com o comandante da 4ª Cia – respons�vel pela �rea –, major Renato Salgado Cintra Gil, funcion�rios de ag�ncias banc�rias da regi�o tamb�m est�o criando um grupo para tentar coibir a a��o de bandidos, para reprimir os assaltos a clientes na porta dos estabelecimentos, a conhecida saidinha de banco. Ele explica que a administra��o do grupo de comerciantes fica a cargo da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), enquanto o de fam�cias � coordenado diretamente pela Pol�cia Militar. “O WhatsApp � uma ferramenta muito �til porque as informa��es chegam em tempo real. Muitas vezes, algu�m presencia um crime numa loja ou resid�ncia vizinha, ou mesmo na rua, e pode ajudar a pol�cia passando informa��es sobre os criminosos, como caracter�sticas do ve�culo em que estavam e tipo f�sico e quantidade de indiv�duos”, comenta.
No Bairro de Lourdes, a iniciativa partiu da associa��o de moradores. Os filiados � entidade j� trabalhavam com radiocomunicadores para atuar preventivamente na ocorr�ncia de crimes. “Atualmente, s�o 60 r�dios e existem 10 condom�nios na fila. A rede funciona muito bem e conta com participa��o da Pol�cia Militar. Agora, resolvemos implementar o servi�o com o grupo no WhatsApp, que, al�m de ser muito �til, vai servir para incluir os moradores que querem os r�dios, mas ainda aguardam pelos aparelhos”, disse Jeferson Rios. Ele conta que entre os di�logos trocados pelos membros do grupo rec�m-criado h� informa��es sobre carros parados na porta de casas, lojas e pr�dios, pessoas com atitude suspeita, entre outros. “A ideia � tentar se proteger da maior forma poss�vel”, diz o empres�rio R�mulo Cesar, dono de um bar em Lourdes e tamb�m integrante da rede, que j� conta com 100 contatos, incluindo a PM.
REUNI�O VIRTUAL A luta por seguran�a no Estoril tamb�m fez moradores se unirem no WhatsApp. A iniciativa � da advogada V�nia Maria Nonato Souza, de 45 anos, e j� re�ne 65 adeptos. “Minha casa j� foi assaltada quatro vezes. Somente no ano passado, foram duas ocorr�ncias. Tamb�m vi minha vizinha ter a casa invadida por bandidos tr�s vezes e h� um m�s um morador levou um tiro durante um assalto. O bairro j� tem a rede de vizinhos protegidos da PM, mas acho que a integra��o poderia melhorar com a cria��o do grupo no WhatsApp”, afirma V�nia. Sobre as vantagens da reuni�o virtual, ela explica: “O celular � um aparelho que todo mundo tem � m�o, o tempo todo. Al�m disso, a gente pode mandar s� o �udio. N�o precisa digitar se n�o tiver como, naquele momento”. Empolgada com a ferramenta, ela lembra um dos epis�dios de assalto em sua resid�ncia que poderia ter outro desfecho caso o grupo j� tivesse funcionando. “Eu estava voltando de viagem e recebi uma liga��o do servi�o de seguran�a dizendo que o alarme de casa tinha disparado. Liguei para a vizinha e ela disse que n�o tinha visto nada acontecendo e dispensei o seguran�a, que geralmente vai checar o que est� acontecendo. Em seguida, minha vizinha de frente ligou e disse que um homem estava saindo da minha casa com a televis�o. A pol�cia foi chamada, mas os assaltantes j� tinham fugido”, conta, lembrando ainda que, com a troca de informa��es na rede, v�rias pessoas poderiam ter ficado atentas sobre a movimenta��o dos bandidos na casa dela.
A vizinha de bairro e tamb�m integrante do grupo, a psic�loga Marisa Pereira de Filippo, de 54 , tamb�m est� satisfeita com a rede de monitoramento on-line. Sua entrada no grupo ocorreu depois que ela teve sua resid�ncia assaltada em 18 de dezembro. “Estava fazendo uma obra na minha casa e o port�o estava aberto. Eles aproveitaram esse momento para entrar e render a empregada. Levaram computadores, tablets, telefones e aparelhos de TV. Se j� fizesse parte da rede, talvez tivesse sido avisada pelos vizinhos para fechar o port�o”, disse a psic�loga. A vizinha Ros�ngela Aparecida Cunha Barbosa, de 54, outra participante do grupo, lembra de um caso parecido. “Um vizinho viajou e esqueceu o port�o aberto. Depois de v�rias mensagens trocadas entre moradores, conseguiram o n�mero do telefone e o avisaram para mandar algu�m fechar. Tudo ocorreu de forma muito r�pida e o problema foi solucionado”, contou.
No Buritis, o grupo de vizinhos � recente e re�ne, por enquanto, integrantes da associa��o de moradores do bairro. A diretora de eventos da entidade, F�tima Gottschalg, informa que a iniciativa ser� expandida, com inclus�o tamb�m de comerciantes e da popula��o em geral. “Criamos o grupo h� cerca de um m�s e funciona superbem porque as pessoas podem postar situa��es do dia a dia em tempo real”, disse.